65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A EXPERIMENTAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA. PROPOSTA DE UMA DISCIPLINA EXPERIMENTAL DE UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS.
Aline Firminio Sampaio - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências – Universidade de Brasília (UnB)
Jeane Cristina Gomes Rotta - Profa. Dra./Orientadora – Faculdade UnB Planaltina (FUP/UnB)
INTRODUÇÃO:
Apesar de haver um consenso entre pesquisadores e professores de ciências naturais em relação à importância da experimentação para o processo de ensino-aprendizagem, observa-se que muitos professores da área possuem uma visão empirista da experimentação, na qual é enfatizado o caráter de comprovação ou verificação de teorias (JESUS et al., 2011), o que pouco contribui na aprendizagem dos estudantes (GALIAZZI E GONÇALVES, 2004; GIORDAN, 1999).
Segundo Porto et al. (2011), é importante que os cursos de formação de professores explorem diferentes abordagens experimentais nas aulas de Ciências. Outro ponto a salientar que a falta de um espaço específico, como os laboratórios tradicionais, não podem ser encarados pelos professores como limitante para a realização de atividades experimentais (BORGES, 2002; GIOPPO et al. 1998). Nesse sentido, a disciplina optativa Experimentos de Química para o Ensino Médio, ofertada aos licenciandos em Ciências Naturais da Faculdade UnB Planaltina, tem por objetivo apresentar ao licenciando como desenvolver práticas experimentais que possam ser utilizadas em sala, numa abordagem dialógica e problematizadora.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O seguinte trabalho teve por objetivo verificar como uma disciplina optativa ofertada anualmente pode impactar nas mudanças de concepções de licenciandos em Ciências Naturais sobre as práticas experimentais desenvolvidas no ambiente escolar. Além de demonstrar que vários experimentos podem ser realizados nas aulas para introduzir os conteúdos de Ciências.
MÉTODOS:
A pesquisa contou com vinte e cinco licenciandos matriculados na disciplina citada. O plano de ensino da disciplina prevê trinta e quatro aulas que podem ser: expositivas dialógicas, orientações individuais e em grupo, leitura de artigos científicos, elaboração de roteiros e práticas experimentais, além da apresentação de um portfólio final com o material trabalhado em aula.
Na primeira aula, a professora regente questionou os estudantes sobre o papel da experimentação no ensino de ciências, para verificar suas concepções prévias e, posteriormente confrontrou-se as concepções inadequadas apresentadas. Nas duas aulas seguintes a professora regente apresentou dois experimentos em uma abordagem baseada na resolução de problemas que enfatiza o levantamento de hipóteses para explicar os fenômenos observados. Nessa abordagem, os conteúdos científicos são inseridos para refutar ou confirmar a hipótese apresentadas.
Nos encontros seguintes os licenciandos apresentavam experimentos com roteiros diferenciados dos tradicionalmente usados nas aulas de laboratório, simulando uma aula voltada à educação básica. Ao final das aulas os artigos científicos eram discutidos. No final do curso os licenciandos foram novamente questionados a respeito de suas concepções sobre a experimentação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quando questionados sobre o papel da experimentação, 90% da turma apresentou concepções inadequadas ao relatarem que o experimento deve ser desenvolvido apos uma aula expositiva, para auxiliar na fixação e memorização dos conteúdos. Além de comprovar a teoria e que há necessidade de um laboratório para realizar essas atividades Debateu-se que as atividades experimentais demonstram os fenômenos naturais, podendo confirmar ou refutar as teorias e são relevantes quando vinculadas a uma metodologia que discute e analisa o conteúdo estudado (GIOPPO et al., 1998).
Nas apresentações dos experimentos, observou-se que 60% dos estudantes, apresentaram seus experimentos após uma aula expositiva teórica, como comprovação da teoria. Apesar das discussões e orientações prévias, os licenciandos durante as apresentações, demonstravam ansiedade em alcançar às respostas, não permitindo muitas vezes, a formulação de hipóteses pela turma. Apesar dessas abordagens inadequadas, ao final da disciplina, 50% dos alunos modificaram suas concepções iniciais, consideradas equivocadas, ao relatarem que a experimentação pode ser realizada em sala com experimentos simples, dinamiza as aulas favorecendo os processos de ensino-aprendizagem, além de possibilitar a inserção e discussão dos conteúdos científicos.
CONCLUSÕES:
Apesar do consenso da importância da experimentação como ferramenta pedagógica para melhorar o processo de ensino e aprendizagem de Ciências, é importante que esse recurso didático seja abordado para favorecer uma aprendizagem significativa e que seja explorada para além do modelo de roteiros e laboratórios tradicionais.
A análise dos dados mostrou que os licenciandos relutam em realizar experimentos em uma abordagem diferenciadas das tradicionais. No entanto, observou-se mudanças nas concepções iniciais dos estudantes ao final do curso, pois esses relataram que a disciplina "abriu as suas cabeças" para enxergarem que materiais recicláveis e de baixo custo torna os experimentos financeira e operacionalmente mais acessíveis à realidade de nossas escolas, que o portfólio pode ser um recurso didático utilizado nas aulas durante as regências e que o experimento ajuda a introduzir a teoria.
Assim, concluímos que essa disciplina pode ser uma alternativa para que o curso de licenciatura aborde as várias potencialidades das atividades práticas, viabilizando a reflexão crítica sobre a sobre a viabilidade e algumas potencialidades da experimentação enquanto estratégia de ensino e aprendizagem no ensino de ciências.
Palavras-chave: Experimentação, Ensino de Ciências, Formação de Professores.