65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética
DIVERSIDADE EM SEQUÊNCIAS CITOCROMO C OXIDASE-I NO GÊNERO Bathygobius (GOBIIDAE)
Paulo Augusto de Lima Filho - Prof. Msc - IFRN - Doutorando Ecologia, LGRM - UFRN
Gideão Wagner Werneck Félix da Costa - Doutorando Renorbio, LGRM - UFRN
Karlla Danielle Jorge Amorim - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Roberta Godoy da Costa Nunes - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Juliana Galvão Bezerra - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Wagner Franco Molina - Prof. Dr./Orientador - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
INTRODUÇÃO:
Gobiidae representa a família com maior diversidade presente no ambiente marinho. Composta indivíduos de pequeno porte possui representantes em todos os mares tropicais e subtropicais. Nesta família o gênero Bathygobius apresenta 29 espécies, das quais seis estão presentes no Atlântico Ocidental, B. soporator (Valenciennes, 1837), B. mystacium (Ginsburg, 1947), B. lacertus (Poey, 1860), B. curacao (Metzelaar, 1919), B. geminatus (Tornabene, Baldwin & Pezold, 2010) e B. antilliensis (Tornabene, Baldwin & Pezold 2010). Os representantes deste gênero apresentam similaridades morfológicas e características comportamentais e reprodutivas peculiares, como ovos adesivos alocados em cavidades e reentrâncias rochosas, período larval curto e restrito deslocamento de homing, que os tornam propícios à fragmentação populacional levando a redução da conectividade em curtos espaços geográficos. O presente trabalho compara o nível de divergência das sequências parciais do gene mitocondrial citocromo oxidase-I, entre espécies de Bathygobius presentes no litoral e ilhas oceânicas brasileiras com espécies geminadas do Caribe e América do Norte.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Comparar o nível de divergência molecular apresentado para sequências do gene mitocondrial citocromo oxidase-I, entre espécies de Bathygobius presentes no litoral do Rio Grande do Norte (RN), Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN) e Atol das Rocas (AR), com espécies de ocorrência em outras regiões geográfica do Atlântico (dados Genbank), buscando compreender seu real status taxonômico.
MÉTODOS:
Foram analisadas sequências do gene mitocondrial citocromo oxidase-I das espécies d o gênero Bathygobius presentes do leste do Atlântico. B. soporator (n=5, RN; n=1, EUA, acesso no Genbank USNM397587), B. mystacium (n=6, RN; n=1, Belize, Genbank USNM398086), Bathygobius sp. (n=6, AR; n=5, AFN), B. geminatus (n=1, EUA, Genbank USNM398101), B. antilliensis (n=1, Belize, Genbank USNM398060), B. lacertus (n=1, Porto Rico, Genbank USNM397570), B. curacao (n=1, Tobago, Genbank USNM397561). Nas espécies de ocorrência no litoral e ilhas brasileiras foram coletados fragmentos de fígado que foram armazenados em 95% de etanol a -20 Graus Celsius. Extração de DNA seguiu protocolo de Ivanoma et al. (2006). Fragmentos parciais do gene citocromo oxidase-I foram obtidos através dos primers FISH-BCL (5-TCAACYAATCAYAAAGATATYGGCAC) e FISH-BCH (5-TAAACTTCAGGGTGACCAAAAAATCA) através de reação da cadeia de polimerase (PCR) (Tornabene et al., 2011). O sequenciamento foi realizado no equipamento ABI-PRISM 3100 Genetic Analyzer (Applied Biosystems). As sequências foram alinhadas e editadas com o programa Bioedit resultando em um fragmento de 650 bp. O método de Neighbor-joining (Saitou & Nei, 1987) e matrizes de distância foram gerados através do Mega 4.0 (Tamura et al., 2007), utilizando o modelo de evolução molecular Kimura dois-parâmetros (Kimura, 1980).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A árvore de neighbor-joining construída a partir dos dados da sequência do COI revelou oito diferentes linhagens genéticas dentro do gênero Bathygobius para o Atlântico ocidental. As espécies de B. soporator provenientes da América do Norte, Central, Sul e Caribe mostraram-se similares (Distância Kimura 0,007). B. mystacium proveniente do litoral do Rio grande do Norte apresenta grande similaridade com B. geminatus (Distância Kimura 0,016), indicando a necessidade de redescrição dos limites geográficos da espécie, erro de classificação taxonômico ou a ocorrência de espécie diretamente derivada de B. geminatus. Bathygobius sp. oriundas do Atol das Rocas e Arquipélago de Fernando de Noronha pertencem a mesma linhagem (Distância Kimura 0,005), entretanto diferencia-se de B. antilliensis (Distância Kimura 0,057) sua linhagem mais próxima, indicando a possibilidade de Bathygobius sp. constituir uma nova espécie endêmica insular. O uso de outros marcadores moleculares deverão auxiliar na confirmação destes resultados. Ao contrário dos caracteres morfológicos que exibem considerável conservadorismo para os representantes de Gobiidae, as ferramentas citogenéticas e moleculares mostram-se particularmente mais eficientes e vêm auxiliando na identificação de sua fauna críptica.
CONCLUSÕES:
A ampla distribuição geográfica associada a características adaptativas apresentadas pelos representantes do gênero Bathygobius, propícia a fragmentação populacional e diversificação genética. Os dados aqui apresentados indicam que Bathygobius sp. Apresenta status taxonômico exclusivo, sendo esta uma vez que é endêmica do Arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas. Apesar da descrição de B. mystacium para o litoral brasileiro, os dados moleculares demonstram que não se trata da mesma espécie, mas possivelmente a espécie B. geminatus, espécie recente descrita por Tornabene et al. (2010), ou espécie dela derivada. Assim, pode-se estabelecer que B. soporator apesar da elevada distribuição geográfica, distribuindo-se dos EUA ao Brasil, não habita as ilhas oceânicas brasileiras.
Palavras-chave: Status taxonômico, Distribuição geográfica, Espécie endêmica.