65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
CARACTERÍSTICA SANITÁRIA DAS ÁGUAS SERVIDAS ESCOADAS A CÉU ABERTO EM BAIRROS DE JUAZEIRO DO NORTE – CEARÁ
Ana Paula Bueno Zuza - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Joana Paula Menezes Gomes - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Maria Carolina da Silva Oliveira - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Iacy Maria Pereira de Castro - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Jefferson Queiroz Lima - Prof. Dr./Orientador - IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Yannice Tatiane da Costa Santos - Prof. Msc./Orientadora - IFCE- Campus Juazeiro do Norte
INTRODUÇÃO:
A precariedade dos serviços de saneamento atinge todas as regiões do país e é caracterizada pela inexistência de uma política de saneamento, principalmente para pequenas localidades. O município de Juazeiro do Norte localizado no extremo sul do Estado do Ceará, no chamado Vale do Cariri, possui uma área de 248,223 Km2 e apresenta 249.939 habitantes (IBGE, 2010). Com base em dados do IPECE (2009) apenas 38,63% do município é contemplado pelo esgotamento sanitário. De acordo com Castro (2012), dentro de 499 estabelecimentos estudados, 81% mostrou-se condicionado a direcionar apenas os efluentes sanitários para as fossas, as águas cinzas ou servidas são lançadas diretamente nas vias públicas. A precariedade do serviço de saneamento básico no município ocasiona danos à saúde pública sendo a maior responsável por disseminação de doenças de veiculação hídrica, potencializando a poluição do meio ambiente através da contaminação do solo e dos mananciais superficiais e subterrâneos devido à presença de vários patógenos e substâncias nocivas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O estudo visa caracterizar o resíduo que escoa a céu aberto nas ruas da cidade de Juazeiro do Norte - CE, quanto aos parâmetros físico e microbiológicos, tomando como parâmetros as análises de temperatura, pH, DBO , sólidos sedimentáveis, óleos e graxas, e contagem de ovos de helmintos.
MÉTODOS:
Com base em dados estatísticos do IBGE e informações da concessionária de saneamento local, puderam-se escolher os 21 bairros que sofreram um alto processo ocupacional desregular, onde provocou a falta de infraestrutura e de serviços básicos, tornando-os peça fundamental para a caracterização do esgoto circulante. Neles foram realizadas uma coleta de água servida (cinzas) em cada um, ponto esse onde o esgoto corre a céu aberto em canaletas (sarjetas) que ficam nas bordas das calçadas cortando ruas e terrenos baldios. As análises laboratoriais realizadas seguiram os métodos analíticos descritos por APHA et. al, (1998), utilizando as metodologias de verificação em: termômetro digital; visualização em cone de Imhoff por 1h; pHmetro de bancada; gravimétrico – extração em sohxlet; iodometria e digestão por refluxação fechada, para os parâmetros de Temperatura(ºC); Sólidos sedimentáveis; pH, óleos e graxas(mg/L); DBO5(mgO2/L), respectivamente. No que tange ao indicador microbiológico foi realizado a contagem de ovos de Ascaris lumbricoides (nº de ovos/L) a partir da metodologia de Bailenger (1979) modificado por Ayres e Mara (1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Buscando uma legislação para tomar como referência os valores encontrados nas análises laboratoriais do esgoto a céu aberto, considerou-se a legislação estadual Portaria SEMACE N ° 154 de 22 de julho de 2002, Artigo 4°. Os resultados demonstram que metade dos parâmetros analisados ficou acima dos padrões permitidos pela legislação, como é o caso dos sólidos sedimentáveis com média de 3,6mL/L, da DQO com média de 2556 mgO2/L, e óleos e graxas com média de 64,7mg/L, com limite permitido, de acordo com a legislação vigente, de 1mL/L; 200mg O2/L e 50mg/L respectivamente. No que diz respeito a quantificação de ovos de helmintos, não foi identificado a presença significativa dos ovos de Ascaris lumbricoides, apesar de que ovos de espécies tais como Enterobius vermicularis e Ancylostoma duodenale foram encontrados, porém não contabilizados por questões de padronização da metodologia.
CONCLUSÕES:
De acordo com a caracterização realizada, a qualidade sanitária verificada nas águas servidas dispostas nas sarjetas dos bairros em estudo está longe de ser ideal para tal exposição, uma vez que a maioria dos parâmetros encontrou-se acima dos padrões estabelecidos pela Portaria nº 154 da SEMACE. Lembrando que os teores de óleos e graxas e matéria orgânica (DBO e DQO) são potenciais acumuladores de sedimento e material graxo no fundo e nas paredes das canaletas das vias propiciando a formação de lodo e de abrigo para patógenos e colocando em risco os habitantes, principalmente crianças que se expõem com maior facilidade a esses ambientes. É necessária uma parceria da Companhia de saneamento local, que é responsável pela coleta de esgoto, juntamente com a Prefeitura do município, responsável pela captação de águas pluviais, criando alternativas de encaminhamento e disposição final dessas águas.
Palavras-chave: Esgoto, Águas Servidas, Patôgenos.