65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
DINÂMICA GEOSSISTEMICA NO ASSENTAMENTO RURAL NOVA CANAÃ – ZÉ DOCA/MA
Rosângela Maria Paixão Pinheiro - Profa. Msc. IFMA/ Campus Zé Doca
Fabia Holanda de Brito - Profa. Esp. IFMA/ Campus Zé Doca
INTRODUÇÃO:
Estudos sobre a ótica de análise sistêmica têm sido largamente aplicados na análise ambiental de unidades geográficas, método cientifico iniciado em 1932 por von BERTALANFY, com a Teoria Geral dos Sistemas (PINHEIRO,2007, P). Nesse sentido, a fim de diagnosticar características e situação ambiental em áreas de assentamento rural, a análise Geossitêmica pode ser trabalhada na perspectiva de refletir o dinamismo e a complexidade que se sucede em uma propriedade agrícola independente da extensão espacial; pois a simples extração e exploração de recursos naturais que possam acontecer, estão interligados a dinâmica geográfica, no que diz respeito a evolução ambiental, histórico-cultural, socioeconômica e política na região a qual se insere. Tais análises têm como base epistemológica o conceito de sistema aplicado por diferentes ciências – Física, Geografia, Biologia, Psicologia e outras – e, portanto bastante discutido e reconhecido por estudiosos como Tricart, em 1977, como: “Um conjunto de fenômenos que se processam mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de dependência mútua entre fenômenos. Como consequência, o sistema apresenta propriedades que lhes são inerentes e diferem da soma das propriedades dos seus componentes. (TRICART, 1977,19)”.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo buscou compreender e identificar, a partir de análise sistêmica, as múltiplas nuances projetadas no meio rural, em área de assentamento, na perspectiva de identificar cenários das condições ambientais, par melhor uso do solo diante das atividades socioeconômicas aí desenvolvidas.
MÉTODOS:
No desenvolvimento do presente trabalho foi aplicada a abordagem sistêmica de análise ambiental, fundamentada na Teoria dos Sistemas de CHRISTOFOLETTI (1979), TROPPMAIR (1989), PINTO et al (2007), entre outros. Instrumento lógico, para determinação de problemas ambientais em atitude dialética, na perspectiva da necessidade de análise e obtenção da visão de conjunto. Nesse âmbito foram realizados levantamentos de dados secundários e primários (levantamento em campo) acerca das características físicas do assentamento – morfologia do terreno, associação de solos e cobertura vegetal – cruzando com informações de uso do solo e alterações e/ou problemas ambientais. Dessa forma identificando-se as principais unidades Geossistêmicas em uso - com os devidos percentuais de ocupação territorial, através de base cartográfica - suas potencialidades e limitações, sintetizadas em quadro demonstrativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Assentamento Nova Canaã - Zé Doca – MA tem (03) unidades Geossistêmicas - Alvéolos mais ou menos planos (75.97%), Morros de vertentes suaves (13.90%) e Canais de Drenagem (10.13%). A primeira atravessada por dois canais fluviais de oeste-sudeste que confluem ao Pindaré. Cobertura vegetal,Floresta Ombrófila Densa com Babaçu, alterada das condições naturais, redução de espécies arbóreas para arbustivas e herbáceas, secundárias em diferentes estágios sucessionais (capoeira). Localiza-se o núcleo de povoamento, infra-estrutura, atividades agropecuárias incipientes. A segunda unidade, em altitudes de 50m do nível do mar, pelos processos intempéricos tem depressões relativas à base local. Cobertura vegetal de características semelhantes a unidade anterior, com capoeira e pasto plantado. Localizam-se as práticas de agricultura de subsistência e criação extensiva de gado bovino, além, do extrativismo vegetal. A terceira unidade - canais dos riachos - apresenta faixa descontínua de sedimentos finos, por vezes húmicos, com instalação de culturas agrícolas de ciclo curto (arroz), maturação de matéria-prima para a produção farinha. Na área de vegetação diferenciada da mata ciliar - palmeiras de juçara e buritis – é explorada no extrativismo vegetal de frutos para o consumo de subsistência.
CONCLUSÕES:
Em perspectiva sistêmica, a apropriação dos recursos naturais no assentamento Nova Canaã, teve em seu ponto de partida no uso dos recursos, que recai sobre histórico processo de ocupação e desenvolvimento de práticas socioeconômicas. Marcado pela expansão da fronteira agrícola, norteando a inserção aí, do capital, fortalecendo a perspectiva de que os recursos naturais passassem a ser explorados, atendendo as demandas dos centros urbanos e econômicos do Estado. O assentamento inserido nessa dinâmica, passou entre as principais etapas - derrubada da vegetação natural para exploração de madeiras de lei; associada às roças itinerantes, com culturas de subsistência, e, mais tarde, para pastagem artificial, para a criação extensiva de bovinos. Portanto, quando as famílias desse assentamento, recebem e se instalam nessas terras, adquirem todo legado de depauperação dos recursos naturais aí existentes a mais de 50 anos. Dilapidação de recursos, pela marcante alteração da cobertura vegetal, perda da biodiversidade florística e faunística; empobrecimento Cos solos, redução da recarga de água dos solos, córregos e riachos. Colocando em situação de stress ambiental a dinâmica natural que pode propiciar equilíbrios recorrentes dos processos do bioma – amazônico - em que está inserido.
Palavras-chave: Geossistema, Estratificação Ambiental, Dinâmica Rural.