65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 3. Imunogenética
Estudo da diversidade alélica dos receptores FC&gammaRIIA em indivíduos da população de Goiânia
Layanny Kelly Silveira Praxedes - Universidade Federal de Goiás - UFG
Camila Pereira Câmara Souza - Pesquisadora colaboradora - Depto. de Imunologia - IPTSP/UFG
Natália Alberto Alvez Brandão - Pesquisadora colaboradora - Depto. de Imunologia - IPTSP/UFG
Irmtraut Araci Hoffmann Pfrimer - Profa.Dra./Colaboradora - PUC
Lucimeire Antonelli da Silveira - Profa.Dra./Orientadora - Depto. de Imunologia - IPTSP/UFG
INTRODUÇÃO:
O receptor Fc&gammaRIIA ou CD32 é expresso na superfície de neutrófilos, macrófagos, plaquetas e outros tipos celulares, possui duas formas alélicas e codominantes, que se diferem no aminoácido da posição 131. Esta mutação afeta a função do receptor, isto porque a forma alélica H131 adquire a propriedade de ligar-se com maior eficiência a IgG2 humana, o que não ocorre com a forma alélica R131.
Fatores genéticos relacionados ao polimorfismo do receptor Fc&gammaRIIA com as suas diferentes formas alotípicas podem interferir na resposta imune do indivíduo aos diferentes patógenos, podendo conferir proteção ou mesmo aumentando a susceptibilidade do indivíduo à determinadas doenças, o que irá depender do patógeno em questão, do alótipo do receptor Fc&gammaRIIA expresso pelo indivíduo, além de fatores como idade, sexo, padrões de subclasses de IgG produzidos no curso da infecção.
A frequência relativa destes alótipos do receptor Fc&gammaRIIA varia em diferentes grupos étnicos. Com base nisto e pelo fato de a população brasileira representar uma mistura de raças, prevalecendo descendentes de um determinado grupo étnico em uma dada região, acreditamos que estudos em distintas regiões do Brasil são importantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O Presente estudo teve como objetivo analisar os padrões de diversidade alélica dos receptores Fc&gammaRIIA em indivíduos da população de Goiânia que se apresentaram como doadores de sangue no Hospital das Clínicas da UFG .
MÉTODOS:
Neste estudo, analisamos o sangue de pessoas saudáveis que se apresentaram como doadoras no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. A extração de DNA, seguida de uma Reação em Cadeia da Polimerase, para a amplificação do gene Fc&gammaRIIA, e digestão enzimática alelo-específica com a enzima de restrição BshI – 1236I (FnUDII) foi realizado para o estudo dos padrões polimórficos deste receptor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Analisamos 60 amostras de pacientes saudáveis que se apresentaram como doadores no Hospital das Clínicas da UFG. A extração, a amplificação e a digestão enzimática ocorreu conforme o esperado. O polimorfismo apresentado foi de 21,8% para o genótipo H/H, 46,6% para o genótipo H/R131, 31,6% para o genótipo R/R131. A frequência alélica encontrada foi de 0,54 para o alelo R e de 0,46 para o alelo H.
Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que a distribuição alélica do genótipo do Fc&gammaRIIA, na população de Goiânia é muito semelhante ao genótipo observado em todo o Brasil, tendo o predomínio do genótipo H/R, e uma menor distribuição do genótipo H/H.
CONCLUSÕES:
Com este estudo concluímos que no grupo da população estudada a distribuição alélica dos receptores Fc&gammaRIIA apresentou-se de forma equilibrada, sendo 23% para o genótipo HH, 45% para o HR e 32% para o RR.
A importância do estudo do polimorfismo do Fc&gammaRIIA é por ele ter sido implicado como um dos fatores capazes de influenciar o desenvolvimento de diversas doenças infecciosas. As diferentes formas alotípicas deste receptor, associado a fatores inerentes ao patógeno envolvido, bem como o perfil de subclasses de IgG, podem contribuir tanto para a patogênese quanto para a resolução da doença. De acordo com outros estudos, na dengue, o genótipo homozigoto Fc&gammaRIIA-R/R131 possui um efeito protetor para a forma clínica hemorrágica. Estudos como este em grupos de indivíduos apresentando diferentes formas clínicas, mais ou menos grave, de uma dada doença, poderiam elucidar se existiriam uma associação, com a predominância de um dado alelo, por exemplo, o alelo R e a baixa incidência de dengue hemorrágica. Posteriores estudos são necessários para verificar se o polimorfismo desse receptor influencia ou não na patogênese de uma dada doença.
Palavras-chave: receptor fc&gammaRIIA, polimorfismo, dengue.