65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
PURIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ATIVIDADE ANTICOAGULANTE DOS POLISSACARÍDEOS PRESENTES NA CASCA DE Geoffroea spinosa Jacq.
Francisco Diego da Silva Chagas - Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central - FECLESC/UECE, Coord
Racquel Oliveira da Silva - Laboratório de Fisio-Farmacologia da Inflamação, Insituto Superior de Ciências B
Juliana da Costa Madeira - Laboratório de Fisio-Farmacologia da Inflamação, Insituto Superior de Ciências B
Ana Maria Sampaio Assreuy - Laboratório de Fisio-Farmacologia da Inflamação, Insituto Superior de Ciências B
Maria Gonçalves Pereira - Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Cen
INTRODUÇÃO:
As plantas apresentam uma gama de compostos que podem ser aplicados na área biomédica. Polissacarídeos de plantas superiores são considerados moléculas bioativas com atividades anti-inflamatória, antiviral, imunoestimulante, imunomuduladora, anticoagulante. Geoffroea spinosa, conhecida popularmente como marizeira, umari ou mari, é encontrada principalmente no nordeste brasileiro, sendo sua entrecasca utilizada na prevenção de doenças como anemia aguda. Já demonstramos que os polissacarídeos totais da casca de G. spinosa possuem atividade antitrombótica e elevados teores de ácido hexurônico, segundo a literatura essas moléculas estão intimamente relacionadas à atividade anticoagulante.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivou-se purificar, caracterizar e avaliar a atividade anticoagulante dos polissacarídeos isolados da casca de G. spinosa.
MÉTODOS:
A espécie foi coletada no distrito de Custódio-Quixadá/CE, exsicata nº 46796. As cascas foram lavadas, secas e maceradas. O pó (5 g) foi suspenso em metanol (1:50, p/v), homogeneizado (2 h, 60 °C), filtrado e centrifugado (3.500 rpm, 15 min., 25 °C) – repetido 2x. O resíduo foi suspenso em NaOH 0,1M (1:50, p/v), homogeneizado (2h, 97 °C) e centrifugado nas mesmas condições – repetido 3x. Sobrenadantes foram reunidos, neutralizados, concentrados, precipitados (4x volume de etanol) e centrifugado. O precipitado foi dialisado, centrifugado e o sobrenadante liofilizado, obtendo-se os polissacarídeos totais-PLT. Estes foram dissolvidos em água destilada (2:1, p/v) e aplicados em cromatografia de troca iônica (DEAE-celulose) equilibrada com água. A coluna foi inicialmente lavada com água e as frações acídicas eluídas com NaCl (0,1; 0,25; 0,5 M). Os PLT e as frações foram analisados quimicamente quanto aos teores de carboidratos totais-CT, ácido hexurônico-AH e proteínas totais-PT. A atividade anticoagulante foi avaliada pelo teste do tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPA), de acordo com as especificações do fabricante (BIOS diagnóstica) utilizando plasma humano obtido de doadores saudáveis (Termo de Cooperação Mútua entre a UECE e o Centro de Hemoterapia do Ceará).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os PLT mostraram rendimento de 5,1%, com teores de CT, AH e PT de 48%, 71% e 9%, respectivamente. O cromatograma obtido da cromatografia de troca iônica revelou três frações polissacarídicas majoritárias, FI, FII e FIII, eluídas respectivamente com 0,1; 0,25 e 0,5 M de NaCl. FII (28%) e FIII (12%) apresentaram maiores rendimentos em relação à FI (11%). Os percentuais de CT, AH e PT para FI foram de 38,2%, 29,5% e 3,5%, respectivamente. FII (CT-43% e AH-56,6%) e FIII (CT-49,2% e AH-61,2%) revelaram teores mais elevados de carboidratos e ácido hexurônico com baixos contaminantes protéicos (FII-2,8% e FIII-3%). Os PLT (0,1 mg/ml) prolongaram o tempo de coagulação sanguínea em 4,4x (144,2s ± 2,1). FI e FII não prolongaram o tempo de coagulação nas concentrações de (0,016, 0,033, 0,066 e 0,1 mg/ml). Já FIII (0,066 mg/ml) prolongou o tempo de coagulação em 3,7x (121s ± 9,5), respectivamente. O elevado teor de CT e AH em comparação ao de proteínas, demonstra a eficiência do método de extração e purificação utilizado. O alto teor de ácido hexurônico e o prolongamento no tempo de coagulação, como observado para os PLT e a fração FIII, corrobora com os dados da literatura, sugerindo que tal atividade esteja relacionada com a presença desses resíduos na cadeia polissacarídica.
CONCLUSÕES:
Os polissacarídeos isolados da casca de G. spinosa mostraram elevados teores de ácido hexurônico e apresentaram atividade anticoagulante in vitro (PLT e fração FIII).
Palavras-chave: Geoffroea spinosa, Polissacarídeos, Coagulação.