65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
Desempenho de Campoletis flavicincta (Hymenoptera: Ichneumonidae) parasitando lagartas de três, cinco ou sete dias de idade de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae)
Adinéia Alves Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Guilherme Dantas de Faria - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Débora Macedo Paronetto - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Adeniara Moane Felipe - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
INTRODUÇÃO:
O controle de Spodoptera frugiperda é realizado quase que exclusivamente com pulverização de inseticidas sintéticos, que geralmente eliminam os inimigos naturais. A forma como os agentes de controle biológico afetam a dinâmica populacional das pragas é essencial para programas de Manejo Integrado de Pragas (Ashley, 1979).
Diversos inimigos naturais atuam no agroecosistema da olericultura ou outros cultivos, interagindo com S. frugiperda (Figueiredo et al., 2006). O parasitóide de lagartas Campoletis flavicincta (Hymenoptera: Ichneumonidae) oviposita seus ovos no interior de lagartas de primeiro e segundo estádios de S. frugiperda e completa sua fase larval no interior do hospedeiro (Dequech et al., 2005). Uma fêmea pode parasitar em média até 358 lagartas de S. frugiperda, sendo que estas reduzem o consumo foliar para apenas 6,9% em relação à alimentação daquelas não parasitadas (Cruz et al., 1997).
Estudos de biologia de inimigos naturais são fundamentais para se estabelecer um programa de criação massal, cuja eficiência começa no estabelecimento da multiplicação dos indivíduos em laboratório.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a preferência do estágio hospedeiro de S. frugiperda pelas fêmeas do parasitóide C. flavicincta.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, no Laboratório de Criação de insetos (LACRI) em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil. O delineamento foi inteiramente casualizado com 10 casais de C. flavicincta. Cada casal recebeu 72 lagartas de S. frugiperda, sendo 24 de três, de cinco ou de sete dias de idade, ao mesmo tempo, em três ofertas consecutivas. As fêmeas do parasitóide tiveram livre escolha da fase do hospedeiro para oviposição.
Amostras de 10 lagartas de cada idade de S. frugiperda foram utilizadas para determinar o tamanho do corpo e da cápsula cefálica que representariam os insetos ofertados como hospedeiros para o parasitóide. As ofertas foram diárias, com parasitismo de 24 horas.
Dentre os parâmetros avaliados considerou-se o número de lagartas parasitadas, percentagem de parasitismo, período larval e período pupal do parasitóide, de acordo com as diferentes idades das lagartas hospedeiras. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O parasitismo de C. flavicincta por lagartas de S. frugiperda foi efetivo nas três idades do hospedeiro, porém, a preferência foi maior por lagartas de cinco dias de idade de S. frugiperda, cujo parasitismo foi de 79,7%, sendo superior ao observado em lagartas de três ou sete dias (62,6 e 55,7%), respectivamente.
O número de lagartas parasitadas na primeira oferta foi maior que nas demais ofertas, independente da idade do hospedeiro. Isto mostra preferência por lagartas de tamanho intermediário. Uma fêmea parasitou em média, 52 lagartas na primeira oferta, 38,1 e 32 lagartas na segunda e na terceira oferta, respectivamente.
A duração do período larval na primeira oferta foi menor nos hospedeiros de cinco dias (9,1 dias) e maior naqueles de três ou sete dias, 10,5 e 10,1 dias, respectivamente, sem diferença entre as médias. Na terceira oferta o período larval foi semelhante entre as três idades dos hospedeiros.
O período pupal foi semelhante entre as médias dos hospedeiros de três e cinco dias na primeira e segunda oferta, sendo que as diferentes idades dos hospedeiros não apresentaram diferenças para terceira oferta. No entanto, se observarmos a média geral de cada oferta, percebe-se que não houve diferença nesta fase, cujos valores variaram de 8,0 a 8,3 dias.
CONCLUSÕES:
A menor duração da fase larval e pupal conferem um ciclo total menor do parasitóide, o que pode favorecer sua criação massal em laboratório. Por outro lado, conhecendo-se a fase do hospedeiro de maior preferência do parasitóide, aumenta-se a probabilidade de sucesso das liberações em campo.
Palavras-chave: Controle biológico, Inimigo natural, Interação parasitóide-hospedeiro.