65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
AS INTERFACES DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA: UM ESTUDO DE CASO
Magali Filheiro - Discente/apresentadora do curso de Terapia Ocupacional - UFSM
Andressa Ribas Mildner - Discente do curso de Terapia Ocupacional - UFSM
Juliana Prestes Ferigollo - Discente do curso de Terapia Ocupacional - UFSM
Natássia Leilane Schmitt - Profa/Orientadora do curso de Terapia Ocupacional –UFSM
Taísa Gomes Ferreira - Profa do curso de Terapia Ocupacional – UFSM
INTRODUÇÃO:
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença hereditária progressiva. As manifestações clínicas se iniciam na infância com enfraquecimento muscular progressivo, até o comprometimento atingir toda a musculatura esquelética e surgirem problemas cardíacos e respiratórios. A DMD não tem cura, porém a atuação de uma equipe de reabilitação pode trazer grandes contribuições. A atuação da Terapia Ocupacional nos casos de DMD centra-se na função humana, principalmente nas funções locomotoras, que podem gerar complicações emocionais, isolamento social, déficits cognitivos, dentre outras. Salienta-se que sujeitos com DMD são dependentes na realização de tarefas simples voltadas para as atividades de vida diária. Para isso, a Tecnologia Assistiva (TA) surge como um meio de auxiliar as ações do terapeuta ocupacional, proporcionando à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho, de acordo com as necessidades do usuário. Portanto, este trabalho justifica-se pela necessidade de apresentar a interface de duas tecnologias para um adolescente com distrofia muscular, levando em conta suas necessidades vitais e seus desejos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como objetivo apresentar a intervenção terapêutica ocupacional com enfoque nas tecnologias assistivas junto a um adolescente com distrofia muscular progressiva.
MÉTODOS:
Desenvolveu-se um estudo, através do atendimento terapêutico ocupacional de L.; sexo masculino, 18 anos, com o diagnóstico médico de Distrofia Muscular de Duchenne. O mesmo é dependente em todas as atividades de vida diária. O paciente foi encaminhado para o atendimento de Terapia Ocupacional por uma agente de saúde da Unidade de Estratégia da Saúde da Família Augusto Binato. O estudo foi realizado no período de março a junho de 2012, na disciplina de Estágio Supervisionado na Comunidade. Propomos o termo de consentimento livre e esclarecido, onde obtivemos autorização para publicar o caso. Na avaliação terapêutica ocupacional observou-se que o adolescente não apresenta mais movimento nos MMII, e nos MMSS somente alguns movimentos de punho, polegar e região cervical, e dos músculos que atuam no equilíbrio de tronco; sem reação de defesa. Percebeu-se, que havia um esforço muscular em se manter na posição sentado, devido à ação gravitacional, prejudicando a sobrevida deste sujeito. Então, confeccionou-se uma cunha de posicionamento, sob medida, que visou o conforto e o melhor posicionamento prevenindo complicações. Interface a este recurso, pensando no lazer e interação social, confeccionou-se uma adaptação de cuia, pois L. gostaria de ser independente para tomar o chimarrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados obtidos em ambas as tecnologias confeccionadas foram satisfatórios para o sujeito. Primeiramente, a cunha de posicionamento, priorizando suas necessidades vitais, pois diminuiu a ação dos músculos que promovem o equilíbrio de tronco, o que manterá essa função por um período maior de tempo. Posteriormente, foi realizada a adaptação para cuia, respeitando seu desejo, proporcionando maior satisfação e independência na realização desta ação e ainda uma maior interação social com amigos e familiares. Percebeu-se na interface das duas tecnologias confeccionadas que estas além de melhorar as questões funcionais e vitais podem proporcionar lazer ao sujeito, contribuindo assim, para uma maior qualidade de vida. Terapeutas ocupacionais tem como ações prioritárias identificar as necessidades vitais do sujeito, assim como contemplar as necessidades que ele considera essencial, já que ele possui a condição de nos dizer o que considera satisfatório ou não em sua vida. A partir da integração da visão do profissional e do sujeito assistido é que poderá se pensar nas melhores tecnologias e intervenções.
CONCLUSÕES:
A TA é um dos pilares da Terapia Ocupacional e possibilita que os sujeitos atendidos possuam maior independência, autonomia, satisfação e contribui para que se mantenham saudáveis. Essas ações visarão, sempre, a melhor qualidade de vida, inserção do sujeito na sociedade evitando o isolamento social e, também, proporcionando momentos de lazer. O estudo e vivência desse caso proporcionou que ampliássemos nosso olhar, quanto profissionais, para além das solicitações e indicações de outros profissionais (tendo em vista que trabalhamos de forma integrada). Também possibilitou que observássemos e priorizássemos a intervenção nas questões vitais, sem deixar de contemplar aquilo que é importante para o mesmo. Com isso, concluímos que o olhar do Terapeuta Ocupacional deve visar o sujeito de forma integral e jamais se restringir em intervir nas questões aparentes. É preciso atentar e avaliar com precisão a fim de identificar as reais necessidades e quais delas precisam ser imediatas, porém sem deixarmos de lado a necessidade trazida por ele, sabendo identificar o momento certo para cada ação.
Palavras-chave: Distrofia Muscular de Duchenne, Terapia Ocupacional, Tecnologia Assistiva.