65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
Infecções fúngicas em transplantados de células tronco hematopoiéticas
Fernanda Almeida Andrade - Instituto de Ciências Biológicas - UFG
Maria do Rosário Rodrigues Silva - Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG
INTRODUÇÃO:
Os transplantados de medula óssea representam uma parcela significativa de pacientes que podem desenvolver infecções fúngicas invasivas (IFI). Os fatores de risco para estas infecções incluem a duração da neutropenia, o uso de glicocorticóides, o tipo de doador, doenças subjacentes, a idade do beneficiário e ainda a presença de tratamento do enxerto do hospedeiro contra doenças. Espécies de Candida, de Aspergillus, de Fusarium, além de fungos da ordem Mucorales são os principais fungos encontrados produzindo infecções invasivas. A determinação da suscetibilidade dos fungos in vitro se presta enormemente para a terapia adequada destas infecções, já que estes microrganismos são extremamente resistentes ao tratamento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar os principais fungos presentes em pacientes submetidos a transplante de células tronco hematopoiéticas e determinar a suscetibilidade in vitro, de isolados de fungos filamentosos do gênero Aspergillus ao fluconazol, itraconazol, anfotericina-B e voriconazol.
MÉTODOS:
O sangue coletado de117 pacientes transplantados provenientes do Hospital Araújo Jorge de Goiânia-Go, durante o período de 2008 a 2011 foi inoculado em ágar Sabouraud dextrose e ágar extrato de cérebro e coração (BHI) para isolamento do microrganismo. A identificação foi realizada através de microcultivo em lâmina para os fungos filamentosos e assimilação de hidratos de carbono, crescimento em ágar corn-meal e teste do tubo germinativo para as leveduras. Os fungos filamentosos do gênero Aspergillus foram submetidos à suscetibilidade in vitro para fluconazol, itraconazol, anfotericina-B, voriconazol utilizando-se o método de microdiluição em caldo com concentrações variando de 0,031 a 16 µg/mL para anfotericina B, itraconazol e voriconazol, e de 0,125 a 64 µg/mL para fluconazol.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que dos 117 pacientes estudados, 59,8% pertenciam ao gênero masculino com 38,4% na faixa etária entre 41 e 60 anos de idade. Destas amostras clínicas foram identificados 32 fungos, sendo 19 (16,2%) Aspergillus, 02 Fusarium sp (1,7%), 01 Acremonium sp (0,8%) e 10 (8,5%) leveduras do gênero Candida. O teste de suscetibilidade realizado para as espécies de Aspergillus mostrou em alguns casos CIM elevada para itraconazol, anfotericina B e fluconazol. Para voriconazol, todos os isolados apresentaram baixos valores de CIM. Voriconazol é um dos antifúngicos usados para terapia de aspergilose.
CONCLUSÕES:
1- Fungos dos gêneros Aspergillus e Candida foram os agentes predominantes no sangue de pacientes transplantados.
2- Os fungos do gênero Aspergillus apresentaram-se mais suscetíveis ao voriconazol que se mostra normalmente bastante eficaz para tratamento da aspergilose.
3- A emergência de fungos oportunistas detectada como agentes de infecções fúngicas invasivas mostra a importância deste trabalho, inclusive para controle, prevenção e terapia das micoses.
Palavras-chave: Suscetibilidade in vitro, Fungos filamentosos, Leveduras.