65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS DE EPERUA: APLICAÇÃO EM FORMULAÇÕES ADESIVAS E ENERGIA
Irineide de Almeida Cruz - Co-orientadora/ Pesquisadora COTI/INPA
Maria de Jesus Coutinho Varejão - Orientadora/Pesquisadora COTI/INPA
Cristiano Souza do Nascimento - Co-orientador/ Pesquisador RHAE/CNPq/INPA
Camila Mendes Cavalcante - Orientanda/Aluna de Eng. Química-UFAM/ PIBIC/INPA/CNPq
Geycyane Silva de Sousa - Orientanda/Aluna de Eng. Florestal-UFAM/ PIBIC/INPA/FAPEAM
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia, a família Leguminosae é um dos grupos que apresenta diversas aplicações, e produtos e/ou subprodutos vêm expandindo além da madeira, o óleo de copaíba, o verniz copal, corantes, gomas naturais, taninos entre outras (Souza et al. 2012). Para o gênero Eperua pertencente desta família, pouco/quase nada se tem sobre suas informações tecnológicas. O conhecimento da natureza química possibilita o uso de seu potencial como matéria-prima para diversos fins. Nas cascas estão presentes os taninos, que podem ser utilizados na manufatura do couro, indústria farmacêutica e ainda como fonte de fenol para produção de adesivos para madeira. Outra aplicação para resíduos florestais seria a produção de energia renováveis, com destaque na produção sustentada de biomassa (Brasil, 2008). A quantificação do poder calorífico fornece indicativos da quantidade de energia liberada durante a combustão e esta variável determina o valor energético da matéria. No entanto é necessária uma caracterização química bastante adequada, já que a aplicação em novos produtos depende diretamente dos constituintes químicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar os componentes químicos das cascas de quatro espécies de Eperua, da região do alto Rio Negro, e avaliar possíveis aplicações tecnológicas.
MÉTODOS:
As amostras estudadas são constituídas da casca das leguminosas florestais do gênero Eperua: Eperua falcata (apazeiro); Eperua leucantha (iauácano); Eperua purpurea (iébaro) e Eperua schomburgkiana (muirapiranga). O material foi coletado na cidade de São Gabriel da Cachoeira (Lat. 00º 07’49’’ Long. 67º 05’21’’) e no arquipélago de Anavilhanas (Lat. 02º 03’ 03” Long. 60º 22’ 61”) no estado do Amazonas. Inicialmente as amostras foram fragmentadas em pedaços menores, moídas e peneiradas a 60 e 80 mesh. Foram determinados a umidade (ASTM D4442 - 07), o teor de extrativos aquosos (ASTM D1110 – 84 - 2007), taninos e outros polifenóis totais – Stiasny (Barbosa et al. 2006), o teor de lignina (ASTM D1106-96) e Cinza (ASTM D1102 – 84 - 2007), sendo a holocelulose predita pela diferença da soma dos demais constituintes químicos (Holocelulose = 100 - Extrativos + Lignina + Cinzas). Os testes para a determinação do poder calorífico foram feitos em calorímetro PARR isoperibol (NBR 8633/84).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As formas adequadas de aproveitamento de resíduos e de subprodutos industriais, como matéria secundária, devem abranger um completo estudo de caracterização química para identificação do potencial deste substrato, definindo as características limitantes do uso e da aplicação. O resultado das análises do conteúdo de umidade mostrou uma variação de 10,5% (Eperua falcata) a 13% (E. leucantha), com média de 11,9%. Enquanto, que para os extrativos aquosos e polifenóis totais a espécie E. purupurea apresentou maior concentração, 28,6% e 12,5%, respectivamente. Para o teor de lignina a espécies E. leucanthaapresentou maior índice (39%) e E. falcata o menor (29,5%). A maior concentração de holocelulose e cinza foram obtidas nas amostras de E. schomburgkiana, e os menores para E. purupurea. Os valores encontrados para os constituintes químicos das cascas estão dentro da faixa registrada na literatura. PCS (Poder calorífico superior) quantificado nas cascas apresentaram maior valor para as espécies E. falcata e E. purupurea, 4.342,3 cal/g e 4.304,3 cal/g. Pode-se observar que exista influência das cinza no processo de combustão, onde o menor PCS estar associado ao maior teor de cinza.
CONCLUSÕES:
A utilização de resíduos florestais na Amazônia ainda é visto com pouco interesse pelas indústrias, visto a escassez de informações tecnológicas desta matéria-prima. Os dados químicos obtidos neste estudo podem abrir novos horizontes para as espécies de Eperua, onde até então não existia informação a cerca das análises químicas. As cascas de E. purpurea. por ser utilizada para obtenção de taninos já que apresentou elevado índice de taninos e outros polifenóis, indicando assim para formulação de adesivos naturais e/ou para curtimento de pele animal. As cascas analisadas apresentaram um razoável potencial energético e dentro do intervalo especificado na literatura, possuindo baixo teor de impurezas.
Palavras-chave: Cascas, taninos condensados, poder calorífico.