65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 3. Tecnologia de Alimentos
USO DO CALIFÓRNIA MASTITIS TEST (CMT) PARA MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE EM PROPRIEDADES DA COMUNIDADE DE ANGUÁ, MUNICÍPIO DE CAETITÉ-BA
Vandilson Pereira Junqueira - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi
Vanessa Fernandes Dias - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi
Gilson Pinto Matioli - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi
INTRODUÇÃO:
O Brasil é um dos principais países produtores de leite no mundo, e em 2010 obteve uma produção de 31.667.000t (toneladas), equivalente a 5,3% do total produzido no mundo (FAO, 2010). Pedrico et al (2009), destacaram que a adoção de novos processos higiênico-sanitários, favorece tanto a quantidade como a qualidade do leite.
A mastite, inflamação da glândula mamária causada por bactérias do gênero Staphylococcus spp., se destaca como a principal responsável por prejuízos econômicos ocasionados aos pecuaristas mundiais (FREITAS et al., 2005). É dividida em clínica e subclínica. A clínica apresenta sinais visíveis como edema, pus, aumento da temperatura e inchaço da glândula mamária (FONSECA & SANTOS, 2000), e a mastite subclínica, estudada por Brito (2009), precisa-se de testes para detectá-la, gerando aumento da flora microbiana no leite.
Células somáticas são constituídas principalmente por células de descamação do epitélio secretor mamário, e células de defesa do organismo, os leucócitos, originados do sangue (RIBEIRO, 2003).
O teste Califórnia Mastitis Test (CMT) é utilizado em nível de campo, para a detecção da mastite subclínica (TRONCO, 2008). A análise dos resultados fundamenta no grau de gelatinização da mistura (FONSECA & SANTOS, 2000).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Com os prejuízos causados pela mastite na qualidade físico-química do leite e derivados, o desenvolvimento deste trabalho teve como objetivo principal verificar a qualidade do leite de rebanhos na comunidade de Anguá, Município de Caetité-BA, usando o Califórnia Mastites Test (CMT), visando a melhoria da qualidade do leite na região.
MÉTODOS:
O Califórnia Mastitis Test (CMT) foi realizado em 31 vacas, totalizando 124 quartos mamários, com período de lactação variando de 45 a 390 dias pós-parto, com bezerro ao pé e ordenha manual, entre janeiro a março de 2013, em cinco propriedades rurais do Anguá, no município de Caetité-Ba, em cada rebanho foram realizados 3 vezes o teste de CMT.
Inicialmente as vacas foram direcionadas ao curral, onde foram contidas e postas em descanso. Após o descanso, lavou-se os tetos com água e realizou o pré- dipping, onde foi utilizada solução clorada de 1100 mg/L de cloro ativo (CANI & FRANGILO, 2008). Depois os tetos foram secos com papel toalha.
Após o processo de higienização os animais foram submetidos ao Califórnia Mastitis Test (CMT), usou-se um reagente CMT em partes iguais de leite e reagente, cerca de 2 (duas) ml, em bandeja apropriada (raquetes) (FONSECA & SANTOS, 2000), efetuando a análise dos resultados de cada animal. Esse teste foi realizado de 15 em 15 dias nos rebanhos (CANI & FRANGILO, 2008).
Segundo Rosa et. al. (2009) em ordenha com bezerro ao pé, não é comum a realização do pós-dipping, pois a saliva do bezerro reduz de riscos de mastite ambiental. Como nesse estudo, as vacas tinham bezerro ao pé, não houve a necessidade de realizar o pós-dipping.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas cinco propriedades estudadas, dentre as 31 vacas analisadas pelo CMT, do total de 124 quartos mamários, 2,4% (3 quartos mamários) apresentaram escores para mastite subclínica tipo “fraca”, 3,2% (4 quartos mamários) apresentaram “traços”e 94,4% (117 quartos mamários) “negativo”.
A contagem de células somáticas (CCS) apresentou escore “traços” está entre 150.000 a 500.000 CS/mL, ficando de acordo com a Instrução Normativa Nº51 de 2002, que permite até 400.000 CS/mL (BRASIL, 2004). Os animais que apresentaram mastite “fraca” estavam em final de lactação e o animal entrou no processo secagem.
A CCS nos animais negativos ficou abaixo do máximo permitido pela legislação.
A baixa incidência de mastite nos rebanhos pode ter ocorrido devido ao numero de animais em lactação e também a presença dos bezerros na ordenha, similar ao estudo de Brandão et al. (2008) e Oliveira et al. (2011), pois os bezerros contribui para a retirada do leite residual das glândulas mamárias.
Outro fator importante é o tipo de ordenha aplicado na propriedade, segundo Oliveira et. al. (2010) a significativa ocorrência de mastite nos rebanhos estudados deve-se a condições de manejo inadequadas, como o mau uso da ordenha mecânica, o que permite a proliferação e disseminação de microrganismos contagiosos.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos no experimento do projeto de extensão corroboram com alguns autores quanto ao manejo de ordenha usando bezerro ao pé, diminuindo significativamente casos de mastite e a verificação da eficácia desta grande ferramenta para o controle da mastite e consequentemente a qualidade do leite. O projeto de extensão conseguiu alcançar seu objetivo transferindo conhecimento a comunidade e possibilitando aos produtores obter um alimento de melhor qualidade microbiológica e físico-química; também aumentando seu volume de produção e agregando valor para venda, pois a maioria dos laticínios fazem seu pagamento por qualidade.
Palavras-chave: mastite, glândula mamária, ordenha.