65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 5. Imunologia
AVALIAÇÃO DA IMUNOGENICIDADE DE UMA VACINA M. smegmatis RECOMBINANTE EXPRESSANDO PROTEÍNAS FUSIONADAS DE M. tuberculosis.
Danilo Pires de Resende - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG
Bruna Daniella Souza Silva - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG
Monalisa Martins Trentini - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG
Ana Paula Junqueira-Kipnis - Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – UFG
INTRODUÇÃO:
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis. A doença é transmitida pelo ar quando pessoas doentes com a forma pulmonar expelem os bacilos através da tosse, espirro ou fala. A BCG tem quase 100 anos de idade e, apesar de ter sido demonstrado fornecer proteção contra as formas graves de tuberculose em crianças (meningite e tuberculose miliar), a sua eficácia na prevenção de TB pulmonar em adultos varia entre os países. Nesse contexto existe a necessidade do desenvolvimento de nova vacina para controlar a disseminação da TB, que seja mais eficiente e segura que a BCG e possa ser empregada em indivíduos imunocomprometidos. Várias estratégias estão sendo testadas para a obtenção de novas vacinas contra a tuberculose. Diante disso nosso grupo de pesquisa se propôs em avaliar a imunogenicidade de uma vacina recombinante composta de M. smegmatis expressando CMX (Ag85C-MPT51-HspX) de Mycobacterium tuberculosis em camundongos BALB/c.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a imunogenecidade de uma vacina recombinante composta de M. smegmatis expressando CMX (Ag85C-MPT51-HspX) de Mycobacterium tuberculosis em camundongos BALB/c.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado em camundongos BALB/c, fêmeas com idade entre 4-8 semanas. Os camundongos foram imunizados três vezes, por via subcutânea, com intervalo de três semanas entra cada imunização, com 100μL da vacina experimental contendo (~106 UFC) de M. smegmatis recombinante diluída em solução salina (NaOH 0,9%). Três semanas após a terceira imunização foi realizada coleta de sangue dos camundongos através de punção do plexo orbital utilizando pipetas pasteur de vidro autoclavadas. Uma semana depois, foi realizado o desafio e 30 dias depois, outra coleta de sangue seguida da eutanásia dos animais por deslocamento cervical, coletando o baço e o pulmão. Foi realizado ELISA indireto para a detecção de anticorpos (IgG1 e IgG2a) específicos para a CMX no soro dos camundongos. Foi realizada citometria de fluxo para análise das células TCD4+ e TCD8+ produtoras de IFN&gama no baço e pulmões dos camundongos. Para avaliar o nível de proteção foi realizada a contagem das unidades formadoras de colônia (UFC) recuperadas de homogenatos do lóbulo superior do pulmão dos camundongos imunizados. Para as análises estatísticas, foi utilizado o teste "t" de Student e o teste ANOVA. As diferenças foram significantes quando p<0.05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi observado aumento nos níveis de anticorpo IgG1 e IgG2a no grupo de camundongos vacinados, assim como aumento nas populações de células TCD4+ e TCD8+ produtoras de IFN&gama, e células de memória, no baço e pulmões dos camundongos vacinados, embora sem diferença estatística, além de ter sido recuperado números significantemente menores de UFCs do pulmão dos camundongos vacinados. A presença de anticorpos da classe IgG2a é indicativo de uma resposta imune do tipo Th1 devido a produção de IFNγ, enquanto anticorpos IgG1 são associados com uma resposta imune do tipo Th2 (principalmente IL-4/IL-10). Os altos níveis da classe IgG2a detectados no teste ELISA sugerem que a vacina recombinante é capaz de gerar uma resposta imune celular protetora, sendo esse tipo de resposta o mais eficaz no combate a patógenos intracelulares como o Mtb. Apesar de não termos observado diferença estatística na análise das células T, nos grupos de nossos experimentos, constatamos um aumento no número de células efetoras e de memória, o que sugere uma tendência a indução de uma resposta ideal, como já demonstrado por Zhao (2012). Nossos resultados na contagem das UFCs sugerem uma maior capacidade de proteção da vacina recombinante.
CONCLUSÕES:
O presente estudo constatou a eficácia da M. smegmatis como indutor da resposta imune e como potente vetor para vacinas recombinantes. A vacina M. smegmatis recombinante expressando a proteína de fusão CMX (Ag85c-MPT51-HspX) apresentou eficácia em estimular as populações celulares necessárias no combate a TB, sendo capaz de gerar proteção, assim como a produção de memória imunológica, sendo necessário maior estudo e desenvolvimento.
Palavras-chave: Tuberculose, Vacinação, Citometria.