65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
A UTILIZAÇÃO DE AGROQUÍMICOS PELA AGRICULTURA FAMILIAR NA SUBBACIA DO RIACHO NATUBA, MUNICÍPIO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – PE, BRASIL.
Jonathas Gomes de Carvalho Marques - Tecnologia em Gestão Ambiental/IFPE
Rogéria Mendes do Nascimento - Profa. Msc. / Departamento Acadêmico de Ambiente, Saúde e Segurança -
Marília Regina Costa Castro Lyra - Profa. Dra./Departamento Acadêmico de Ambiente, Saúde e Segurança -
Renata Maria Caminha Mendes de Oliveira Carvalho - Profa. Dra./Departamento Acadêmico de Ambiente, Saúde e Segurança - IFPE
João Clodoberto da Silva - Bacharelado em Administração/SOPECE
Maria Regina de Macêdo Beltrão - Profa. Msc. /Coordenadora de Tecnologia em Gestão Ambiental - IFPE EaD
INTRODUÇÃO:
A contaminação por agrotóxicos vem sendo alvo de estudo cada vez maior por pesquisadores, especialmente por causa da influência negativa que esse produto fitossanitário vem causando no meio ambiente (águas, solo e ao próprio homem). Assim, Menezes (2006) comenta que a utilização de pesticidas tem possibilitado avanços significativos na agricultura e na área da saúde pública, como o aumento de produtividade e o auxílio no controle de vetores de pragas e doenças. Porém a prática desordenada destes agroquímicos tem levado a efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana. Peres e Moreira (2007) por sua vez observaram que vários estudos têm mostrado o desafio no enfrentamento dos problemas de saúde pública e de ordem ambiental com relação ao manejo de agrotóxicos na agricultura familiar, onde há a exposição de todo o núcleo da família aos efeitos nocivos desses contaminantes. Desse modo, foi realizado um estudo analisando o manejo dos agroquímicos em Natuba, município de Vitória de Santo Antão – PE, onde foi planejado e desenvolvido ações de educação ambiental objetivando a conscientização e consequentemente mudança de atitude dos produtores rurais em relação a uma produção de hortaliças sustentável, conservando assim, o ambiente e toda sociedade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo desse estudo foi caracterizar os agroquímicos utilizados pelos produtores de hortaliças em regime de economia familiar de Natuba, município de Vitória de Santo Antão, através de um diagnostico dos impactos ambientais, visando identificar se o processo dessa prática agrícola está de acordo com a Lei dos Agrotóxicos (Lei 7802/89).
MÉTODOS:
O presente estudo foi realizado na subbacia do Riacho do Natuba, município de Vitória de Santo Antão que é considerada o Cinturão Verde do estado de Pernambuco, e se valeu de um estudo teórico através de um levantamento bibliográfico, diagnóstico por meio de mapeamento e visitas de campo, registros fotográficos, realizando posteriormente uma abordagem direta, concebida por questionários, feita inicialmente a cerca de 20 produtores rurais. Entre os principais itens abordados e analisados destacamos: o gênero, a área de cultivo, tipo de agroquímico utilizado, tipo de cultura, tempo de uso (em anos) do agroquímico, renda mensal, tipo de produção, uso dos EPI’s (Equipamento de Proteção Ambiental), exposição ao agrotóxico, grau de escolaridade, além do descarte das embalagens vazias de agrotóxicos, gerando conhecimento do público-alvo. Portanto, a partir desses dados tornou-se possível inferir os impactos causados a este público e consequentemente foram levantados os temas abordados nos cursos de formação continuada para os produtores rurais e familiares.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após levantamento dos dados foram analisados os questionários percebendo-se que 90% dos produtores são do sexo masculino e contra apenas 10% do sexo feminino. Verificando-se que 10 % dos agricultores usa mais de 4 vezes ao mês, 50 % faz uso desse insumo de 3 a 4 vezes por mês, 20% utilizam 2 vezes ou seja quinzenalmente, enquanto o restante dos 20 % não utilizam esse insumo, identificando assim as quantidades excessivas de agrotóxicos utilizados na agricultura nesse local, fato que ratifica a falta de leitura as informações constantes na bula. Com relação a escolaridade, observou que 70% tem Ensino Fundamental Incompleto, 20% tem Ensino Médio Incompleto e 10% não tem escolaridade. Desse modo, correlacionou-se a falta de escolaridade com o manejo inadequado desse produto fitossanitário, pois segundo Oliveira-Silva et al (2001), o quadro de precariedade (uso inadequado das substâncias de alta toxicidade e falta de utilização dos EPI’s) é agravado pelo baixo nível socioeconômico e cultural da grande maioria desses trabalhadores.
CONCLUSÕES:
A utilização de agroquímicos praticado em Natuba está sendo realizada de maneira inadequada, resultando em uma agricultura insustentável. Isso se deve ao pequeno conhecimento desses produtores ao avanço das práticas agrícolas decorrentes ao desenvolvimento de modernas tecnologias para controle fitossanitário e fertilização alternativa na produção de hortaliças. Além ao baixo nível de escolaridade desses agricultores, comprovado pela aplicação dos questionários, e pela falta de conhecimento da Legislação pertinente, assim como são negligentes na compra, ao armazenamento na propriedade, ao uso dos EPI’s, e na destinação final das embalagens vazias. Diante do exposto constatou-se que o agricultor não faz utilização das recomendações e das orientações expostas na Legislação em vigor, Lei n. 7.802/89, acarretando em prejuízos para a saúde do consumidor, bem como sua própria saúde e ao meio ambiente como todo. Ainda foi percebido que muitos dos agroquímicos utilizados na produção não têm registro específico para ser utilizados em determinada cultura local e pelo fato da precariedade da assistência técnica em Natuba, o problema torna-se ainda maior, permitindo efeitos desastrosos ao ambiente e tornando a agricultura familiar de Natuba distante de ser uma prática sustentável.
Palavras-chave: Olericultura, Agrotóxicos, Manejo.