65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
AS BOAS PRÁTICAS NA COLETA E ARMAZENAMENTO DO COCO E DO ÓLEO DE MURMURU (Astrocaryum farenae) EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS NO ESTADO DO ACRE.
Israel Silva de Souza - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
Nadma Farias Kunrath - Esp. - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
Alcides Loureiro Santos - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
INTRODUÇÃO:
Desde 2008, a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC, desenvolve um trabalho voltado para a produção de óleos vegetais de espécies nativas da Região do Vale do Juruá (Acre). Para tal implantou uma Usina de Extração de Óleos Vegetais (UEOV) na comunidade de Nova Cintra, no município de Rodrigues Alves. A principal espécie trabalhada foi o murmuru (Astrocaryum farenae), de onde se extrai um óleo de alto valor comercial, principalmente, na indústria de cosméticos. Contudo, foi identificado que a qualidade e o rendimento do óleo extraído na UEOV, não estavam apresentando as características físico-químicas e a produtividade desejadas. Para que estes fatores fossem alcançados, é necessário que o processo de beneficiamento dos cocos seja realizado de maneira adequada. Assim, para aperfeiçoar a capacidade de produção do óleo e garantir um produto que possua uma qualidade aceita pelo mercado, é importante identificar onde estão os pontos críticos, responsáveis pelas deficiências encontradas dentro da cadeia produtiva do óleo de murmuru.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo teve como objetivos identificar os gargalos existentes na cadeia produtiva do óleo de murmuru produzidos na UEOV de Nova Cintra, responsáveis pela baixa produção do produto e qualidade indesejada, além de propor boas práticas que possibilitem a melhoria da cadeia de produção desta oleaginosa.
MÉTODOS:
Inicialmente, foi feito uma rastreabilidade da cadeia produtiva do murmuru, e esta serviu de base para as futuras propostas técnicas para o aperfeiçoamento da mesma. Foram pesquisadas as etapas de coleta dos cocos na floresta, condições de armazenamento, tempo entre a coleta e a secagem natural, quebra dos cocos, secagem das amêndoas, extração do óleo e o seu armazenamento. A partir do resultado da rastreabilidade, a equipe da Divisão de Tecnologia de Energia de Fontes Renováveis – DITER elaborou uma Cartilha Educativa, contendo as boas práticas a serem seguidas dentro da cadeia produtiva do murmuru, que foi distribuída para todos os trabalhadores envolvidos, seja nas etapas realizadas na floresta, seja naquelas realizadas na Usina de Extração. Além disso, foi realizada uma capacitação para os funcionários da UEOV. A qualidade do óleo de murmuru produzido foi verificada a partir de análises físico-químicas, executadas no Laboratório de Análises de Biocombustíveis e Óleos Vegetais da DITER
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A rastreabilidade apontou que o principal ponto crítico estava na coleta do coco. Os frutos não eram coletados na época correta e ficavam sobre o solo úmido por vários meses, implicando na proliferação de insetos que perfuravam os cocos para se alimentar das amêndoas, o que consequentemente causava o apodrecimento das mesmas. Outro ponto identificado foi a forma como os frutos e as amêndoas eram armazenados, visto que estes ficavam expostos ao ambiente durante um longo período. Devido a isto a proporção de cocos estragados era de quase 50 % em relação ao total. Além disso, destaca-se o armazenamento do óleo, pois o mesmo ficava acondicionado em locais e recipientes inadequados. Após a distribuição da cartilha e a realização de capacitação, foi observado que a proporção de cocos estragados reduziu para 10 %, representando um aumento na produção de óleo. Outro ponto positivo foi com relação à qualidade do óleo, pois anteriormente alguns lotes apresentavam índices de acidez (IA) próximos a 5,0 mg de KOH/g de óleo, já após as boas práticas, os novos lotes apresentaram IA de 0,7 mg de KOH/g de óleo. Segundo as empresas que comercializam o óleo, este índice é considerado um valor excelente, pois está abaixo do valor máximo padrão, que é de 2,0 mg de KOH/g de óleo.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados, pode-se concluir que após breve conhecimento técnico disponibilizado através do estudo de boas práticas na coleta dos cocos, extração do óleo e armazenamento de ambos, que o rendimento aumentou e a qualidade melhorou significativamente, o que mostra que o procedimento aplicado trouxe bons resultados, e que pode ser indicado para a pesquisa de outras oleaginosas.
Palavras-chave: Cadeia produtiva, Oleaginosa, Cartilha educativa.