65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
A CISTERNA DE PLACA COMO TECNOLOGIA SOCIAL NO SEMIÁRIDO
Adriana Karla Tavares Batista Nunes Leal - Departamento de Educação a Distância – DEAD – IFPE, Recife/PE
Bianca Nogueira da Silva Souza - Departamento de Educação a Distância – DEAD – IFPE, Recife/PE
INTRODUÇÃO:
O semiárido brasileiro é uma ampla região do país, cujas peculiaridades fazem necessário o uso de uma ação adequada para manter o homem do campo no seu habitat, fornecendo a este uma convivência harmônica com o local aonde vive.
“O semiárido ocupa uma área de aproximadamente 980.000 km² e possui 12,2% da população brasileira. Com forte insolação, altas temperaturas e elevadas taxas de evapotranspiração, além de baixos e irregulares índices pluviométricos, o Semiárido brasileiro é uma região altamente vulnerável às secas.” (BARBOSA, 2009).
De acordo com Silva (2006), apesar das chuvas no semiárido brasileiro serem consideradas irregulares e escassas, a quantidade de água no período chuvoso, que pode chegar a 800 mm/anuais, é útil para abastecer as cisternas de placa de 16 mil litros durante o período chuvoso, suprindo água para beber e cozinhar durante aproximadamente os oito meses de estiagem para uma família com uma média de cinco pessoas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho almeja evidenciar os benefícios sociais do uso das cisternas de placa e a questão da sustentabilidade ambiental relacionada à coleta e armazenamento da água das chuvas no semiárido.
MÉTODOS:
O trabalho atual teve como estratégia de pesquisa o estudo das cisternas de placa utilizadas no semiárido brasileiro como tecnologia social capaz de solucionar a problemática da escassez de água para o homem e mulher da região, procurando evidenciar fenômenos reais e atuais, uma vez que presenciamos no momento uma das mais graves estiagens do histórico de secas do semiárido.
Os dados coletados foram qualitativos e obtidos através de material documentado nas redes públicas federativas que atuam na construção de cisternas de placa no semiárido brasileiro e em livros, cartilhas, folhetos, teses e artigos concernentes à temática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O semiárido brasileiro é uma vasta região, que apesar possuir algumas condições ambientais adversas, é a mais chuvosa se comparada com outros semiáridos do planeta, desta forma a captação de água através de cisternas de placa garantem água potável e de quantidade suficiente ao homem e mulher do semiárido no período das esperadas estiagens, além de dessedentação de animais de pequeno porte e cultivo de agricultura de subsistência, caso sejam viabilizadas políticas públicas adequadas ao manejo da região, o que ainda é uma realidade que está em andamento na atualidade. “A captação da água de chuva e uma das formas mais simples, viáveis e baratas para se viver bem na região” (MALVEZZI, 2007).
Em se tratando de uma tecnologia social, a comunidade local é totalmente inserida no processo de construção e uso das cisternas de placa, que proporcionam um fortalecimento comunitário local capaz de buscar políticas públicas adequadas para região, sendo a participação popular um dos requisitos da tecnologia social, segundo ITS (2004).
CONCLUSÕES:
A região semiárida do Brasil padeceu durante décadas com políticas públicas inadequadas, importadas de outras localidades e assistencialistas, visando apenas a socorrer com caráter emergencial o homem do campo. Um dos instrumentos que tem alterado esta realidade é a implementação das cisternas de placa no semiárido, trazendo à tona a aplicação da tecnologia social, tendo a comunidade local como principal ator do processo.
O uso de cisternas de placa no semiárido como tecnologia social é justificado por diversas razões na região, pois é eficaz no armazenamento da água para o suprimento humano e de animais de pequeno porte e para agricultura familiar durante a estiagem, sendo um instrumento de desenvolvimento sustentável para o semiárido que busca compreender e aceitar o processo da natureza com a convivência harmônica com o habitat natural, valorizando o saber local, o desenvolvimento econômico e aumentando a autoestima do homem e mulher da região, através do suprimento de água nas épocas da seca e proporcionando o crescimento das atividades agropecuárias do pequeno produtor tanto para consumo familiar, quanto para possível comercialização.
Palavras-chave: Mobilização social, Desenvolvimento sustentável, Políticas públicas.