65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica
IDENTIFICAÇÃO DE RIPARINAS ANTIBACTERIANAS PRESENTES EM PLANTAS AMAZÔNICAS UTILIZANDO MÉTODOS in Sílico
Juliete Pimentel de Araújo - Dep. de Química - UEA
Enrique Molina Pérez - Profo. Dr./Orientador - Dep. de Quimica - UEA
Ademir Castro e Silva - Profo. Dr./Co-Orientador - Dep. de Ciências Biológicas - UEA
INTRODUÇÃO:
As riparinas são compostos bioativos principalmente de origem natural que apresentam atividade antibacteriana, entre outros efeitos terapêuticos conhecidos (antimicrobiano, anti-inflamatório, antibiótico, antinociceptivo, antiplasmidial). Sua variabilidade estrutural faz com que os estudos de relação estrutura atividade (QSAR) sejam uma alternativa de identificação confiável. A predição da atividade antibacteriana das riparinas e a determinação dos principais requerimentos estruturais responsáveis pela atividade estudada são as problemáticas abordadas neste projeto por nosso grupo de trabalho. O estudo dessas estruturas apresentam um interesse adicional relacionado com a baixa toxicidade e efeitos colaterais dos compostos naturais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Predizer a atividade antibacteriana de riparinas conhecidas e não avaliadas, a partir de um modelo teórico estadístico desenvolvido de uma base de dados de fármacos antibacterianos, os mais usados na terapêutica, e o estudo de certos requerimentos estruturais identificados nas riparinas conhecidas (de origem sintética ou natural), utilizando métodos in Sílico.
MÉTODOS:
O procedimento foi realizado em três etapas: (i) confecção das bases de dados de compostos antibacterianos e de riparinas (conhecidas e não avaliadas), (ii) desenvolvimento de um modelo teórico estatístico conformado por compostos ativos (antibacterianos) e compostos inativos (com atividade farmacológica diferente: analgésicos, antihistamínicos, tuberculostáticos, neurolépticos, diuréticos, antihipertensivos, anticonvulsivantes, antiasmáticos, anticuagulantes e calmantes / hipnóticos) a partir de uma Análise de Discriminação Linear (ADL), e (iii) identificação dos requerimentos estruturais que influenciam na atividade antibacteriana das riparinas. Para a realização do trabalho se utilizaram softwares que facilitaram o cálculo das diferentes tipologias estruturais (MODESLAB) e o emprego de técnicas estatísticas multivariadas (STATISTICA). Pôde-se obter um modelo teórico estatístico ótimo e robusto de correlação estrutura – atividade (QSAR).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para melhor análise deste estudo, foram definidas duas Base de Dados (BD-um e BD-dois). A primeira base de dados incluiu compostos ativos antibacterianos e compostos inativos (com outro tipo de atividade farmacológica); a segunda base de dados foi constituída por quarenta e cinco riparinas (naturais e sintetizadas). A (BD-um) foi utilizada para desenvolver o modelo teórico estatístico (MTE), obtido a partir de uma Análise de Discriminação Linear (ADL). A matriz de classificação para a (BD-um) foi: compostos ativos (noventa e quatro vírgula sete por cento) e para os compostos inativos (cem por cento). Foi predita a atividade antibacteriana das riparinas (BD-dois) com o MTE. A matriz de boa classificação neste caso foi (noventa e sete vírgula oito por cento). Para tanto, pôde-se identificar os principais rasgos estruturais das riparinas sendo: (i) o efeito dos substituintes elétron doador (OH e OCH3), (ii) o efeito da acetilação sobre os grupos OH e NH, e (iii) o efeito de formação de um anel heterocíclico. Com isso observou-se que a atividade aumentou com o número de grupo OH e a presença de grupos OCH3. Visto que também a acetilação e a formação de um anel heterocíclico favoreceu a atividade antibacteriana das riparinas.
CONCLUSÕES:
Com este estudo, observou-se que as riparinas identificadas têm alta probabilidade de ser ativas como bactericidas ou bacteriostáticos. Os compostos estudados formam parte de um grupo de compostos naturais presentes em plantas, particularmente em espécies vegetais utilizadas na medicina popular da Amazônia contra processos infecciosos: Aniba riparia (Ness) Mez, (Lauraceae). Os rasgos estruturais estudados, associados à atividade das riparinas, podem formar parte das futuras estratégias de desenho e síntese de novas riparinas antibacterianas.
Palavras-chave: Atividade Antibacteriana, Riparinas, QSAR.