65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
ENSINO DA MATEMÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: PERCEPÇÃO DOS GRADUANDOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – CAMPUS X
Minervina Joseli Espíndola Reis - UNEB/Campus X
INTRODUÇÃO:
Os cursos de Pedagogia devem favorecer ao graduando condições favoráveis para uma sólida formação teórica e uma prática reflexiva e crítica que o permita exercer a profissão de professor de modo competente e comprometido com processo de formação de seus alunos. O que implica a construção dos saberes matemáticos pelos egressos desse curso. Consideramos que não favorecer uma consistente formação matemática durante a graduação de Pedagogia poderá comprometer o ensino e aprendizagem da Matemática nos primeiros anos do Ensino Fundamental. A importância do saber matemático no processo de formação do indivíduo hoje é inquestionável, e é reconhecido que esse conhecimento pode promover melhores condições de interagir e intervir com o mundo em que vive. A não aprendizagem de determinados conteúdos matemáticos nos primeiros anos escolares pode comprometer o desempenho escolar dos alunos nos anos seguintes, uma vez que a base do conhecimento matemático inicia-se nessa fase escolar. Numa sociedade que se diz democrática, é imprescindível que todo cidadão tenha condições significativas para a construção do conhecimento matemático, pois desenvolver as competências matemáticas é uma necessidade social. Daí a relevância da pesquisa
OBJETIVO DO TRABALHO:
Conhecer e analisar como os discentes do curso de licenciatura em Pedagogia do Departamento de Educação – Campus X – da Universidade do Estado da Bahia se relacionam como a Matemática no cotidiano e como percebem o ensino da Matemática no processo de formação do pedagogo.
MÉTODOS:
A opção metodologia foi feita de acordo com o objetivo geral da pesquisa, por isso, a escolha pela concepção de pesquisa qualitativa, na perspectiva da abordagem “Estudo de Caso”. Utilizamos também a abordagem quantitativa, para os aspectos passíveis de quantificação. A pesquisa conta com a participação de um grupo de 81 (oitenta e um) discentes do curso de Licenciatura em Pedagogia do Departamento de Educação – Campus X da Universidade do Estado da Bahia. O único critério estabelecido na escolha dos colaboradores foi que o discente colaborador deveria estar cursando Pedagogia no referido Departamento. O questionário aberto foi aplicado em sala de aula em que se realiza o curso, no mês de março de 2012. Os entrevistados não foram identificados, optamos em identificá-los apenas como discente e o número referente ao questionário respondido por ele. Exemplo: Dis. 1. Após várias leituras das respostas obtidas nos questionários, iniciamos os gestos de interpretação. O entrecruzamento das informações obtidas permitiram a construção de unidades temáticas de análise. A análise detalhada do material, teve como embasamento as diversas leituras efetuadas sobre o tema. Para interpretação das informações utilizamos a “Análise de Conteúdo”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Sobre o modo como o discente percebe a Matemática na vida cotidiana a pesquisa demonstra que 72% participantes percebem a presença da Matemática no cotidiano, 27% associam o conhecimento matemático à presença de números e 1 % não percebe a Matemática no seu dia a dia. 71% dos participantes considera que não possui conhecimentos matemáticos para ser professor nos primeiros anos do Ensino Fundamental, 18% afirmam que possuem conhecimento parcial, 5% não souberam responder, e 6% consideram que sim. Esses dados nos remetem a uma séria questão: o analfabetismo matemático, a ideia de que o conhecimento matemático é para poucos, apenas alguns privilegiados conseguem compreender a matemática. Em relação às dificuldades encontradas para realizar atividades que requerem conhecimentos matemáticos específicos, para 57% dos participantes a dificuldade é devido a falta de conhecimentos básico, para 32% a dificuldade é não saber interpretar o problema, 7% falta afinidade com a Matemática e 4% não encontram dificuldades. A partir de uma análise atenta dos resultados das políticas de avaliação do ensino na Educação Básica podemos afirmar que muitos alunos terminam a Educação Básica sem desenvolver as habilidades e competências básicas da Matemática.
CONCLUSÕES:
A pesquisa confirma a necessidade de discutir a presença da Matemática no processo de formação do Pedagogo. Em alguns relatos, percebemos um sofrimento, uma angústia diante das atividades que requerem conhecimentos matemáticos para serem resolvidas. A aquisição do conhecimento básico da Matemática continua, sendo para alguns discentes do curso de Pedagogia, um desafio a ser vencido, um saber a ser construído.
As metodologias inadequadas, empobrecem e desvalorizam o conhecimento matemático, essa prática fortalece a ideia errônea de que a Matemática é algo muito difícil de ser aprendido, por isso poucos conseguem ter acesso a tais conhecimentos. Os discentes reconhecem a necessidade de completar os estudos realizados na graduação em relação aos conhecimentos matemáticos, esse reconhecimento é importante, pois transforma o discente em sujeito do seu percurso de formação. Os cursos de Pedagogia, por sua vez, precisam assumir uma liderança na promoção de estratégias que possibilitem a imersão dos estudantes no universo do conhecimento matemático. A Matemática deve ser vista com um conhecimento necessário, uma forma de linguagem que constituem o universo simbólico.
Palavras-chave: Formação de professor, Saber matemático, Currículo.