65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas
O ENSINO DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (FLE) A ALUNOS DEFICIÊNTES VISUAIS (DVS) SOB UMA PERSPECTIVA METACOGNITIVA.
Yanara Barbosa de Andrade - Depto. de Letras Estrangeiras Modernas - UFPB
Betânia Passos Medrado - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Letras Estrangeiras Modernas - UFPB
INTRODUÇÃO:
É necessário que os alunos tenham em mente quais objetivos alcançar na aprendizagem de uma língua estrangeira e de como fazer para que eles se concretizem, cabendo ao professor mediar esse processo. Assim, o ensino de FLE sob uma perspectiva metacognitiva pode ajudar o trabalho a ser realizado em sala de aula atendendo aos objetivos inicialmente traçados de ambas as partes. Segundo Burón (1999), “[...] as estratégias de aprendizagem são modos de aprender mais e melhor com menos esforço”, uma vez que, o aluno será induzido a refletir sobre como seus processos cognitivos funcionam. Portilho (2011) também argumenta que “[..] é a tomada de consciência do conhecimento que a pessoa tem sobre suas possibilidades e limitações [...]” que permite a própria mente trabalhar melhor identificando quais estratégias possibilitam ou interferem no seu próprio aprendizado. A ausência de visão talvez exija um pouco mais de esforço de alunos DV, sendo necessário que estes ativem estratégias aprendizagem (EA) mais específicas e muitas vezes subjetivas, por isso optamos por direcionar nossos estudos às EA metacognitivas, já que a necessidade em compreender como alunos DV trabalhavam e conduziam seu aprendizado era prioridade em nossas pesquisas e fator essencial à elaboração das aulas e atividades.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar se alunos cegos fazem uso das Estratégias Metacognitivas (EM) para otimizarem sua aprendizagem de língua francesa.
MÉTODOS:
A metodologia que escolhemos para nossa pesquisa é de caráter qualitativo-interpretativista, uma vez que atuamos dentro de um contexto real, no qual temos desenvolvido uma compreensão de nossas ações e dos alunos nos processos interativos. Além disso, entendemos que não somos observadores passivos desse contexto, uma vez que estamos enraizados em nossos próprios significados (BORTONI-RICADO, 2008). Este trabalho está situado no âmbito do projeto – O ensino de língua estrangeira a deficientes visuais: inclusão social, políticas educacionais e formação de professores (PIBIC). Partimos para uma análise das respostas obtidas através de uma entrevista realizada com um dos alunos do curso de extensão em língua francesa. O aluno e colaborador desta pesquisa tem 24 anos e é concluinte do curso de Letras em Línguas Vernáculas na UFPB. A coleta de dados foi estruturada em quatro momentos: 1) feitura de diários reflexivos (pós-aulas) para identificar de forma mais atenta, momentos importantes e relevantes a esta pesquisa que possivelmente passaram despercebidos no decorrer das aulas; 2) elaboração de questionário; 3) entrevista (gravada e transcrita) e 4) análise e interpretação dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir da análise da entrevista e dos diários reflexivos, pudemos identificar que o aluno não tinha consciência de como aprendia melhor e que também não sabia descrever a maneira como estudava, além de demonstrar nas aulas desorganização e até ausência de sistematização dos conteúdos e das ferramentas que utilizava para estudar (anotações, resumos, etc.), e isso estava dificultando sua aprendizagem de FLE. A partir das primeiras análises, mudamos a condução das aulas e introduzimos atividades que incentivassem o uso das EM e em decorrência disso observamos que o aluno pode, aos poucos, apropriar-se destas, que foram ganhando cada vez mais espaço nas das diversas atividades propostas em sala de aula. Como resultado disso, percebemos uma melhora significativa na forma de organizar os estudos e consequentemente nos resultados obtidos, por este, com relação à aprendizagem.
CONCLUSÕES:
Pudemos concluir que a princípio o aluno não fazia uso das estratégias metagognitivas, mesmo que estas sejam uma alternativa para otimizar a aprendizagem. A falta de utilização das EM, observadas nas entrevistas e principalmente nas gravações, evidenciaram que a maneira desorganizada e assistemática que o mesmo conduzia sua aprendizagem e como isso refletia negativamente nos resultados obtidos por ele quanto à evolução da aquisição do francês, nos levou a concluir que ensino de FLE sob uma perspectiva metacognitivas pode sim ajudar e conscientizar os alunos levando à um caminho que possibilite a inserção no real processo de ensino-aprendizagem, e isso pode ser comprovado pela melhora aparente dos resultados que o aluno apresentou depois que as aulas foram conduzidas de uma forma em que as EM fossem utilizadas nas atividades que foram realizadas. Atentamos ainda mais para a importância de alunos DV utilizarem essas estratégias, para que possam se remeter mais facilmente aos conteúdos vistos em sala, pois como nos afirma Cerchiari (2011) “[...] as possibilidades de acesso à informação escrita ainda são bastante limitadas [...]”, ou seja, os materiais didáticos adaptados para eles se tornam escassos ou quase inexistentes.
Palavras-chave: Deficiente visual, Ensino de FLE, Estratégias metacognitivas.