65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL, COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE PSEUDOFRUTOS DE CAJU ARBÓREO DO CERRADO
Maressa Stephanie Ovidio Alves - Faculdade de Nutrição - UFG
Aline Medeiros Alves - Pós-graduação Ciência e Tecnologia de Alimentos - Escola de Agronomia - UFG
Maria Margareth Veloso Naves - Profa. Dra./ Orientadora - Laboratório de Nutrição Experimental - UFG
INTRODUÇÃO:
Dentre as espécies frutíferas do Cerrado, a família Anacardiaceae abrange 74 gêneros e 600 espécies tropicais e subtropicais das quais se destaca o cajueiro arbóreo do Cerrado (Anacardium othonianum Rizz.). Os frutos possuem duas partes: o fruto verdadeiro (noz acinzentada e reniforme) e o pseudofruto - pedúnculo avermelhado de polpa suculenta, de sabor doce e levemente ácido.
Apesar da possível contribuição do caju arbóreo como fonte de vitamina C e compostos fenólicos, a escassez de trabalhos sobre o assunto revela a necessidade de mais investigações sobre este fruto nativo. Estudos têm demonstrado a relação inversa entre o consumo de frutas e a ocorrência de doenças inflamatórias, câncer e transtornos do envelhecimento devido à presença de substâncias antioxidantes nas frutas, como alguns minerais, vitaminas e compostos fenólicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a composição centesimal, o conteúdo de vitamina C, o conteúdo de compostos fenólicos totais e avaliar a atividade antioxidante do pseudofruto do caju arbóreo do Cerrado provenientes das regiões goianas de Faina, Goianésia e Santa Terezinha.
MÉTODOS:
A composição centesimal foi determinada por meio das análises de umidade em estufa de esterilização a 105°C até obtenção de peso constante; nitrogênio total, segundo o método de micro-kjeldahl e conversão em proteína bruta utilizando-se o fator 6,25; lipídios totais, extraídos por meio da técnica de Bligh e Dyer e cinzas, por incineração em mufla a 550ºC. Os carboidratos foram estimados por diferença. O valor energético total das amostras foi estimado considerando-se os fatores de conversão de Atwater de 4, 4 e 9 kcal.g1 para proteína, carboidrato e lipídio, respectivamente.
A quantificação da vitamina C foi realizada segundo método padrão da AOAC, modificado por Benassi e Antunes. A determinação de fenólicos totais foi conduzida de acordo com o procedimento descrito por Singleton e Rossi. A atividade antioxidante foi determinada por meio da capacidade dos antioxidantes, presentes nas amostras, em sequestrar o radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila), conforme o método descrito por Brand-Williams, Cuvelier e Berset.
Os resultados das análises químicas foram submetidos à análise de variância e teste para comparação de médias (Tukey a 5% de probabilidade).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A umidade dos frutos foi em média 84g.100g-1. Observou-se baixo teor médio de proteínas (1,42g.100g-1), de lipídios (0,55g.100g-1) e de cinzas (0,25g.100g-1). O valor energético total dos pseudofrutos representa apenas 2% a 3% da necessidade energética de um indivíduo adulto saudável, com dieta de 2000 kcal.
O conteúdo médio de vitamina C observado nos pseudofrutos de caju foi de 43,9 g.100g-1, valor que fornece de 48 a 58% das recomendações diárias de vitamina C para indivíduos adultos (75 a 90 mg), sendo necessário o consumo de cinco a sete unidades de pseudofrutos de caju arbóreo (aproximadamente 100 g). Além disso, o pseudofruto pode ser considerado fonte de vitamina C de acordo com a legislação brasileira.
O conteúdo médio de compostos fenólicos totais observado para os pseudofrutos de caju arbóreo do Cerrado foi de 279,3 mg EAG.100g-1. Este valor é superior ao do caju comum (118 mg EAG. 100g-1), mangaba (169 mg EAG. 100g-1), cajá (72 mg EAG. 100g-1) e abacaxi (38,1 mg EAG. 100g-1). Quanto à capacidade de sequestro do radical DPPH, os pseudofrutos da região de Goianésia apresentaram maior atividade antioxidante em relação às outras regiões.
CONCLUSÕES:
Em geral, os pseudofrutos de caju arbóreo possuem elevado teor de umidade (acima de 80%) e baixos teores de proteína, lipídios e cinzas e baixa densidade energética. Todos os pseudofrutos avaliados podem ser considerados fonte de vitamina C, com destaque para os oriundos da região de Faina que revelaram quantidade desta vitamina duas vezes superior aos demais. Os pseudofrutos contêm quantidades apreciáveis de compostos fenólicos, sobressaindo os oriundos de Goianésia pelo elevado conteúdo de compostos fenólicos e boa atividade antioxidante. Portanto, recomenda-se o consumo de pseudofrutos de caju arbóreo para aumentar a ingestão de compostos bioativos pela população e colaborar na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.
Palavras-chave: Anacardium othonianum Rizz, Vitamina C, Antioxidante.