65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE SECAGEM NATURAL DO COCO DO MURMURU (Astrocaryum farenae) NA QUALIDADE DO ÓLEO EXTRAÍDO.
Nadma Farias Kunrath - Esp. - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
Alcides Loureiro Santos - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
Israel Silva de Souza - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre - FUNTAC, Rio Branco /AC
INTRODUÇÃO:
Atualmente, os produtos florestais não madeireiros da Região Amazônica têm sido fundamentais para a subsistência de comunidades locais, principalmente no âmbito das cadeias produtivas de oleaginosas nativas. O grande número de espécies de palmeiras existentes na região se apresenta como um elevado potencial econômico, tecnológico, nutricional e energético. Dentre tais espécies, destaca-se o murmuru (Astrocaryum farenae), pertencente à família Arecaceae. Os frutos são utilizados na alimentação humana e de animais, as folhas usadas em cestaria e o espique na construção de casas pelas populações do interior da Amazônia. Contudo, o produto de maior valor dentro de sua cadeia produtiva é o óleo, que por sua vez, tem sua qualidade diretamente relacionada a fatores como, por exemplo, condições de secagem e armazenamento. O processo de secagem dos cocos, como também das amêndoas, é importante para a redução da umidade, o que dificultará a proliferação de microrganismos e insetos que degradam as amêndoas de onde o óleo é extraído. Porém, um tempo excessivo de secagem, aliado a exposição às condições climáticas úmidas da Amazônia, podem prejudicar as características físico-químicas dos óleos obtidos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo apresentar como o tempo de secagem dos cocos de murmuru pode influenciar nas propriedades físico-químicas do óleo extraído, afetando assim sua qualidade.
MÉTODOS:
Para este trabalho, foram utilizados 308 kg de coco da palmeira de murmuru, provenientes da Região do Juruá no Estado do Acre – Brasil. Os cocos foram divididos em dois lotes, o primeiro de 156 kg (lote A) e o segundo de 152 kg (lote B). A secagem dos cocos foi realizada em secadores naturais, na Usina de Extração de Óleos Vegetais, localizada na Comunidade de Nova Cintra, Município de Rodrigues Alves. O lote A foi submetido a 10 dias de secagem, enquanto o lote B passou 30 dias nesse processo. Após a secagem dos cocos, os lotes foram transportados até a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (FUNTAC), em Rio Branco, onde as demais etapas de processamento (quebra dos cocos, secagem das amêndoas e extração do óleo) foram realizadas. Após a extração do óleo de ambos os lotes, foram realizadas análises físico-químicas de massa específica a 40ºC, viscosidade cinemática a 40ºC e índice de acidez, todas executadas no Laboratório da Divisão de Tecnologia de Energia de Fontes Renováveis da FUNTAC.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os óleos de ambos os lotes apresentaram a mesma massa específica a 40ºC, 0,910 g.cm-3, indicando que essa propriedade não é afetada pelo tempo de secagem dos cocos de murmuru. As viscosidades cinemáticas a 40ºC apresentaram valores muitos próximos. O óleo do lote B apresentou um valor de 52,375 mm2.s-1, enquanto que o do lote A 52,677 mm2.s-1. Contudo, houve uma significativa diferença na principal análise de qualidade do óleo, isto é, no índice de acidez. O óleo obtido do lote B apresentou um índice de acidez de 1,665 mg de KOH/g de óleo, enquanto o lote A de apenas 0,812 mg de KOH/g de óleo. Desta forma, o lote B produziu um óleo de menor qualidade em relação ao A, uma vez que quanto maior for o índice de acidez maior é o grau de degradação química do óleo.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados, pode-se inferir que um tempo de secagem natural excessivo pode prejudicar a qualidade final do óleo de murmuru extraído. Além disso, conclui-se que, após a secagem dos cocos para redução da umidade, deve-se prosseguir o mais rápido possível com o restante do beneficiamento e extração do óleo, garantindo assim melhores condições para a obtenção de um produto de melhor qualidade.
Palavras-chave: Propriedades físico-químicas, Umidade, Oleaginosa.