65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE DUAS ÁREAS DE CAATINGA NA RPPN – FAZENDA NÃO ME DEIXES, QUIXADÁ – CE
Sânia Nayara dos Santos Freitas - Universidade Estadual do Ceará
Paula Kaianny da Silva Mota - Universidade Estadual do Ceará
Vaneicia dos Santos Gomes - Profa. Orientadora - Dpto de Ciências Biológicas UECE
INTRODUÇÃO:
O bioma caatinga apresenta uma grande variedade de paisagens gerando assim uma grande riqueza biológica e muito endemismos. Está localizado na região semi-árida do Nordeste e em uma pequena parte de Minas Gerais. Caatinga é um tipo de floresta baixa, espinhenta, dominada por arbustos e árvores de pequeno porte, que, caracteristicamente, perdem suas folhas durante a estação seca (Albuquerque & Bandeira, 1995) apresentando muitas Bromeliaceae, Euforbiaceae e Cactaceae (Coimbra-Filho & Câmera, 1996). A caatinga apresenta uma vasta heterogeneidade florística e fisionômica, caracterizada por várias formações vegetais que se constituem numa vegetação estacional decidual. De acordo com Sampaio (1995), a heterogeneidade de fatores abióticos que atuam em diferentes escalas, tais como, precipitação e solos, tem sido apontada como fator gerador da grande variabilidade florística e fisionômica no domínio da caatinga. O
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar um estudo florístico de duas áreas de caatinga, no Sertão Central do Ceará, visando obter subsídios para futuras ações de conservação; Conhecer a composição florística de duas áreas de caatinga que estão em pousio a quinze e trinta anos; Comparar a diversidade de espécies entre as duas áreas;
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), Fazenda Não me Deixes, Quixadá, Ceará. Foram amostradas apenas a vegetação arbustivo-arbórea delimitadas nas parcelas de fitossociologia em duas áreas de caatinga. O número de parcelas amostrais de 20 m x 10 m obedeceu à curva do coletor. Considerou-se caatinga conservada a área com 30 anos sem a prática agricultura, pecuária extensiva e nenhuma extração de madeira, e a área de caatinga alterada foi definida como a que há 15 anos encontra-se sem atividade agrícola, mas que suporta uma pecuária bovina sazonal e eventualmente sofre extração de madeira de forma seletiva.
Foram realizadas coletas mensais da flora arbustivo-arbórea, entre os meses de fevereiro de 2011 a setembro de 2012. O material botânico foi coletada de acordo com técnicas usuais propostas por Mori et al. (1999). A identificação foi realizada, por comparações com exsicatas
já identificadas depositadas no herbário Prisco Bezerra (EAC) e por consultas à literatura especializada.. A identificação das famílias de plantas seguiu o APG III (2009). Para a grafia
correta dos nomes das espécies e autores, consultou-se o sítio do Missouri Botanical Garden (http:// www.mobot.org,)
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A área de caatinga mais conservada apresentou maior riqueza com 21 famílias e 47 espécies de plantas do que a área de caatinga antrofizada, pois nesta foram registrada 21 espécies distribuídas em 11 famílias. Dentre as espécies registradas temos Aspidosperma pyrifolium Mart. , Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos , Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng . As famílias mais ricas na área conservada foram Fabaceae (17 espécies), Euphorbiaceae (8) e Combretaceae (3) enquanto que na área antrofizada a família mais rica foi Fabaceae com oito espécies seguida pelas famílias Combretaceae, Euphorbiaceae e Boraginaceae com apenas duas espécies cada. A riqueza da Fabaceae e Euphorbiaceae na caatinga é registrada em vários trabalhos (Araújo et al.,1995 e 1998; Sampaio 1996). As espécies mais abundantes na área conservada foram Croton blanchetianus Baill, Piptadenia stipulacea (Benth) Ducke, Combretum leprosum Mart. enquanto Croton blanchetianum, Cordia sp e Croton sonderianus Mull. Arg. foram mais abundantes na área antrofizada. As Euphorbiaceae e as Fabraceae apresentaram um maior número de indivíduos nos dois ambientes. As Cactaceae, Apocynaceae e Malvaceae foram encontradas apenas na área conservada, isso ocorre devido a supressão da vegetação na área antrofizada.
CONCLUSÕES:
As áreas estudadas encontram-se com sua vegetação em processo de recuperação, estando a área antrofizada em processo de degradação acentuada enquanto que a área de caatinga em
pousio por 30 anos apresenta um melhor estado de conservação e conseqüentemente uma maior diversidade, tanto em número de famílias, quanto em número de espécies. As Euphobiaceae e Fabaceae são famílias que apresentaram o maior número de indivíduos em todos nos dois locais estudados bem como o maior número de espécies. Croton blanchetianus Baill. e Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke foram as espécies mais abundantes em ambas as áreas.
Palavras-chave: Caatinga, Flora, Quixadá/CE.