65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
Ensino de Química: reflexão sobre a prática e a avaliação
Leandro Paulo Da Silva - Licenciatura em Química- IFPE Campus Vitória
Kilma Da Silva Lima - Prof. Mest./Orientadora – Licenciatura em Química- IFPE Campus Vitória
INTRODUÇÃO:
O ensino da Química passa por transformações, pois, segundo Lima, (2012), “para se tornar efetivo, o ensino de Química deve ser problematizador, desafiador e estimulador, de maneira que seu objetivo seja o de conduzir o estudante à construção do saber científico”. Dessa forma, o chão da escola precisa acompanhar essas mudanças. Sarquis (2001) afirma que o professor deve atuar alternadamente e simultaneamente como um diagnosticador, um facilitador, um inovador, um experimentador, um avaliador, dentre tantas outras. Assim, é fácil perceber que a mudança está acontecendo, ao menos na concepção. Importa saber se na prática também, pois antes o professor era mero transmissor de informações e hoje assume novo papel na construção do conhecimento. As novas perspectivas de ensino pedem uma nova escola, um novo professor (LIMA, 2008). Assim sendo, se faz necessário um maior estudo a cerca das práticas pedagógicas dos professores de Química e se as mesmas estão de acordo com as novas tendências educacionais na área.
OBJETIVO DO TRABALHO:
- Analisar as práticas docentes e avaliativas dos professores de Química; - Relacionar a realidade do chão da escola com as orientações nacionais para essa área do conhecimento.
MÉTODOS:
A pesquisa teve como campo de investigação as 4 escolas públicas da Rede Estadual do município de Vitória de Santo Antão. Os sujeitos de pesquisa foram um professor de Química de cada escola que estavam atuando no Ensino Médio, aos quais denominamos de P1, P2, P3 e P4.
Foram utilizados como instrumentos de pesquisa os documentos orientadores para essa área do conhecimento e uma entrevista semi-estruturada com os professores supracitados, com os seguintes questionamentos: Qual sua formação? Como você demonstra a seu aluno o papel da química para a vida dele? Você costuma fazer relações entre química e cotidiana? Você costuma elaborar aulas experimentais? Como é avaliado seu aluno? Você sente o interesse dos seus alunos pela química? Você sente dificuldades em ensinar química? Em que sentindo? O que você propõe para melhorar o ensino de química?
As análises se fundamentaram nas novas perspectivas de ensino e avaliação, defendidas pelos estudiosos na área como Sarquis, Lima, Mizukami, Guba e Lincoln, Andrade, Perdigão, Millar, Aruda e Laguru.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A respeito da relação química/cotidiano, todos os professores disseram ser algo presente em suas aulas, diferentemente das aulas experimentais, que, segundo os mesmos, é algo raro. Eles argumentaram ainda que a carência de aulas experimentais se justifica pela falta de laboratórios nas escolas (P1e P4), a baixa carga horária (P4) e a o não preparo dos mesmos (P1, P2 e P3).
Um ponto interessante de se observar esta na questão do interesse da química pelos alunos, os professores P1, P2 e P3 responderam que não veem os interesses na maioria das aulas e ambos os professores quando questionados sobre os seus métodos avaliativos citaram a prova como primeiro e às vezes único método. Já o professor P4 quando perguntado sobre os métodos avaliativos, citou com exclusividade a participação do aluno, além de trabalhos em grupo e por ultimo a prova (observamos do P4 uma postura mais inovadora), tal fato se refletiu de forma notável na resposta do professor quando questionado sobre o interesse do aluno pela química, que segundo ele é apresentado de forma satisfatória pela maioria dos mesmos.
Quando questionados sobre o que propõem para melhorar o ensino de química, todos os quatros disseram que é necessária a formação continuada. Nenhum dos professores entrevistados tem formação em Química.
CONCLUSÕES:
Pelos dados observados, é perceptível à concepção do professor de que a Química deve ser atrelada ao cotidiano, mas em contra partida a parte experimental continua ainda meio que separada da teoria, Segundo Millar (apud ARRUDA e LAGURU, 1998) “a ciência é uma troca irredutível entre experimento e teoria, e assim, a separação total entre experimento e teoria não é desejável nem possível”. Já os métodos avaliativos continuam (pela maioria dos entrevistados) seguindo o modelo transmissão/assimilação, Modelo este em que a ciência é vista como algo acabado, priorizando a prova como fator mais forte para a construção do conhecimento.
Outro ponto interessante, nenhum dos quatro professores entrevistados tinha formação na área de química, fator esse que pode comprometer o processo de ensino/aprendizagem, mas é uma realidade nessa área do conhecimento, especialmente no Brasil (LIMA, 2008). Foi perceptível que uma postura educacional mais inovadora proporcionou um maior interesse do aluno.
Podemos concluir, portanto que o ensino de química ainda caminha em passos lentos em relação às novas perspectivas educacionais. Dessa forma se faz necessário um olhar mais atento às praticas pedagógicas dos professores para que a Química faça sentido na vida de seu aluno.
Palavras-chave: Avaliação em Química, Novo Professor, Práticas Docentes.