65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
AULA DE CAMPO NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE BIOGEOGRAFIA
Andrea dos Santos Penha - Depto. de Geografia - UFMT
Giseli Dalla Nora - Profa. Me./Orientadora - Depto. de Geografia - UFMT
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem por objetivo mostrar os resultados do trabalho de campo no ensino de biogeografia, com os alunos do 3º semestre de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães com a intenção de uma melhor compreensão do cenário físico da biosfera. A biogeografia estuda a distribuição do padrão das espécies na superfície terrestre. Para compreender essa distribuição precisa-se ter o conhecimento de alguns fatores que atuam sobre ela, como exemplos o clima, o solo, o relevo e a drenagem que influenciam na vegetação, e esses quadros relacionados influenciam na fauna. Então, apresentou-se os aspectos naturais do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães - PNCG. Depois disso, os alunos formaram duplas e receberam um diário de bordo onde os mesmos deveriam registrar as características das formas de relevos e da vegetação, relacionando estes com o clima, os possíveis tipos de solos da região e a sua hidrografia. Além das características relacionadas o diário de bordo deveria conter uma pequena análise da radiografia ecológica do local.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimular o ensino aprendizagem através do estudo da paisagem, identificando as principais características dos aspectos naturais que predominam no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, considerando vegetação, clima, formas de relevo, solo e hidrografia; e realizar uma análise da radiografia ecológica do local.
MÉTODOS:
O roteiro proposto foi o circuito das águas/sete cachoeiras. Antes de iniciar o trajeto foram explicadas as características dos aspectos naturais do parque, a maneira que seria realizada a atividade e como seria a avaliação. Depois informado a dinâmica, começou-se o trajeto. Durante o trajeto de ida foram feitas observações e anotações da paisagem e das espécies faunística, e na volta, observações/correlações e anotações de todo cenário físico e a radiografia ecológica do parque. Percorreu-se aproximadamente 1,5 km de ida e volta em terreno irregular que corresponde ao circuito das sete cachoeiras do PNCG. Durante o percurso o responsável pela atividade ficou disposto para sanar questionamentos e dúvidas sobre o assunto.
A avaliação foi realizada por meio do diário de bordo realizado em dupla que deveria conter as descrições da vegetação e das formas de relevo relacionadas com os outros aspectos naturais, e a radiografia ecológica do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O objetivo do trabalho era que os alunos conseguissem fazer a ligação do conhecimento abstrato adquirido em sala de aula com a concretização desse conhecimento na aula de campo, e depois abstrair novamente fazendo a análise dos aspectos naturais e transcrevê-las no diário de bordo. Pois, este mecanismo simplifica a forma com que ocorre a aprendizagem do aluno.
Porém, o nosso objetivo não foi atingido, foram poucos os alunos que conseguiram fazer uma análise geral dos aspectos naturais e correlacioná-los. Dentre 24 alunos apenas 8 reconheceram o cenário físico, ou seja, apenas 33%. A maioria dos alunos identificou os aspectos naturais, mas não fez a integração e a interdependência dos elementos entre si. Fizeram a observação de forma fragmentada como se um não fizesse a ligação com o outro. E ao fazer a radiografia ecológica poucos perceberam que o parque precisa de sinalização das trilhas, porém, consideram relevante o acompanhamento de um guia nas trilhas e cachoeiras.
O que se pode observar é que muitas vezes a construção do conhecimento não ocorre como o planejado, cada estudante pode até ser estimulado a aprender em determinadas situações, mas o sucesso do processo de ensino aprendizagem depende muito de sua pré-disposição e também de sua maturidade intelectual.
CONCLUSÕES:
A aula de campo tem o objetivo de trazer para a realidade do aluno o que foi visto em sala de aula. O tema é referente à biogeografia que faz a conexão do cenário físico (clima, solo, relevo, hidrografia) com a distribuição das espécies vegetais e animais. O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães é uma representação biogeográfica presente no bioma cerrado. Portanto, lá consegue-se observar o tipo de paisagem, tipos de espécies da vegetação de cerrado, as formas de relevo que junto com a hidrografia caracterizam o local com inúmeras cachoeiras.
O caminho percorrido foi longo e cansativo. Realizou-se observações e anotações das espécies e da paisagem durante o percurso de ida, e as anotações de correlação dos aspectos naturais juntamente com a radiografia ecológica no percurso de volta. Talvez por todos estarem cansados e sob um sol intenso o resultado final da aula de campo não correspondeu ao objetivo proposto. O que nos propõem a repensar o trajeto percorrido, colocando um menor percurso com maior tempo de observação e em um horário com menos intensidade solar, podendo assim, dar um tempo maior de observação da paisagem para que os alunos consigam assimilar e correlacionar os aspectos observados.
Palavras-chave: cenário físico, aula de campo, diário de bordo.