65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 8. Mineralogia e Petrologia
MINERALOGIA DA APATITA DO COMPLEXO ALCALINO-CARBONATÍTICO DE CATALÃO I, GO
Mateus Araujo Bezerra - Instituto de Estudos Sócio-Ambientais-UFG
José Affonso Brod - Instituto de Estudos Sócio-Ambientais-UFG
Caroline Siqueira Gomide - Instituto de Geociências-UNB
INTRODUÇÃO:
Os depósitos fosfáticos podem ser de três tipos: sedimentar, magmatogênico e biogenéticos. Cerca de 80% dos depósitos fosfáticos brasileiros são de origem ígnea e ocorrem associados a complexos alcalino-carbonatíticos. Segundo o Sumário Mineral Brasileiro (2010), mais de 70% da produção nacional provém da Província Ígnea do Alto Paraíba (APIP), localizada na borda NE da Bacia do Paraná, onde ocorre um conjunto de complexos plutônicos alcalino-carbonatíticos com idades entre 80 e 90 Ma. A origem da APIP está ligada á influência térmica de uma pluma de Trindade que impactou a base da litosfera continental. A APIP é composta por rochas kamafugíticas, kimberlíticas e carbonatíticas e uma das províncias máfico-potássicas volumetricamente mais extensas no mundo. Dos mais de 350 minerais com teores de P acima de 10%, só a apatita é considerada um mineral de minério de P, não havendo substituto. O estudo mineralógico detalhado deste mineral é de extrema importância para a indústria de fertilizantes e para a agricultura. Catalão I está localizado no extremo setentrional da APIP e possui grandes reservas de fosfato. Atualmente, o minério lavrado está localizado no manto de intemperismo, mas, no futuro, será necessário extrair apatita a partir da mineralização primária (substrato rochoso).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem por objetivo caracterizar a variabilidade química e textural da apatita dos depósitos primários de Catalão, e investigar a variabilidade mineralógica do minério.
MÉTODOS:
Para a realização deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico em livros, capítulos de livros e artigos da literatura científica especializada, bem como a criação de um banco de dados fotográficos de amostras de testemunhos de sondagem. Lâminas delgadas de amostras selecionadas (carbonatito, foscorito e nelsonito) foram analisadas em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), modelo JSM – 6610, JEOL, equipado com EDS Thermo Scientific NSS Spectral Imaging, no Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução – LABMIC da Universidade Federal de Goiás, para obtenção de imagens/mapas e dados semi-quantitativos de composição química.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os minerais identificados na lâmina delgada de carbonatito foram apatita, magnetita, dolomita, pirocloro e um carbonato de Ca, Fe e Mg, possivelmente ankerita. Nesta amostra a apatita ocorre como grãos irregulares, geralmente envoltos em magnetita, e contendo pequenas quantidades de Na2O, MgO, Fe2O3, SrO e terras raras (Ce). O F não foi detectado na análise semi-quantitativa. A lâmina delgada de foscorito é caracterizada por grande variabilidade mineralógica, contendo apatita, clinohumita, magnetita, zirkelita, tetra-ferriflogopita, dolomita, serpentina e baddeleyita. A apatita desta amostra é uma fluorapatita, com pequenas quantidades de SiO2, e MgO. Na lâmina delgada de nelsonito foram identificados apatita, Ca-pirocloro, Ba-pirocloro, magnetita, dolomita e Ilmenita. A apatita desta amostra é mais rica em Sr e terras raras do que as demais.
CONCLUSÕES:
O fósforo é um elemento essencial na indústria de fertilizantes e, consequentemente, na indústria agrícola e de alimentos. Os minerais da série da apatita (fluorapatia, hidroxiapatita, cloroapatita e carbonato-apatita) são os únicos considerados minerais-minério de P, e toda a produção mundial deste insumo vem destes minerais. O estudo da apatita e suas paragênese é, portanto, uma contribuição extremamente importante para o conhecimento sobre os depósitos minerais de fosfato e para a otimização na produção de fosfato, necessária para que o Brasil torne-se auto-suficiente na produção de insumos agrícolas. Os depósitos fosfáticos brasileiros, em sua maioria, são de origem magmática, incluindo a apatita do complexo Catalão I. A apatita deste minério é uma fluorapatita de composição relativamente uniforme, não tendo sido observadas zonações ou grandes variações composicionais. Por outro lado, a paragênese encontrada nos diferentes tipos de minério primário analisados é bastante variável, sendo a apatita associadas a outros minerais como magnetita, dolomita, ankerita, pirocloro, tetra-ferriflogopita, baddeleyita, zirkelita e clinohumita.
Palavras-chave: Mineralogia, Apatita, Catalão I.