65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Documentação e Informação Científica - 1. Documentação e Informação Científica
CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E O PRÊMIO JOSÉ REIS 2012: UM TOQUE INOVADOR DE GESTÃO PÚBLICA NA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Suiany Carvalho Padilha - Aluna do Mestrado Prof. em Gestão Pública para o Desenvolvimento do NE (UFPE)
Alexandre Zarias - Dr/Pesquisador – Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)
Cláudia Laís de Melo Ferreira - Estudante de Jornalismo - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
INTRODUÇÃO:
Este estudo de caso trata do “Plano de Divulgação Científica da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)”, que deu origem à sua premiação no 32º concurso José Reis de Divulgação Científica (MCTI/CNPq), categoria “Instituição e Veículo de Comunicação” de 2012. A premiação da Fundaj justificou-se não somente pelo seu histórico, mas também pelo novo cenário da ciência, tecnologia e educação no Brasil. A atuação regional da instituição, originalmente apenas no Nordeste e, desde 1980, igualmente voltada para o Norte, sempre marcou sua trajetória com uma síntese de ciência, educação e cultura, numa vocação que se pautou pela ocupação de um espaço institucional único e de referência. Desde a sua criação, em 1949, a Fundaj tem colaborado com a preservação e a difusão de valores científicos e culturais, a formação e a qualificação profissional em diferentes áreas. A Fundaj é uma instituição pública de pesquisas sociais, memória e promoção educacional e cultural, que tem como um de seus principais produtos a pesquisa científica social. A instituição utiliza-se dos diversos meios tecnológicos e recursos estruturais disponíveis para o amplo e fácil acesso da população ao conhecimento que produz e guarda, por meio de uma gestão pública inovadora focada no desenvolvimento da sociedade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste estudo de caso é analisar o “Plano de Divulgação Científica da Fundaj” com base nos estudos da área da comunicação e jornalismo científico que tratam da integração das diferentes áreas de produção e divulgação do conhecimento.
MÉTODOS:
O “Plano de Divulgação Científica da Fundaj” é analisado segundo o artigo de Carlos Vogt, que trata da “Espiral da cultura científica” (Revista ComCiência, nº 45, 2003). Para o autor, o ponto de partida da espiral, numa representação gráfica de quatro quadrantes formados pela interseção de um eixo vertical e outro horizontal, é a difusão científica, ou seja, a dinâmica da produção e circulação do conhecimento entre os próprios cientistas, que, num momento seguinte, no segundo quadrante, evolui para o ensino das ciências e formação de cientistas em centros de ensino, nos quais são destinadores da informação professores e cientistas e, destinatários, os alunos. A etapa que se segue, no terceiro quadrante, compreende o ensino voltado para a ciência, num contexto mais amplo, envolvendo um conjunto de ações de cientistas, diretores de museus, professores, etc. interessados em transmitir o conhecimento científico a estudantes de diferentes níveis e a um público mais jovem. Finalmente, a divulgação científica completa esse ciclo, no quarto quadrante, onde se localizam os jornalistas e cientistas que têm como público a sociedade em geral. Seus principais interlocutores são os cidadãos e as instituições da sociedade civil. Assim, a espiral alarga-se, ampliando o raio de alcance do saber.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As atividades promovidas pela Fundaj ocupam os quatro quadrantes da espiral da cultura científica concebida por Vogt (2003). Tal característica permite estabelecer ligações concretas entre dois mundos distintos e geralmente mal concebidos como separados ou incomunicáveis: o mundo dos cientistas e pesquisadores e o mundo dos cidadãos que, ou não se interessam por ciência, ou não podem fazê-lo por falta de uma linguagem comum entre aqueles que a produzem e aqueles a quem essa atividade é dirigida. Desse conjunto de atividades, destacam-se: 1) Revista Coletiva, publicação eletrônica de divulgação científica; 2) Portal Pesquisa Escolar Online, onde são disponibilizados textos para subsidiar pesquisas escolares; 3) Engenho Massangana, conjunto arqueológico e arquitetônico rural do século XIX, localizado no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, que recebe visitação turística e escolar; 4) Museu do Homem do Nordeste, que abriga e expõe um acervo cultural representativo da história no Nordeste; 5) Editora Massangana, que publica o conhecimento acadêmico produzido no Nordeste; 6) Massangana Multimídia Produções, que atua por meio de produção audiovisual direcionada à educação e à cultura; e 7) Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, evento de cuja organização a Fundaj participa.
CONCLUSÕES:
A integração das atividades de promoção da ciência, educação e cultura da Fundaj foi determinante para seu reconhecimento no 32º Prêmio José Reis de Divulgação Científica de 2012. De acordo com a comissão julgadora, a Fundaj destacou-se pela: 1) sistematicidade da proposta no tempo; 2) educação científica para os jovens da escola básica; 3) abrangência para o público geral; e 4) problematização à natureza de propósitos. Para a premiação, participaram 57 instituições na categoria “Instituição e Veículo de Comunicação”, em um universo de 190 ações de divulgação científica submetidas em todo o Brasil. O conhecimento científico precisa ser democratizado para que se estimule o desenvolvimento da sociedade. Ele é modelador de opinião e consiste num instrumento indispensável para a inclusão social. Sua difusão está atrelada à qualidade de vida do grupo social, pois contribui para a formação do pensamento crítico que repercute na tomada de decisões. O acesso à produção científica é direito de todo e qualquer cidadão. Nesse sentido, a Fundaj tem desempenhado seu papel no âmbito da gestão pública para ampliar os espaços de diálogo entre profissionais de múltiplas áreas, tais como a pesquisa social, o jornalismo científico, a educação e a cultura.
Palavras-chave: Jornalismo científico, Ciência, Gestão Pública.