65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
ARTESANATO PARINTINENSE: IDENTIDADE, RENDA E INCLUSÃO SOCIAL.
Anne Caroline da Silva Rodrigues - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Paulo Isaac Gonçalves de Souza - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Albanora Teixeira da Silva Rodrigues - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Lena Andrea Lima Muniz - Profa. Msc./Orientadora - Depto. de Ciências Sociais - UEA
INTRODUÇÃO:
Ao longo de sua evolução, o ser humano desenvolveu habilidades que o permitiu transformar matérias-primas em objetos indispensáveis para sua sobrevivência. Os primeiros objetos produzidos pelo homem eram artesanais. O Brasil produz artesanatos artísticos e de utilidades diversas que caracterizam a identidade de cada região. Na Região Norte há predominância do artesanato indígena, que faz parte do folclore, revela usos, costumes e tradições. O artesanato representa o sustento de muitas famílias e comunidades amazônidas. Em Parintins, município amazonense conhecido internacionalmente pela festa dos Bois-Bumbás Garantido e Caprichoso, centenas de indivíduos incorporam elementos da natureza e da cultura local em seus trabalhos artesanais e os comercializam para os milhares de turistas que visitam a cidade durante o ano inteiro. O artesão apresenta-se como agente fundamental na propagação da cultura e informalmente contribui para o desenvolvimento da economia parintinense. Nessa conjuntura, este trabalho de pesquisa busca identificar e mostrar o perfil socioeconômico dessa classe, sua importância e contribuição para o desenvolvimento do Município de Parintins/AM.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar o modo de vida do artesão parintinense, sua contribuição socioeconômica no desenvolvimento do município de Parintins/AM.
MÉTODOS:
O público alvo tomado como base de estudo para este trabalho foram os artesãos do município de Parintins. Antes de iniciar a coleta de dados, os artesãos foram informados do objetivo e da liberdade em participar ou não do estudo. Aplicaram-se 25 questionários que continham 20 perguntas abertas e fechadas, dispostas em questões socioeconômicas e de percepção, distribuídos aleatoriamente nos principais ateliês da cidade. A pesquisa foi realizada por 3 pesquisadores no mês de março de 2013, pela parte da tarde, e utilizaram-se dados primários e secundários para subsidiar este trabalho de pesquisa. Os dados coletados foram agrupados em planilhas Excel para tabulação, onde foram gerados gráficos e tabelas, para facilitar a análise e compreensão, de modo a responder aos objetivos propostos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apontam que a maioria, 67% dos entrevistados são homens, se consideram caboclos, são casados e responsáveis economicamente por suas famílias. Os artesãos parintinenses estão distribuídos em diversas faixas etárias, onde predominam os que têm em média 35 anos. A maioria possui casa própria, vivem na sede do município, todos têm filhos, em média 3 por artesão. Quanto à escolaridade, 60% possuem o ensino fundamental incompleto, 40% informaram ter concluído o ensino médio. Percebeu-se que dois são os motivos que levaram os pesquisados tornarem-se artesãos: a tradição familiar e a falta de opção. Destes, 75% trabalham a mais de 5 anos e 25% exercem essa atividade a menos de 3 anos, faturam em média até 3 salários mínimos por mês, porém, percebe-se que a maioria destes indivíduos recebem algum benefício do governo, com destaque ao Bolsa família. Os insumos para a confecção de seus trabalhos são oriundos da zona rural, vindos principalmente da Agrovila do Mocambo e adjacências. Em relação à satisfação com sua atividade, a maioria diz se sentir feliz por transmitirem a cultura e os valores locais. Os artesãos sabem, em sua maioria, de sua importância para a difusão da arte e do folclore parintinenses e sua contribuição econômica do município.
CONCLUSÕES:
A importância deste trabalho demonstra-se ao nos permitir identificar as condições socioeconômicas dos artesãos, ao explanar sobre o seu perfil e contribuição para o desenvolvimento de Parintins. Percebe-se que o artesanato parintinense, é uma alternativa importante para a inclusão dos indivíduos, que dele sobrevivem. O ofício é tradicionalmente herdado de pai para filho, ou surge espontaneamente como uma habilidade singular do individuo. O artesanato é ainda, uma das principais fontes propagadoras do Festival Folclórico de Parintins, realizado todos os anos no último final de semana do mês de junho, que é o período de maior comercialização das peças artesanais. No entanto, a atividade necessita de mais apoio por parte do poder público, no que tange a valorização cultural e artística, visto que o artesanato parintinense dá identidade ao povo da região e sua comercialização colabora, ainda que informalmente, para a economia do município.
Palavras-chave: Modo de vida, Economia, Cultura.