65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DA SÍLICA GEL RECUPERADA COMO FASE ESTACIONÁRIA NO PROCESSO DE SEPARAÇÃO DOS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO LCC.
Juciely Carvalho Maia - Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFPI
Francisco Samuel da Cunha Lima Batista - Departamento de Química – UFPI
Juliana de Sousa Figuerêdo - Departamento de Química – UFPI
Maria Alexsandra de Sousa Rios - Profa. Dra. / Orientadora – Departamento de Química – UFPI
INTRODUÇÃO:
A Química Verde apresenta grande potencial no desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos que visam minimizar o impacto ambiental, com seus princípios e fundamentos pautados na sustentabilidade, priorizando a atividade química ambientalmente correta. Assim, deve-se atentar aos adsorventes utilizados na purificação e separação de substâncias químicas, com destaque à sílica gel, que apresenta posição de destaque em procedimentos das áreas de produtos naturais, química orgânica e correlatas.
O referido resíduo, proveniente das técnicas de separação por cromatografia, demanda a necessidade por um tratamento que vise à reutilização desse adsorvente de forma a reduzir seu descarte no meio ambiente, e promova também a economia desse material de alto custo. Nesse contexto, algumas técnicas para a recuperação da sílica foram propostas pela literatura na tentativa de sanar tal problemática. Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar uma técnica alternativa de recuperação de sílica gel utilizada em cromatografia de coluna que seja: eficiente nos processos de separação dos constituintes majoritários do Líquido da Casca da Castanha de caju (LCC); econômica e que propicie a redução da geração dos resíduos sólidos e consequentemente, atenda aos princípios da química verde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Propor um método alternativo de recuperação da sílica gel 60 e avaliar sua potencialidade como fase estacionária no processo de separação dos constituintes majoritários do LCC técnico, cardanol e cardol, comparando sua eficiência com a sílica gel nova.
MÉTODOS:
No Laboratório do Grupo de Inovações Tecnológicas e Especialidades Químicas - UFPI, o adsorvente utilizado para separação do cardanol e cardol, é originalmente a Sílica Gel 60 (Merck) com granulometria entre 70 e 230 mesh (63 – 200 µm). No ensaio foram utilizadas 250 gramas de sílica gel residual proveniente dos processos de separação e purificação do referido laboratório de pesquisa, a qual foi submetida ao tratamento descrito a seguir:
Lavou-se a sílica com água destilada para remoção de material orgânico e solvente residual (1800 mL, 6 x 300 mL), posteriormente, adicionou-se hipoclorito de sódio, o qual permaneceu por 48h. Na sequência, lavou-se o material 4 vezes com água para remover o excesso de hipoclorito de sódio e adicionou-se permanganato de potássio, o qual permaneceu no material por 48h. Após esse período, retirou-se o permanganato de potássio lavando-se 10 vezes com água e acrescentou-se ácido oxálico, deixando-o por 72h. Submeteu-se a mistura a sucessivas lavagens até obtenção de pH entre 6 e 7. Na etapa final, a sílica recuperada foi submetida ao processo de secagem em estufa, T = 110 °C ± 10 °C. A sílica tratada foi utilizada para separação dos constituintes do LCC técnico em coluna cromatográfica. Os reagentes e solventes utilizados foram todos de grau analítico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A separação dos constituintes majoritários do LCC técnico (cardanol e cardol) utilizando-se sílica gel recuperada apresentou resultados comparáveis aos obtidos com procedimento similar, utilizando sílica gel nova.
O acompanhamento do processo de separação do cardanol e cardol via coluna cromatográfica, foi monitorado por Cromatografia em Camada Delgada (CCD), para verificação da potencialidade de adsorção da sílica gel recuperada. No referido processo, utilizou-se hexano e acetato de etila como eluentes, o que representou maior ganho ambiental, redução de gastos na etapa do procedimento experimental e minimização na geração e descarte de resíduos líquidos e sólidos, atendendo assim aos princípios da química verde.
Observou-se através de CCD que as alíquotas coletadas da coluna apresentaram o mesmo fator de retenção do padrão de cardanol. Diante disso, foi possível comprovar que a sílica gel recuperada com o tratamento proposto separou de forma eficaz os constituintes do LCC.
CONCLUSÕES:
Através dos resultados obtidos pôde-se constatar que a sílica gel recuperada com o tratamento proposto, proporcionou a eficaz separação dos constituintes do LCC por coluna cromatográfica. A reutilização da sílica de coluna é um procedimento viável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, uma vez que reduz custos dos grupos de pesquisa das universidades e minimiza os danos ambientais causados pelo uso excessivo e produção desse material. Além disso, a técnica aqui descrita é simples, de baixo custo, remove com eficiência as impurezas adsorvidas, apresenta resultados satisfatórios e está inserida nos princípios da química verde.
Palavras-chave: Sílica gel, Recuperação, LCC.