65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
O GÊNERO Callianthe Donnell (MALVACEAE, MALVOIDEAE) EM PERNAMBUCO, BRASIL.
Cleyanna Souza Bunzen - Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Ciências Biológicas - UPE
Wêndeo Kennedy Costa - Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Ciências Biológicas - UPE
Pedro Augusto Barros de Oliveira - Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Ciências Biológicas - UPE
George Sidney Baracho - Prof. Dr./Orientador - Laboratório de Biologia Vegetal- UPE
INTRODUÇÃO:
Callianthe Donnell é um gênero da tribo Malveae (Malvoideae, Malvaceae) que compreende 39 espécies de arbustos ou arvoretas neotropicais com centro de diversidade no leste do Brasil. O gênero integra a aliança Batesimalva e difere dos demais gêneros de Malvaceae pelos carpelos (e estiletes) 8-14(-16), 4-13-ovulados, parede interna estrelado-pubescente; mericarpos 8-14(-16), escleróticos, uniloculares, dorsalmente deiscentes, margem dorsal inteira ou com projeções laterais laceradas, externamente estrelado-tomentosos e internamente estrelado-pubescentes. Embora a taxonomia de Callianthe seja intrincada e com várias espécies crípticas, estudos moleculares têm sugerido a possível monofilia do grupo como resultado da segregação de todas as espécies de Bakeridesia subg. Dipteron Hochr. e de várias espécies com flores vistosas e pluriovuladas referidas a Abutilon. Apesar de monofilético, o grupo possui delimitações ainda pouco esclarecidas e estudos taxonômicos voltados exclusivamente para espécies brasileiras de Callianthe são inexistentes e necessários. Desta forma, este trabalho é uma contribuição à Flora de Pernambuco e aos múltiplos estudos que vêm sendo desenvolvidos com a tribo Malveae no Brasil, com especial ênfase aos representantes da flora do Nordeste do país.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho consiste no estudo florístico e taxonômico das espécies de Callianthe Donnell ocorrentes em Pernambuco, contribuindo não só com os caracteres diagnósticos das espécies estudadas, como também fonte de informação para a taxonomia e diversidade das espécies do gênero e afins para o leste do Brasil.
MÉTODOS:
Foram realizadas coletas de amostras de Callianthe em áreas úmidas e do semiárido no Estado de Pernambuco, sendo parte do material coletado fixada em FAA 50% por 48h e conservada em etanol 70% (Johansen, 1940) e outra parte herborizada (Forman & Bridson, 1989), cujas exsicatas encontram-se depositadas no herbário Prof. Geraldo Mariz (UFP) da Universidade Federal de Pernambuco. Além disso, foram feitos levantamentos nos acervos dos herbários CEPEC, EAN, HST, F, IPA, JPB, NY, PEUFR, UFP e US, incluindo a análise de tipos físicos e eletrônicos. Posteriormente, foram realizados estudos botânicos e identificações taxonômicas com base na literatura especializada e realizados a partir dos espécimes coletados no campo e no acervo disponível nos herbários consultados. As análises morfológicas das partes vegetativas e reprodutivas serviram para a descrição das espécies, assim como as morfodiagnoses macroscópicas auxiliaram as ilustrações botânicas a partir de estereomicroscópio binocular e câmara-clara Zeiss.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Callianthe está representado em Pernambuco por apenas quatro espécies, correspondendo a 5% das atuais 80 espécies de Malvoideae ocorrentes no estado: Callianthe andrade-limae (Monteiro)Donnell, C. bezerrae (Monteiro)Donnell, C. pickellii (Monteiro)Donnell e C. purpurascens (Link) G.S.Baracho, esta última proposta como uma nova combinação. As espécies encontram-se nos remanescentes úmidos da Mata Atlântica e nos Brejos de Altitude, em indivíduos isolados nos bordos das florestas e em elevações até 1.100 m.s.n.m. Embora Callianthe seja morfologicamente um grupo bastante homogêneo em relação aos demais gêneros a ele associados (isto é, Abutilon Mill. s.s., Bakeridesia Hochr. s.s. e Gaya Kunth), evidenciada pela sua natureza monofilética, as espécies ocorrentes em Pernambuco possuem natureza críptica e uma grande similaridade morfológica. As espécies são evidenciadas pelo porte ornamental arbustivo-arborescente, cálice cupuliforme flocoso ou lanuginoso, prefloração contorta, corola campanulada, amarela, e mericarpos 10-12, escleróticos e muitas vezes com suturas dorsais laceradas, sendo bastante provável que estudos futuros proponham algumas sinonimizações, já que Callianthe ainda não foi taxonomicamente revisado.
CONCLUSÕES:
Apesar da uniformidade evidenciada nos mericarpos escleróticos de , o que separa suas espécies dos demais representantes de Malvoideae ocorrentes em Pernambuco, a semelhança morfológica dos órgãos vegetativos e reprodutivos das espécies é bastante evidente, principalmente quanto aos caracteres relacionados com o hábito, tipo de indumento e tricoma, cálice e inflorescências. Desta forma, sugere-se que o grupo possui delimitações ainda pouco esclarecidas, o que tornam necessários estudos taxonômicos voltados para as espécies de ocorrentes no Brasil, seu principal centro de dispersão e diversidade. Ainda, o uso de novas ferramentas taxonômicas deve ser incentivado, a exemplo de análises morfoanatômicas dos caracteres epidérmicos foliares e de seus anexos como fonte de informação relevante para a distinção e melhor delimitação das espécies estudadas. A nova combinação aqui proposta eleva para 40 o número de espécies de Callianthe, 28 das quais ocorrem no Brasil.
Palavras-chave: Flora de Pernambuco, Malvales, Caatinga.