65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
EMPREENDEDORISMO FEMININO E RELAÇÕES DE GÊNERO: O ESTADO DA ARTE
Joice de Souza Freitas Silva - Depto.de Ciências Sociais Aplicadas - Administração - UESB
Almiralva Ferraz Gomes - Prof. Dra. Orientadora, Depto Ciências Sociais Aplicadas (DCSA), UESB
INTRODUÇÃO:
A crescente participação feminina nas esferas produtivas tem despertado o interesse de muitos pesquisadores no Brasil e no mundo. Embora a quantidade de estudos tenha aumentado pouco ainda se sabe sobre empreendedorismo feminino. Boa parte da produção científica sobre o tema se agarrou à identificação e descrição de características ou atributos que seriam inerentes às mulheres. Em alguns casos se tentava traçar o perfil da mulher empreendedora. Em certo momento, abonaram estudos que defendiam ou apenas se baseavam em premissas que atestariam comportamentos gerenciais diferenciados de gênero em função de uma alardeada existência de uma natureza feminina, oposta a uma masculina.
A deficiência, em determinado momento, de certo norteamento teórico que respaldasse a discussão sobre a complexidade das relações de gênero talvez tenha sido responsável pelo alto índice de heterogeneidade dos discursos na literatura especializada. Mas essa variedade de posicionamentos contribuiu, a seu modo, para despertar o interesse da investigação a respeito da mulher empreendedora sob perspectivas também várias. Considerando, no entanto, que os estudos sobre mulheres empreendedoras têm pouco mais de três décadas, um longo percurso deve ser transposto até que se possa falar num corpo teórico amadurecido.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho objetivou mapear e analisar o campo de estudos que trata das relações de gênero e do “empreendedorismo feminino” no Brasil no período de 2002 a 2011.
MÉTODOS:
Foi realizado um levantamento da produção acadêmica nacional publicada na base de dados do indexador de periódicos Scielo e anais dos eventos: Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Administração (ENANPAD), conceito A pela QUALIS, e o Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE), conceito B pela QUALIS . A investigação destas bases de dados é decorrente da importância das mesmas para os estudos sobre gênero e “empreendedorismo feminino”. O Scielo é um importante indexador de vários periódicos nacionais que publicam nos diversos campos do conhecimento, sobretudo, nas áreas investigadas pela presente pesquisa.
Do ponto de vista temporal, a literatura levantada foi a publicada na última década (2002- 2011). Para se chegar aos artigos produzidos, inauguraram-se algumas palavras-chave que serviram como ferramenta de busca tanto no portal da base Scielo quanto nos anais dos referidos eventos, tais como: gênero, relações de gênero, feminino, empreendedorismo e empreendedorismo feminino. Logo, após tal levantamento, propôs-se mapear e analisar a produção de forma quantitativa. Por fim, toda a produção científica foi revisada na busca de visões mais críticas, novos conceitos ou novas teorias sobre os temas estudados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram levantados um total sessenta e um artigos científicos. Dezoito deles abordavam o tema empreendedorismo feminino. Destes, três são oriundos da base Scielo e têm em comum a mesma autora, seis foram publicados nos anais do EGEPE e nove nos anais do ENANPAD. Dos quarenta e três trabalhos que abordavam relações de gênero, trinta e um são provenientes dos anais do ENANPAD e treze da base Scielo.
Dentre as publicações sobre empreendedorismo feminino, foram identificados onze autores diferentes, sendo que nove destes apresentaram apenas uma publicação, dois contribuíram respectivamente com quatro e cinco publicações. Destes, apenas um era homem e teve apenas um trabalho publicado. Já as publicações sobre gênero apresentaram maior diversidade de autoria, pois se identificaram trinta e sete autores nos quarenta e três artigos levantados. Os homens foram minoria, apenas cinco. Apesar desta diversidade de autores e um número maior de trabalhos, tais estudos têm sido produzidos, em sua maioria, no sudeste do país, mesma realidade dos estudos sobre empreendedorismo feminino. Constatou-se também que a maioria dos estudos é de caráter teórico-empírico. Ademais, a análise dos artigos revelou certa precariedade nas pesquisas de modo que pouco contribuem para construção de novas teorias.
CONCLUSÕES:
Os estudos evidenciaram algumas observações já feitas por outros autores, como a de que, estudos sobre a participação feminina nas diversas áreas organizacionais vêm sendo realizados em sua essência por mulheres e mesmo assim estas são poucas quando comparadas às estudiosas de outras áreas. A produção, ainda que pequena, representa um avanço nos estudos para a área estudada. Contudo, há uma necessidade de se reavaliar a forma como vem sendo elaboradas as pesquisas sobre gênero e empreendedorismo feminino, pois a maioria dos trabalhos, mesmo os de caráter teórico-empírico, traz poucas informações novas, limitando-se a pesquisar teorias já existentes e não gerando contribuições significativas para a construção de novas teorias sobre relações de gênero e empreendedorismo feminino.
Palavras-chave: Esferas produtivas, Participação feminina, Mulheres empreendedoras.