65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
VIABILIDADE DE CAPTURA DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) EM AGREGADOS RECICLADOS EXPOSTOS À CARBONATAÇÃO ACELERADA
Charles Prado Ferreira de Lima - Laboratório de Engenharia Civil – CCT / UENF
Guilherme Chagas Cordeiro - Prof. Dr./ Orientador - Laboratório de Engenharia Civil – CCT / UENF
INTRODUÇÃO:
Pode-se dizer que a construção civil é uma das fontes propulsoras do desenvolvimento econômico e social. Entretanto, a mesma é responsável pelo consumo de 12 a 16% de água potável, 25% de madeira, 30 a 40% da energia, além de gerar cerca de 40% do total de resíduos, dos quais 15 a 20% são depositados em aterros. Um dos principais problemas atuais consiste na emissão de gases intensificadores de efeito estufa, e a construção civil tem um importante papel, pois grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) são gerados anualmente em operações associadas a essa atividade. Estudos indicam, que cerca de 7% de todo CO2 antrópico emitido estão associados à produção de cimento Portland, que é a principal matéria-prima da construção civil. Neste cenário, é necessário que haja meios que contribuam para minimizar tais problemas ambientais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem por objetivo o estudo da captura do dióxido de carbono (CO2) por meio da carbonatação acelerada de agregados reciclados confeccionados com argamassa para aplicação em produtos cimentícios.
MÉTODOS:
O agregado reciclado utilizado no estudo foi produzido em laboratório sob condições controladas. Neste caso, foi produzida uma argamassa composta por cimento Portland CP V ARI, areia quartzosa e água (traço 1:3; a/c = 0,5), conforme os procedimentos da NBR 7215 (1996). Após 28 dias de cura por imersão, a argamassa foi britada e classificada, produzindo um agregado miúdo de granulometria semelhante a uma areia natural média do rio Paraíba do Sul. Amostras do agregado foram mantidas em uma câmara de carbonatação para promover a fixação do CO2. A fixação desse gás nas amostras de agregado reciclado após a exposição foi feita pela quantificação da calcita (CaCO3) por meio de análise termogravimétrica. Os agregados reciclados com e sem carbonatação foram caracterizados, ainda, com base em ensaios de massa específica, difração de raios X e microscopia eletrônica de varredura. Em seguida, foram produzidas novas argamassas com agregados reciclados, com e sem carbonatação acelerada, e seu desempenho foi avaliado em ensaios de resistência à compressão e absorção total de água.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os agregados natural e reciclados apresentaram granulometrias similares. Além disso, a carbonatação acelerada promoveu a fixação de CO2 pela formação da calcita, que foi devidamente quantificada em ensaios de termogravimetria. Ensaios físicos e mecânicos realizados em argamassas produzidas com agregados natural e reciclados, com e sem carbonatação acelerada, indicaram a viabilidade de uso dos agregados reciclados e a fixação de CO2, com possibilidades de obtenção de créditos de carbono a partir do seu emprego em larga escala.
CONCLUSÕES:
A utilização de agregados reciclados expostos à carbonatação acelerada para a produção de novas argamassas pode contribuir para minimizar dois grandes problemas ambientais associados à construção civil: a intensificação do efeito estufa causada pela emissão de gases e o armazenamento indevido dos resíduos de construção e demolição. Além disso, o emprego de um agregado reciclado de boa qualidade é uma interessante alternativa aos agregados naturais para a construção civil.
Palavras-chave: Agregado reciclado, Termogravimetria, Emissão de CO22.