65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
INTERAÇÕES POTENCIAIS DURANTE O TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES ALCOÓLICAS AGUDAS NOTIFICADAS EM UM CENTRO DE INFORMAÇÃO E ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA
Joyce Dalline Silva Andrade - Departamento de Farmácia - Universidade Federal de Sergipe-UFS
Michele de Santana Vasconcelos - Departamento de Farmácia - Universidade Federal de Sergipe-
Taynara dos Santos - Departamento de Farmácia - Universidade Federal de Sergipe-UFS
Danielle Cristine Almeida Silva de Santana - Departamento de Ciências Farmacêuticas-Universidade Federal de Pernambuco-UFPE
Laís Cristina Santana Sena - Residência Multiprofissional Integrada em Saúde do Adulto e do Idoso-HU-UFS
Fernando José Malagueño de Santana - Departamento de Farmácia - Universidade Federal de Sergipe-UFS
INTRODUÇÃO:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia que 50% dos agravos ligados às bebidas alcoólicas aplicam-se ao seu uso crônico. Os outros 50% podem ser imputados à embriaguez aguda. Nesta categoria se enquadram aqueles que não são considerados alcoolistas ou consumidores prejudiciais, mas aqueles que sofreram algum dano à saúde pelo consumo excessivo. Outro aspecto importante do uso de bebidas alcoólicas refere-se ao risco de interações potenciais com inúmeras outras substâncias químicas, incluindo drogas ilícitas e medicamentos. Nessa perspectiva, as interações potenciais tornaram o consumo de bebidas alcoólicas associada a outras substâncias psicoativas uma prática frequentemente perigosa, uma vez que os efeitos depressores característicos do consumo de bebidas alcoólicas também podem ser potencializados após administração de medicamentos sedativo-hipnóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, ansiolíticos ou narcóticos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar, quantificar e classificar as potenciais interações medicamentosas durante o tratamento das intoxicações alcoólicas agudas notificadas no Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Sergipe (CIATOX- SE).
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido em uma população de 4.271 pacientes com intoxicação alcoólica aguda notificados no CIATOX de Sergipe, no período de janeiro de 2009 a julho de 2011. Foram incluídos na amostra os pacientes diagnosticados com F10.0 (Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool- intoxicação aguda) segundo a CID-10. O tamanho da amostra representativa da população calculado foi de 297 prontuários médicos, adotando uma margem de erro de 5% e um intervalo de confiança de 95%. Dessa forma, 300 casos foram selecionados e analisados quanto às interações potenciais. Foram excluídos da amostra os formulários, registros e prontuários rasurados, ilegíveis, inacessíveis e pertencentes a pacientes que, durante o atendimento médico, foram transferidos para outros hospitais. Para identificar e classificar as interações medicamentosas, a base de dados utilizada na pesquisa foi o site Drugs.com – Drug Information Database. Todas as informações obtidas foram organizadas e analisadas através do programa Epi Info versão 3.3 for Windows.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No atendimento médico-hospitalar, foram prescritos 52 medicamentos, numa média de 3,2 (±2,16) por paciente. Quarenta (77%) destes medicamentos apresentaram risco de interação potencial e, consequentemente, elevado risco de ineficácia terapêutica e/ou agravo no quadro clínico dos pacientes intoxicados. Interações potenciais foram identificadas em 182 (60,6%) prontuários médicos, quantificando 496 possíveis interações. Dentre estas, 197 (44,22%) foram identificadas como interações medicamentosas e 299 (55,78%) como interações entre o agente tóxico e os medicamentos usados no tratamento das intoxicações alcoólicas agudas. Neste sentido, entre os medicamentos usados no atendimento médico-hospitalar, os fármacos fenitoína (12,5%), diazepam (20,5%), e metoclopramida (28,8%) estiveram envolvidos em mais da metade das interações medicamentosas potenciais (61,80%) e merecem atenção especial. Dentre as interações, 15 (3%) foram classificadas como risco leve, 458 (92,4%) como moderado e 23 (4,6%) como grave.
CONCLUSÕES:
No presente estudo, observou-se uma alta frequência de interações potenciais que podem contribuir para redução da segurança no atendimento médico dos pacientes com intoxicação alcoólica aguda. Faz-se o alerta quanto à necessidade de uma minuciosa revisão no manejo e tratamento destes indivíduos ao corpo clínico das unidades hospitalares, visando à redução das complicações a saúde.
Palavras-chave: Álcool, Tratamento medicamentoso, CIATOX.