65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
O MANEJO SUSTENTÁVEL DAS ÁGUAS URBANAS E AS ÁREAS POBRES DE CAMPINA GRANDE: RISCOS E VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Ana Carolina Nogueira Santos - Graduanda – Unidade Acadêmica de Geografia, UFCG – Campina Grande /PB.
Luiz Eugênio Pereira Carvalho - Prof. Dr./Orientador - Unidade Acadêmica de Geografia, UFCG – Campina Grande /PB
INTRODUÇÃO:
Este projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (PIBIC –CNPQ) fazendo parte do Grupo de Pesquisa Cidade e Região formado por professores e alunos do curso de Geografia da Universidade Federal de Campina Grande.
Este texto irá tratar especificamente das áreas pobres de Campina Grande que apresentam-se como áreas de risco a inundações e enchentes. Nessa perspectiva, essa pesquisa identificou dentre as ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) institucionalizadas em Campina Grande áreas que são caracterizadas como de risco a enchentes, definindo assim como áreas objetos de estudo as ZEIS Catingueira, Riacho de Bodocongó – Bairro das Cidades e a Invasão de Santa Cruz. Para essas duas áreas é apresentando o mapeamento da ocupação das margens do Riacho de Bodocongó como indicativo de causa dos eventos de enchentes na área.
Este projeto justifica-se pela pequena quantidade de trabalhos publicados sobre essa temática na cidade de Campina Grande, o que ressalta a importância dessa pesquisa, tendo em vista a relevância de produção confiável dessas áreas pobres que podem subsidiar a elaboração e efetivação de políticas públicas nessas áreas. O estudo dessa temática, a elaboração e disponibilização de trabalhos realizados nessas áreas pobres, alem de contribuir com os órgãos públicos para a efetivação de políticas publicas como citado acima, pode auxiliar também aos moradores do local a reconhecerem que habitam em uma área de risco.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar e mapear situações de risco nas áreas pobres de Campina Grande, considerando os diferentes graus de vulnerabilidade social. Pesquisar e sistematizar elementos sobre estudos que desenvolveram a temática do risco ambiental e da vulnerabilidade socioambiental em Campina Grande, mais especificamente em suas áreas pobres; Elaborar mapas temáticos considerando a situação de risco das ZEIS.
MÉTODOS:
As primeiras etapas da pesquisa consistiram no levantamento bibliográfico, em sites e bibliotecas, de textos que tratassem de temas relacionados a pesquisa.
Considerando a importância para este trabalho, e para as pesquisa na área de geografia de uma forma geral, do uso de ferramentas de cartografia digital e de sistemas de informações geográficas foi necessário realizar coleta de arquivos digitais com mapas do município de Campina Grande, além de informações espacializadas sobre as áreas de risco na cidade. Para isso, foi feito contato com órgãos municipais - Secretaria de Planejamento (SEPLAN) e Defesa Civil de Campina Grande - que disponibilizaram documentos digitais, especialmente cartográficos. Assim, os documentos cartográficos digitais foram tratados através da utilização do software ArcGis 9.3 para a elaboração de mapas temáticos e delimitação das áreas de proteção permanente às margens do Riacho de Bodocongó. Para este fim, utilizou-se ainda como recurso imagens do Google Earth para melhor visualização das áreas analisadas.
Foram realizadas também pesquisas de campo em ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) de Campina Grande independentemente da existência de risco socioambiental. Durante esta etapa da pesquisa, foi possível identificar quais dessas áreas poderiam ser classificadas como área de risco de enchente ao associar a observação da situação com entrevistas a moradores, documentos da Defesa Civil e informações sobre a frequência de eventos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com a realização das visitas as ZEIS de Campina Grande foi possível identificar quais dessas áreas poderiam ser classificada como áreas de risco, tornando possível a delimitação das áreas de estudo para esse projeto, desse modo a ZEIS Catingueira / Riacho do Bodocongó – Bairro das Cidades e a ZEIS Invasão de Santa Cruz foram selecionadas como áreas de estudo dessa pesquisa, tendo em vista que tratam-se de áreas que sofrem com enchentes nos períodos de alta pluviosidade por se situarem próximas ao riacho de Bodocongó.
As áreas correspondentes as ZEIS Catingueira, Riacho do Bodocongó- Bairro das Cidades e Invasão de Santa Cruz são reconhecidas pela Defesa Civil de Campina Grande como áreas de risco, devido à freqüência de eventos de enchentes e inundações nessas áreas.
Nos trabalhos de campo realizados constatou-se que as casas mais atingidas com as enchentes são aquelas localizadas, na Rua Tianguá do Bairro das Cidades, nas Ruas João Francisco de Melo e Francisco Procópio dos Santos na Catingueira e na Rua Fortaleza no Bairro Santa Cruz.
A ausência do poder público nessas áreas pobres pode ser comprovada nessas ZEIS, onde foi possível observar a ausência de calçamento e de esgotamento sanitário, falta do fornecimento de água encanada ou fornecimento feito de maneira irregular, casas construídas com taipas, etc. E esses problemas representam não só a realidade das duas áreas estudadas, mas está presente em diversas áreas pobres das cidades brasileiras.
CONCLUSÕES:
Diante da problemática exposta, pode-se observar que todos esses problemas persistem pela ausência de políticas públicas e de planejamento urbano nesses locais. Nas ZEIS Catingueira, Riacho do Bodocongó- Bairro das Cidades e Invasão de Santa Cruz as casas foram construídas muito próximas ao Riacho de Bodocongó desrespeitando a dinâmica dos rios, e com o aumento da pluviosidade em alguns meses do ano, essas casas acabam sendo alagadas. Não construir nessa faixa de terra indica o respeito à dinâmica natural de cheia e vazante dos rios de ambiente tropical.
Porém, torna-se um erro culpar os moradores pela construção de suas casas nessas áreas de risco, como também pela resistência ao abandono desses locais, esses moradores são apenas vitimas dessas políticas excludentes presentes nas cidades brasileiras.
Durante a pesquisa foi perceptível a ausência dos poderes públicos nessas áreas, em uma conversa informal com uma moradora do Bairro das Cidades, ela nos relatou que muito pouco é feito pelos órgãos responsáveis por aquela população, e que grande parte das ações da Defesa Civil só ocorrem no momento do evento quando eles pedem a retirada da população da área.
Desse modo, diante do que foi apresentado entende-se aqui que a pesquisa cumpriu o seu objetivo proposto de identificar e caracterizar dentre as dezoito ZEIS as áreas que se apresentam como áreas de risco a inundações e enchentes.
Palavras-chave: Riscos Ambientais, Vulnerabilidade Socioambiental, ZEIS- Campina Grande-PB.