65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
IDENTIFICAÇÃO DE UM NÚCLEO DE DESERTIFICAÇÃO NO MÉDIO VALE DO RIO SALITRE – CAMPO FORMOSO – BAHIA.
Bruno Silva Guirra - Graduando de Licenciatura em Ciências Agrárias – IFBAIANO
Márcio Lima Rios - Prof. MSc./Orientador - Depto.de Licenciatura em Ciências Agrárias – IFBAIANO
Antônio Sousa Silva - Prof. Dr./Coorientador - Depto.de Licenciatura em Ciências Agrárias - IFBAIANO
INTRODUÇÃO:
A desertificação se trata de uma degradação extrema e se aplica a terra, a cobertura vegetal e a biodiversidade, denotando perda da qualidade produtiva em zonas áridas, semiáridas e subúmidas (SÁ et al., 2010). No semiárido brasileiro o autor enfatiza que o processo e desertificação não só se manifesta pela sensibilidade natural do ambiente, mas, sobretudo, pelo uso imposto nesse espaço.
Em alguns locais no semiárido, alterações são tão flagrantes que eles foram reconhecidos como Núcleos de Desertificação, ambientes que representam o efeito máximo do processo de degradação, sendo uma área com grandes manchas desnudas e/ou com cobertura vegetal baixa e sinais claros de erosão do solo (SAMPAIO, ARAUJO E SAMPAIO, 2005); MATALLO JÚNIOR (2001).
Portanto, a identificação de pequenos espaços em desertificação é o primeiro passo no processo de investigação científica sobre as causas e evolução do fenômeno, ao mesmo tempo é fundamental como pré-requisito para programas de ocupação e uso sustentáveis das terras no semiárido brasileiro.
O recorte espacial do médio salitre possui clima semiárido com índices pluviométricos abaixo de 500 mm, caatinga hiperxerófila, solos rasos provenientes de calcário e condições sociais que apontam para uma área altamente vulnerável à desertificação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar um núcleo de desertificação no médio curso da bacia do Salitre no município de Campo Formoso – Bahia a partir das manchas de solos expostos e das marcas deixadas na paisagem pelos intensos processos erosivos lineares e laminares, assim como, apresentar sua área e seus limites espaciais.
MÉTODOS:
Inicialmente foi realizado o levantamento de dados (relatórios e mapas) acerca do local pesquisado, onde foram compiladas informações demográficas, sociais e naturais.
O segundo passo foi uma vista de campo para reconhecimento, georreferenciamento de algumas das extremidades da área em processo de desertificação. Nesta mesma visita, foi realizada a aplicação de questionários semi-estruturados junto aos moradores dos povoados de Lagoa Branca, Poço da Pedra e Taboa.
O terceiro passo foi à interpretação e classificação de um recorte de Imagem do Satélite CBRES - Sensor HRC, banda pancromática com resolução espacial de 2,5 m. Utilizando o Software Spring 5.1.8 foi delimitada uma área continua de solo exposto e em estágio avançado de degradação. A validação do polígono foi feita a partir de visitas de campo georreferenciadas.
No quarto passo, em campo, foi realizado registro fotográfico de marcas erosivas nos solos e a determinação das dimensões e formas de uma das inúmeras voçorocas encontradas na área, capaz de estimar a perda de solo (m³) proporcionada pela existência da voçoroca. O ultimo passo foi sistematização dos dados e a edição do mapa do núcleo de desertificação do médio curso do rio salitre utilizando o Arcgis 9.2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em Lagoa Branca, Poço da Pedra e Taboa vivem aproximadamente 75 famílias, das quais 26 foram entrevistadas, como resultado, tem-se 81% vivendo com menos de um salário mínimo. As atividades desenvolvidas são predominantemente, 82%, agricultura de sequeiro e pecuária extensiva (caprinos e ovinos). Em relação a percepção da comunidade, constatou-se os maiores percentuais para a existência de degradação das terras. Quando questionados sobre o processo de desertificação, 74% afirmaram não conhecer o fenômeno.
Em campo foram registradas marcas de erosão laminar: pedestais, alta pedregosidade superficial e raízes expostas na superfície do solo; marcas de erosão linear: sulcos ou microrravinas, ravinas e voçorocas; além de cicatrizes de movimento de massa. As medidas realizadas em uma voçoroca indicaram uma incisão de 320 m de comprimento, largura média de 5,9 m, profundidade média de 2 m, com dimensões que abrange uma área de aproximadamente 1.888 m², e correspondendo a um volume de solo retirado em torno de 3.776 m³.
Apesar do reconhecimento de campo ocorrer numa pequena área, por sensoriamento remoto e generalização das características apresentadas acima, determinou-se que o núcleo espacial em desertificação é relativamente extenso, abrangendo uma área continua de 61,5 Km².
CONCLUSÕES:
Diversos autores afirmam que nas áreas em processo de desertificação existe uma alta incidência de pobreza, e que as informações apresentadas permitem afirmar que as comunidades investigadas possuem grandes limitações econômicas provocadas pela baixa renda e pelas dificuldades de produção, aspectos que agravam o quadro social da população.

Na percepção da comunidade as terras estão em processo de degradação, mas os moradores não reconhecem esse fenômeno como desertificação, o que pode agravar a situação local, devido a falta de informação em relação ao desencadeamento desse fenômeno.
A área no médio Salitre, que compreende as comunidades de Salgado, Lagoa Branca, Taboa, Poço da Pedra, Saquinho e Abreus, forma-se um núcleo de desertificação, pois, tem-se a presença de manchas de solos expostos com vegetação em dificuldade de regeneração e também marcas de intenso e generalizado processo de erosão linear e laminar, características fundamentais do fenômeno da desertificação no semiárido brasileiro.
Palavras-chave: Desertificação, Mapeamento, Degradação do Solo.