65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 1. Enfermagem de Doenças Contagiosas
MORBIMORTALIDADE DE ADOLESCENTES COM HIV/AIDS EM SERVIÇO DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL
Renata de Moura Bubadué - Pós-Graduanda em Gestão de Organização Pública em Saúde da UFSM
Cristiane Cardoso de Paula - Profa. Dra/Orientadora do Departamento de Enfermagem - UFSM
Stela Maris de Mello Padoin - Profa. Dra. do Departamento de Enfermagem - UFSM
Crhis Netto de Brum - Doutoranda em Enfermagem da UFRGS
Clarissa Bohrer da Silva - Mestranda em Enfermagem da UFSM
Paulo Victor Cesar de Albuquerque - Graduando em Enfermagem da UFSM
INTRODUÇÃO:
Com base na notificação de casos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) no Brasil e na história da infecção, evidencia-se uma tendência à juvenização, ou seja, a distribuição dos casos de AIDS na população de adolescentes. No período 1980-2011, ocorreram 12.891 casos na faixa etária entre 13 e 19 anos. Essa mudança implicou na formação de políticas específicas para pessoas que têm HIV/AIDS, colaborando no avanço do tratamento, bem como no acesso gratuito aos medicamentos, resultando na melhoria e bem-estar dessa população. Assim, há necessidade de ações de intervenção junto aos adolescentes, de modo que se possa viabilizar um acompanhamento integral da sua condição crônica relacionada à AIDS . Dessa forma, as inquietações acerca da problemática do adolescente com HIV/AIDS surgiram de vivências e experiências oriundas da participação em projetos de pesquisa e extensão, no serviço de acompanhamento ambulatorial do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar a morbimortalidade dos adolescentes com HIV/AIDS que eram atendidos no HUSM/RS/Brasil.
MÉTODOS:
Estudo descritivo, do tipo documental, retrospectivo, com abordagem quantitativa. A fonte de informação de dados de morbimortalidade foram os prontuários do HUSM, o qual se localiza na região centro-oeste do Rio Grande do Sul, sendo o serviço de referência da região. A população do estudo foi composta por adolescentes com HIV/AIDS, na faixa etária de 13 a 19 anos, 11 meses e 29 dias, segundo critério etário estabelecido pelo Programa Nacional de DST/AIDS do Brasil. Os critérios de inclusão foram: ter diagnóstico de HIV/AIDS e estar em acompanhamento no serviço de infectologia do HUSM. As justificativas de exclusão foram: as inconsistências nos registros e prontuários não encontrados. Para obtenção dos dados foi utilizado um instrumento com características sociodemográficas; história clínica; evolução clínica e mortalidade. Os dados foram submetidos à digitação dupla independente, para garantir a exatidão dos dados, no software Epi Info versão 7.0. A coleta dos dados foi realizada no período de out/2011 a mar/2012. Para análise foi construído um banco de dados, os quais foram analisados no software Statistical Package for Social Science (SPSS) 17.0. O projeto teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número CAAE 0257.0.243.000-11.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A população da pesquisa foi de 45 adolescentes com HIV/AIDS atendidos no HUSM. Desses, 60% era de Santa Maria; 60% do sexo feminino; 48,9% cor ou raça branca e 48,8% faixa etária 13-14 anos. Referente à história clínica, 66,7% foram expostos ao HIV por transmissão vertical. O exame laboratorial de diagnóstico da infecção ocorreu 62,2% na infância e 44,4% na adolescência. 46,7% conheciam sua condição sorológica. No que se refere ao acompanhamento ambulatorial no serviço, verificou-se que, no último ano, 46,7% dos adolescentes tiveram entre 4 a 6 agendamentos de consultas. Quanto à assiduidade, 49% dos adolescentes costumavam comparecer a todas as consultas. Referente à evolução clínica, 84,4% faziam uso de ARV e 15,6% não. Quanto à complexidade do esquema medicamentoso, 92,2% utlilizavam esquema duplo, consoante com a recomendação ministerial. Dos 38 adolescentes em TARV, 48,9% deles já tinham feito uso de mais de três esquemas, 44,7% deles faziam uso de medicação há mais de 9 anos e em 87,8% não houve interrupção do tratamento. No que se refere a doenças oportunistas associadas à AIDS, 60% experienciaram algum tipo de condição clínica, dentre os quais 71,4% pneumonia. Quanto à mortalidade, houveram dois óbitos, causados por: choque séptico e insuficiência respiratória aguda.
CONCLUSÕES:
A caracterização dos adolescentes com HIV/AIDS evidenciou a fragilidade clínica pelo comprometimento imunológico e suscetibilidade às doenças oportunistas,pela necessidade de acompanhamento clínico, laboratorial e medicamentoso permanentes, bem como de adesão ao tratamento, e pela exposição a efeitos adversos e possibilidade de falhas terapêuticas. O que indica a necessidade de integralidade na atenção à saúde dos adolescentes no compromisso de atender às demandas específicas da condição sorológica e da fase de crescimento e desenvolvimento. É preciso implantar ações de promoção e manutenção da saúde e prevenção do adoecimento que atendam às especificidades dessa população. Para tanto, faz-se imprescindível aprimorar o acesso ao serviço e o vínculo com os profissionais. As limitações encontradas na coleta de dados nos prontuários indicam a necessidade de estratégias de gestão do Serviço para minimizar o déficit de registros. Destaca-se a falta de informações acerca da faixa etária do diagnóstico e da revelação do diagnóstico.
Palavras-chave: Enfermagem, Saúde do Adolescente, Síndrome da Imunodeficiência Humana.