65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
Futuros professores e o ensino de astronomia: estudo de possibilidades e de diálogos de formação
Bernadete Benetti - Profa. Dra. / Universidade Estadual Paulista / FFC UNESP Marília
Eugenio Maria de França Ramos - Prof. Dr. / Universidade Estadual Paulista / IB UNESP Rio Claro
Denis Eduardo Peixoto - Mestrando em Ensino de Ciências PECIM / UNICAMP
INTRODUÇÃO:
Apresentamos neste trabalho parte de uma pesquisa sobre formação de futuros professores para o Ensino de Ciências realizada junto a graduandos de Pedagogia da UNESP, na cidade de Marília, São Paulo, no ano de 2012. A pesquisa de natureza qualitativa teve por objetivo verificar a relevância da formação para o trabalho com tópicos de Astronomia para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Após minicurso de 16 h, os participantes elaboraram projetos de ensino, que foram implementados em salas de duas escolas publicas da cidade de Marilia, SP. Além do minicurso foram oferecidos diferentes textos para estudo, bem como acompanhamento durante a elaboração dos planos de aula. A análise dos diferentes momentos do trabalho evidenciou a carência de tais conhecimentos, contudo o minicurso e o apoio oferecido aos graduandos, possibilitou a construção de atividades didáticas consistentes e inovadoras. Entendemos que disciplinas optativas sobre Educação de Astronomia poderiam ser criadas e inseridas na estrutura curricular de cursos de Licenciatura, como os de Pedagogia, contribuindo não só para mudança na postura do professor, mas também para uma maior inserção desses tópicos em salas de aula.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar atividades de formação de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental para o ensino de Ciências, particularmente com tópicos de Astronomia.
MÉTODOS:
Desenvolvemos o trabalho segundo o paradigma de pesquisa qualitativa, realizando observações e registros com características etnográficas, acompanhando atividades dos futuros professores.
Inicialmente desenvolvemos um curso temático, com a carga horária de 16 h em 3 dias. No primeiro dia focamos o Sistema Solar, seus constituintes e alguns de seus movimentos, comparando os movimentos dos principais astros com os movimentos de nosso planeta. No segundo dia tratamos dos movimentos da Terra, do Sol e da Lua e, organizamos os alunos em grupos e solicitando que elaborassem modelos para explicar os fenômenos: a ocorrência das Estações do ano, dos Eclipses e das fases da Lua. Dessa forma, pudemos analisar concepções preliminares acerca de fenômenos astronômicos relacionados ao nosso cotidiano, uma vez que os participantes esboçaram modelos explicativos para os fenômenos em foco. No período noturno realizamos uma sessão de observação do céu com a ajuda de um telescópio. No terceiro dia enfocamos a Evolução Estelar e a História da Astronomia, demonstrando o porquê de observarmos estrelas com cores e brilhos variados, assim como os principais marcos da História da Ciência relativos à Astronomia.
Por fim, solicitamos aos participantes elaborassem um projeto de aulas para alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e acompanhamos seu desenvolvimento para aplicação em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após o curso temático iniciamos a discussão com os licenciandos sobre os projetos elaborados visando a sua implementação juntos as salas de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Surgiram várias dúvidas quanto ao conteúdo, bem como quanto a abrangência dos temas a serem desenvolvidos nos diferentes anos, revelando mais uma vez o pouco domínio do conteúdo, e o consequente comprometimento da organização do trabalho. Como discutido por Shulman (1986,1987), Gauthier (1998), o trabalho do professor se fundamenta em diferentes saberes, sendo um deles o conhecimento do conteúdo especifico. Percebemos que os licenciandos foram aos poucos se apropriando dos conteúdos a serem trabalhos e desenvolveram atividades interessantes envolvendo alunos e professoras das salas em que atuaram. Para o Sistema Solar além de multimídias, solicitaram aos alunos que construíssem um modelo usando massinhas de modelar para representar os planetas, colocando-os em suas órbitas. Para apresentação das fases da Lua optou-se pela apresentação dos conceitos de maneira lúdica utilizando uma dinâmica com esferas de isopor personalizadas, como sugerido por pesquisadores da área - Bisch (1998), Canalle (1997), Leite (2006), Puzzo (2005), Scarinci & Pacca (2006), dentre outros.
CONCLUSÕES:
Os dados obtidos nos diferentes momentos de observação e análise dos projetos de ensino, revelaram um avanço no entendimento dos conteúdos e a opção por procedimentos didáticos com atividades mais participativas.
Consideramos que as oportunidades oferecidas no minicurso para que os licenciandos expusessem suas ideias sobre os diferentes fenômenos foi fundamental para uma reelaboração de seus conceitos, pois, como discutido por Carvalho (2004), os professores, assim como os alunos, apresentam modelos que se não forem externalizados para uma reflexão podem não sofrer alterações e superação de erros conceituais.
Com base nas ideias de Shulman (1986,1987), Gauthier (1998) e Tardif (1991), consideramos o professor como sujeito que reflete sua prática e mobiliza conhecimentos no exercício da docência, entre eles o conhecimento do conteúdo específico. A carência desse conteúdo limita a ação do professor, que evitam temas de Ciências, particularmente Astronomia.
Diante disso, entendemos que minicursos ou disciplinas optativas sobre Ensino de Astronomia poderiam ser inseridos na Licenciatura em Pedagogia, contribuindo para que os professores sintam-se seguros quanto ao domínio do conteúdo e, consequentemente, promovam uma maior inserção desses tópicos em salas de aula na Educação Básica.
Palavras-chave: Formação de Professores, Ensino Fundamental - Anos Iniciais, Ensino de Astronomia.