65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
(IN)SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: DESENVOLVIMENTO DE UM INDICADOR DO PROBLEMA E EXPERIMENTAÇÃO EM FAMÍLIAS DA PARAÍBA
Thaíse Alves Bezerra - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública – UEPB
Márcia Cristina Sales - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - UFRN
Dixis Figueroa Pedraza - Prof. Dr./Orientador – Depto. de Enfermagem e Programa de Pós-Graduação em Saúde
INTRODUÇÃO:
Apesar dos esforços, não se conta, ainda, com métodos que possam dar conta de avaliar a (In)segurança Alimentar em toda a sua extensão. A importância do aperfeiçoamento dos métodos e indicadores para o monitoramento e a avaliação da situação desse fenômeno vem sendo reforçada por diferentes entidades como a Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas. No Brasil, a preocupação vem se fazendo presente em diferentes instâncias como as Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional. A caracterização do nível de Segurança Alimentar e Nutricional é útil para a focalização das políticas sociais. Avaliar situações de risco é fundamental para a tomada de decisão em relação à necessidade de intervir, para quem, em que local, de que forma. Trata-se, portanto, de uma tarefa estratégica para definir prioridades de intervenção e dos seus impactos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Propor e aplicar uma medida complementar dos níveis de (In)segurança Alimentar familiar medidos com a aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal, envolvendo 199 famílias com crianças menores de cinco anos, atendidas em creches do Estado da Paraíba. A Insegurança Alimentar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que serviu para analisar os níveis de severidade de Insegurança Alimentar. As famílias foram classificadas em três categorias: (a) Severidade de Insegurança Alimentar Grau I: 1 – 10 pontos; (b) Severidade de Insegurança Alimentar Grau II: 11 – 20 pontos; (c) Severidade de Insegurança Alimentar Grau III: 21 – 30. Foi estudada a associação dos níveis de severidade de Insegurança Alimentar e características biológicas das crianças, aleitamento materno e morbidade das crianças, antecedentes maternos e condições socioeconômicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nos domicílios com Insegurança Alimentar, 53,8% das crianças eram do sexo masculino e 63,8% tinham entre 37-60 meses. Em relação aos dados maternos, 8,5% tinham menos de 20 anos, 39,7% baixa estatura e 31,7% das entrevistadas referiram cuidados inadequados durante a gravidez. Foi verificado que 19,1% dos domicílios tinham menos de quatro cômodos e 29,1%, seis pessoas ou mais. A maioria das famílias (94,5%) tinha renda per capita inferior a ½ salário mínimo e 45,7% eram beneficiários do Programa Bolsa Família. Entre as famílias estudadas, 62,8% apresentaram severidade de Insegurança Alimentar grau I, enquanto que 19,6% e 17,6% foram classificadas nas categorias severidade de Insegurança Alimentar grau II e III, respectivamente. A chance de ocorrência de graus mais severos de Insegurança Alimentar foi maior entre as famílias cujas mães tinham baixa estatura, as mães com cuidado materno inadequado durante a gravidez e os beneficiários do Bolsa Família. A importância de avaliar a severidade de insegurança alimentar fundamenta-se na sua possibilidade de retratar de forma mais completa o risco ou temor sobre a continuidade do acesso aos alimentos, emitindo critério de desigualdade.
CONCLUSÕES:
A medição da severidade de insegurança alimentar possibilita identificar, entre os indivíduos com Insegurança Alimentar, aqueles que apresentam maior vulnerabilidade, o que contribui para o direcionamento das estratégias de intervenção considerando as iniquidades em saúde.
Palavras-chave: Insegurança Alimentar e Nutricional, Nível de Saúde, Condições Sociais.