65ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica

Composição florística de um trecho de Floresta Aluvial do Rio Guaporé, divisa Brasil-Bolívia, município de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso.

Gilmar Alves Lima Júnior - Prof. Depto. de Ensino do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), Câmpus Ji-Paraná Laylla Galdino dos Santos - Discente do Curso Técnico em Florestas do IFRO, Câmpus Ji-Paraná Julio Henrique Germano de Souza - Discente do Curso Técnico em Florestas do IFRO, Câmpus Ji-Paraná Renato Adam Júnior - Biólogo, Consultor Ambiental Marlon Eduardo Dias Alves - Biólogo, Consultor Ambiental

INTRODUÇÃO:

As florestas aluviais são ambientes seletivos onde a comunidade biótica está em constante instabilidade. Estas florestas estão entre as mais ameaçadas, pois são sistemas complexos e frágeis ao impacto antrópico. As florestas aluviais são essenciais na manutenção dos recursos hídricos, proteção de cursos de água em geral, além de servirem como corredores ecológicos e habitat para a flora e a fauna (NUNES et al. 2007) Sabendo que é grande a diversidade de espécies nessa área e que as florestas aluviais são essenciais na manutenção dos recursos hídricos, a preservação dessa vegetação é também essencial para os cursos hídricos e lençóis freáticos dessa região. É a parte da floresta que sofre os efeitos de inundações, tendo, portanto, a composição de espécies dependente das variações das vazões nos rios e igarapés, ao longo do tempo. Ainda são pouco difundidas as informações disponíveis a respeito da composição florística das florestas aluviais, por isso é necessário para maior entendimento das variações florísticas de florestas inundáveis, destacando o estado de Mato Grosso por ter grande parte da vegetação do tipo aluvial, como as planícies alagáveis dos rios Paraguai, Araguaia e Guaporé.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Objetivou-se: a) Estudar a composição florística e riqueza de espécies das áreas amostradas, indicando os grupos característicos para cada tipologia e descrição dos seus habitats; b) Discutir a conservação da flora estudada.

MÉTODOS:

O estudo foi realizado na Fazenda Pirarara (Pousada Paço das Onças), localizada no município de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT). O enfoque das coletas foram áreas destacadas pelo zoneamento ecológico-ambiental do Mato Grosso (SEPLAN 2001), onde foram localizadas mais a oeste da Depressão do Guaporé, a ocorrência de plintossolos em ambientes mais úmidos e rebaixados, onde estão distribuídos os campos de murunduns e na depressão, onde destacam a presença de extensas planícies e terraços fluviais, onde ocorrem os solos gleizados e aluviais. Foram amostradas oito parcelas de 25m2 cada, totalizando 0,5 hectare. A distribuição das parcelas e dos transectos foi de acordo com um gradiente pedológico-topográfico, demarcados na direção de áreas mais baixas, sujeitas ao alagamento até áreas mais altas no gradiente. Foi elaborada a listagem florística, com todos os indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) ≥ 4,7 cm. As parcelas foram demarcadas perpendicular ao canal principal do rio no comprimento acima citado ou até o contato com outra fitofisionomia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Neste estudo foram relacionados 845 indivíduos pertencentes a 107 espécies, distribuídas em 63 gêneros e 30 famílias botânicas. A riqueza de espécies amostrada para uma área de 5000m2 pode ser considerada elevada, justificada principalmente pela localização da área de estudo numa transição dos Biomas Cerrado e Floresta Amazônica. As espécies mais abundates foram Protium sagotianum (68 ind.), Eschweilera ovalifolia (49 ind.), Myrcia splendens (45 ind.), Naucleopsis ternstroemiiflora e Hirtella gracilipes com 41 indivíduos cada. Os gêneros mais abundantes foram Myrcia (50 ind.), seguido de Mouriri (44 ind.). As famílias que se destacaram em número de indivíduos foram Moraceae (92 ind.) indivíduos, Myrtaceae (76 ind.), Burseraceae (69 ind.) e Chrysobalanaceae com 66 indivíduos. Foram encontradas 174 indivíduos mortos. A flora apresenta elementos de Floresta OMbrófila, devido a proximidade com a Floresta Amazônica e dispersão dos diásporos através da água dos rios e córregos. Muitas das espécies encontradas tem uso medicinal como a Licania pallida, na maioria uso alimentício como Hirtella gracilipes e a copaíba que produz um exsudado bastante comercializado, as espécies de floresta aluvial são distintas e há diferentes usos.

CONCLUSÕES:

O número de espécies arbóreas (107 spp.) é elevado, quando considera-se uma amostra de 0,5 hectare. A lista de espécies apresenta as espécies mais próximas do Bioma Amazônia, do que Cerrado. Os resultados produzidos são importantes para o conhecimento da vegetação nativa da área ao extremo oeste do país, divisa com o Parque Nacional Kempff Mercado, localizado às margens do Rio Guaporé, já no lado boliviano. O trabalho faz parte do núcleo de pesquisas botânicas na região entre Mato Grosso e Rondônia e apresentou contribuições relevantes na formação de recursos humanos para desenvolvimento de pesquisas na região.

Palavras-chave: Vila Bela, Mata de várzea, Composição da flora.