65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
FATORES DE RISCO ASSOCIADOS ÀS ENTEROPARASITOSES DE ESCOLARES PÚBLICOS DA BAHIA
Michael do Carmo Silva - Departamento de Saúde - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Camila Pereira - Departamento de Ciências Biológicas - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
INTRODUÇÃO:
As enteroparasitoses representam um problema de saúde pública no Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, sua prevalência está relacionada intimamente às condições socioeconômicas e ambientais em que o indivíduo vive, ressaltando, as condições de moradia, abastecimento de água, destino do esgoto, lixo e renda salarial. As ações educativas direcionadas à prevenção de parasitoses representam uma boa estratégia de aprendizado. O estudo epidemiológico das enteroparasitoses tem por objetivos determinar as principais doenças e seus respectivos agentes etiológicos, observando a incidência e os fatores associados que favorecem a proliferação dessas parasitoses, para que possam ser diagnosticados e implantados programas de prevenção e tratamento. Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que surgiu como consequência de um projeto de extensão universitária contínuo com o intuito de educar para prevenir. O objetivo deste artigo foi investigar a prevalência e fatores de risco associados às enteroparasitoses em escolares municipais da cidade de Jequié.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho de pesquisa teve o objetivo de investigar a prevalência de parasitas intestinais em crianças de uma escola municipal da periferia do município de Jequié-BA, e os fatores chaves envolvidos na epidemiologia das enteroparasitoses
MÉTODOS:
Foram realizadas atividades de educação em saúde e prevenção parasitária com crianças de faixa etária de 6 a 10 anos de idade, utilizando metodologias lúdicas. Os familiares dos escolares que participaram deste estudo receberam visitas domiciliares e responderam um questionário socioeconômico-demográfico. O questionário foi aplicado ao chefe da família ou pessoa mais capacitada a respondê-lo, para avaliar as condições físicas e sanitárias do domicílio. Os pais dos escolares participaram de reuniões na escola. Durante as reuniões foram distribuídos os coletores com conservante – mertiolate, iodo e formol (MIF) – para a coleta das fezes e os pais que aceitaram assinaram a autorização. Foram realizados 179 exames coprológicos pelo método da sedimentação espontânea com leitura de apenas uma lâmina por paciente. Os resultados dos exames de fezes foram entregues aos responsáveis pela criança durante as reuniões na escola ou na própria residência. Durante as reuniões com os pais, além de viabilizar o tratamento dos escolares contaminados foram realizadas palestras onde foram abordados os temas relacionados à higiene pessoal e prevenção das parasitoses.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das 179 amostras de fezes analisadas, 136 (76%) foram positivas para um ou mais parasitas. O parasita intestinal mais prevalente foi Ascaris lumbricóides 47 (34,6%), seguido do Schistosoma mansoni 36 (26,5%), Giardia lamblia 31 (22,8%), E. histolytica/E. dispar 25 (18,4%), E. coli 22 (16,2%), Trichuris trichiura 19 (14%), Hymenolepis nana 16 (11,8%), Ancilostomídeos 12 (8,8%), Iodamoeba butschili 3 (2,2%), Enterobius vermicularis 1 (0,74%). A avaliação do questionário aplicado às 179 moradias das crianças em estudo mostrou que 172 vivem em casas e 2 em barracos. A grande maioria das casas dos familiares dos escolares amostrados (94,97%) possui água encanada abastecida pelo serviço da rede pública e o lixo é recolhido pela prefeitura em 157 das 179 casas, sendo que nas restantes, em 15 relataram jogar o lixo em terrenos baldios e 7 queimam o lixo. Foi observado que a maior parte das casas analisadas 146 (81,6%) encontra-se próxima à área de risco de contaminação como: esgotos a céu aberto, rio, lagoa, mata e/ou terrenos alagados. Quanto ao aspecto de renda salarial familiar, observou-se que grande parte das famílias, 101 (56,42%), vive com renda menor que um salário mínimo.
CONCLUSÕES:
A má qualidade do planejamento urbano municipal se caracterizou como fator relevante dos altos índices encontrados na pesquisa, evidenciado pela grande quantidade de casas próximas a áreas de risco. A periferização das classes de menor poder aquisitivo, algo histórico em nosso país, praticamente obriga essas famílias a construírem suas residências em locais que representam maior perigo de contaminação por parasitas. Estudos realizados em escolas municipais são de grande importância para determinar as condições de moradias e sanitárias que os escolares vivem. O trabalho lúdico tem papel fundamental no combate às parasitoses e na conscientização de alunos e pais sobre a necessidade da adoção de higiene adequada e boas condições sanitárias. Ficou clara a necessidade de melhorias nas condições de moradias e aumento da renda salarial, além de implantação de programas de práticas educacionais que possam levar instruções e conscientização a respeito da prevenção das parasitoses, principalmente para as intestinais que se apresentaram em alta proporção nos escolares amostrados.
Palavras-chave: Doenças Parasitárias, Fatores de risco, Epidemiologia.