65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: O CASO DA AVALIAÇÃO INTERNA DA UNIVASF NO CONTEXTO DOS SINAES
Dayane Santos Marques - Licenciatura Plena em Química – IFPE
Assis Leão da Silva - Prof. /Orientador – Curso de Licenciatura Plena em Química – IFPE
INTRODUÇÃO:
A percepção do potencial da avaliação como “organizador qualificado” capaz de provocar mudanças substantivas na organização e na identidade institucional no cerne das políticas de avaliação da educação superior no Brasil vem instigando debates acerca do potencial modelador da avaliação adotados nas Instituições de Ensino Superior (IES). Há evidências de fragilidades no tocante a implementação das políticas de avaliação em relação à expertise dos agentes internos no trato com os projetos avaliativos que envolvam democraticamente as comunidades acadêmicas na tomadas de decisões de qualificação das IES. Tais fragilidades desvelam à tendência dos processos de avaliação de neutralizar e silenciar a criticidade em torno da mudança organizacional e identitária das IES, caracterizada pelo diletantismo e o formalismo. Neste trabalho, investiga-se o processo de avaliação interna na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), instituição recente no contexto das Instituições Federais de Educação Superior. Busca-se verificar as possibilidades da avaliação como instrumento de construção identitária e do aprimoramento da gestão. O estudo das questões pertinentes a esse processo se faz necessário diante da escassez de trabalhos empíricos neste campo do conhecimento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a autoavaliação institucional realizada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), considerando sua missão, seu espaço de inserção acadêmica, social e cultural, aporte e natureza, com vistas a verificar as possibilidades e limites da autoavaliação institucional, como instrumento de construção identitária e do aprimoramento da gestão nesta IFES.
MÉTODOS:
A pesquisa desenvolvida foi do tipo documental, analisando como a avaliação interna está sendo retratada nos documentos que envolvem a Comissão Própria de Avaliação (CPA) da UNIVASF. A coleta de dados foi realizada através do site da Instituição. A coleta de dados foi desenvolvida através da elaboração de ficha de catalogação dos documentos, definindo os tópicos da pesquisa: padrão de avaliação, finalidades da avaliação, instrumentos de coletas de dados previstos e realizados, autonomia das propostas em relação ao roteiro de autoavaliação proposto pelo SINAES, operacionalização da autoavaliação, composição da CPA, processo de formulação. Para analise dos dados realizou-se a “crítica do texto”, a “crítica de autenticidade” e a “crítica de origem” (FRAGATA, 1981). Na análise, o primeiro passo realizado foi a crítica do texto identificando a origem e perfil dos autores. Em segundo, o conhecimento das circunstâncias em que surgiram tais documentos. E em terceiro, a crítica do valor interno dos documentos. Tais procedimentos visavam indicar o alcance em que a cultura da avaliação institucional se constituiu na UNIVASF.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise possibilita apontar que o processo de avaliação desenvolvido pela Comissão Própria de Avaliação (CPA), imprime determinadas peculiares à organização à identidade institucional, sobretudo quando associado ao grau de institucionalização da cultura de avaliação institucional. Verificou-se que mesmo diante do empenho da CPA, a avaliação interna ocorreu de maneira fragmentada, desvirtuando a perspectiva global descrita nos documentos do SINAES. Elementos deste processo encontram-se: a multiplicidade de atividades delegadas aos membros da comissão, o amplo universo dos dados, as dificuldades de trabalhá-los, a familiaridade dos membros da CPA com a avaliação, dificuldades na sensibilização e envolvimento da comunidade acadêmica, a fragilidade de articulação da avaliação com as tomadas de decisões ao nível institucional dos aspectos da organização e identidade da IFES. Ocorreu a prevalência da avaliação em trazer aspectos gestionários em detrimento dos aspectos identitários, onde os padrões de qualidade externos (MEC) prevaleceram em relação aos padrões de qualidade originados na própria IFES. Também se verificou o pouco envolvimento dos segmentos da comunidade acadêmica, filtrados na sua participação na representação estabelecida na CPA.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que entre os elementos caracterizados pela análise da pesquisa documental, podem ser destacados: a fragilidade do alcance da cultura de avaliação na perspectiva da avaliação formativa proposta no SINAES; as diferenças que as categorias administrativas e sua organização acadêmica introduzem nesse processo, pois a UNIVASF é uma Instituição Federal nova, oriunda da expansão recente das IFES, Multicampi. As metodologias adotadas para a realização da autoavaliação institucional são semelhantes a maiorias das outras instituições, sendo proeminentemente o questionário, as entrevistas, e o grupo focal. Há fragilidade no processo de implementação da autoavaliação no tocante à consolidação do papel da CPA perante a IFES, além da dificuldade da CPA promover o diálogo entre a comunidade acadêmica e a gestão. Verificando que ainda é baixo o grau de alcance da cultura da avaliação institucional no interior da UNIVASF. Também é evidente a tendência da avaliação externa ditar os padrões de qualidade em detrimento do potencial propositivo da autoavaliação. Neste caso, observa-se que a CPA, busca muito mais burocratizar o processo de avaliação interna do que realmente promover um processo autoavaliação formativo.
Palavras-chave: Política Educacional, Avaliação da Educação Superior, Comissão Própria de Avaliação.