65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
(IN)SEGURANÇA ALIMENTAR DE FAMÍLIAS RESIDENTES EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DA PARAÍBA, BRASIL
Thaíse Alves Bezerra - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública – UEPB
Ana Carolina Dantas Rocha - Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – UFC
Dixis Figueroa Pedraza - Prof. Dr./Orientador – Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública - UEPB
INTRODUÇÃO:
A alimentação faz parte das necessidades básicas do ser humano. Quando garantida de forma adequada, promove uma nutrição segura, contribuindo para que o indivíduo atinja seu potencial pleno de crescimento e desenvolvimento, com boa qualidade de vida, dignidade e cidadania. No Brasil, nos últimos anos, houve o desenvolvimento de políticas públicas voltadas a combater a fome e a pobreza, com base na concepção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), que define SAN como a efetivação do direto de todos ao acesso a alimentos de qualidade, de forma permanente e regular, a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Para nortear as políticas públicas é relevante identificar as situações de (In)segurança Alimentar e seus fatores envolvidos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar a prevalência de Insegurança Alimentar entre as famílias residentes no município de Queimadas, interior da Paraíba e avaliar a sua associação com as características socioeconômicas e demográficas destas famílias.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo de delineamento transversal, envolvendo 205 famílias com crianças nascidas durante o ano de 2009, residentes em Queimadas, Paraíba no momento da coleta de dados. A Insegurança Alimentar foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que serviu para analisar os níveis de Insegurança Alimentar. As famílias foram classificadas em quatro categorias: (a) Segurança Alimentar: 0 ponto; (b) Insegurança Alimentar Leve: 1 –5 pontos; (c) Insegurança Alimentar Grau Moderada: 6 – 10 pontos; (d) Insegurança Alimentar Grave: 11 – 15 pontos. Foi estudada a associação dos níveis de (In)segurança Alimentar com as características socioeconômicas e demográficas das famílias. Ajustou-se um modelo de regressão logística para examinar a associação dos fatores de risco à Insegurança Alimentar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A aplicação da EBIA revelou que das 205 famílias que participaram do estudo, 65,4% sofriam com a Insegurança Alimentar em diferentes graus; 8,4%, 18,5% e 38,5%, referiram Insegurança Alimentar grave, moderada e leve, respectivamente. Em relação aos dados maternos, 12,2% eram chefes de família; 81% viviam com companheiro, 71,6% declaram-se de cor parda e 12,7% possuíam baixa escolaridade (< 5 anos). Quanto às condições de saneamento básico, verificou-se que 39% dos domicílios não estavam ligados à rede pública de abastecimento de água, 71,2% não tinham acesso a tratamento público de esgoto e 14,1% não possuíam água tratada/mineral para consumo individual. Maiores prevalências de Insegurança Alimentar foram encontradas nas famílias que possuíam benefício de programa social, não dispunham de sanitário no domicílio, nem de descarga no sanitário, bebiam água sem tratamento e o escoamento sanitário realizava-se a céu aberto. Estas diferenças foram inversamente e estatisticamente associadas segundo os níveis de Insegurança Alimentar. A importância de avaliar (In)segurança Alimentar e sua relação com as características socioeconômicas e demográficas fundamenta-se na sua possibilidade de representar um importante indicador de monitoramento da iniquidade em saúde.
CONCLUSÕES:
Os resultados apresentados apontam para uma maior prevalência de Insegurança Alimentar em domicílios com condições socioeconômicas precárias. Estudos que analisam fatores associados à Insegurança Alimentar são decisivos para o planejamento de programas e políticas públicas de caráter preventivo e promoção da saúde.
Palavras-chave: Estudos Transversais, Segurança Alimentar e Nutricional, Fatores Socioeconômicos.