65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
FAUNA EDÁFICA EM AGROECOSSITEMA DE CORTE E QUEIMA SOB POUSIO
Francisco Everson da Silva Raulino - Universidade Estadual do Ceará
Antônio Wlisses da Silva - Universidade Estadual do Ceará
Antônia Fátima Pinheiro - Universidade Estadual do Ceará
Jamili Silva Fialho - Profa. Dra./Orientadora - Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:
O manejo da agricultura de corte e queima exerce influência sobre a fauna edáfica por modificar seu hábitat, o solo. O uso de práticas que favorecem o desmatamento, a queimada e a exploração abusiva da capacidade do uso do solo têm acarretado uma diminuição na biodiversidade da fauna edáfica, a instabilidade de ecossistemas e uma redução na qualidade do solo, podendo provocar processos como a erosão e desertificação. Diante desse contexto, a degradação do solo é a principal ameaça à sustentabilidade agrícola (MAROUELLI, 2003) e, por conta disso, o solo tem sido objeto de grande preocupação devido às diversas formas de degradação que vem sofrendo (CATANOZI, 2004).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Geral: Identificar a composição da fauna edáfica em agroecossistema de corte e queima sob pousio. Específicos: Determinar a diversidade, riqueza, abundância e uniformidade da fauna edáfica da área em estudo; Comparar a diversidade, riqueza, abundância e uniformidade da fauna edáfica em agroecossistema sob pousio com ecossistema natural.
MÉTODOS:
A amostragem da fauna do solo (meso e macrofauna) foi realizada através da instalação de armadilhas de queda (“pitfall-traps”) ao longo do maior eixo da área analisada, onde foi traçada linha (transecto) com pontos amostrais espaçados em dez metros. Foram lançados três transectos, espaçados em 10 m. As armadilhas foram preenchidas com líquido conservante (álcool 53% e 2 gotas de detergente, para quebrar a tensão superficial da água) até 1/3 da sua capacidade. Após instalação, as armadilhas permaneceram no campo por 7 dias. Posteriormente, as armadilhas foram levadas para o laboratório e seu conteúdo foi transferido para solução de álcool 70%.
A identificação, ao nível de grandes grupos taxonômicos (classe, ordem ou família), foi realizada vertendo o conteúdo dos frascos em placa de Petri e os organismos foram observados sob microscópio estereoscópico. A partir dos resultados obtidos foram calculados: densidade dos grupos em número de indivíduos por armadilha por dia; riqueza de grupos (número de grupos identificados); diversidade e uniformidade da área (MOÇO et al., 2005; PIMENTEL et al., 2006; SOUZA et al., 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletados 61,37 indivíduos por armadilha por dia, com riqueza média de 13,36. Os índices de Shannon e Pielou foram de 2,03 e 0,41, respectivamente. Observou-se a predominância de alguns grupos como Entomobryomorpha (56%), Formicidae (24%), Acari (9%), Coleoptera (3%), Outros (3%), Araneae (1%), Diptera (1%), Lepidoptera (1%), Orthoptera (1%), Symphypleona (1%). Avaliando ecossistema conservado Pinheiro (2012) coletou 47,74 indivíduos por armadilha por dia , com riqueza média de 11,50. Obteve 3,0 e 0,65 nos índices de Shannon e Pielou, respectivamente. Os grupos taxonômicos da fauna do solo mais representativos encontrados por Pinheiro (2012) em ecossistema conservado foram: Symphypleona (30%), Poduromorpha (17%), Acari (15%), Coleoptera (15%), Formicidae (14%), Entomobryomorpha (4%), Diptera (2%), Thysanoptera (2%) e Hymenoptera (1%). Os índices que calculam a diversidade ( Shannon) e a uniformidade ( Pielou) foram menores em agroecossistema sob pousio comparados a ecossistema conservado. O grupo Entomobryomorpha apresentou uma grande representatividade em agroecossistema de corte e queima sob pousio, porém, o mesmo não foi observado em ecossistema conservado, podendo este ser considerado bioindicador da ação antrópica.
CONCLUSÕES:
Há uma menor diversidade e uniformidade em agroecossistema sob pousio comparado com ecossistema conservado, porém há um maior número de indivíduos por armadilha por dia e riqueza média. Alguns grupos dominaram, como por exemplo: Entomobryomorpha e Formicidae. Ambos alimentam-se de outros organismos e de resíduos de plantas (MOÇO, 2005).
Palavras-chave: manejo agrícola, solo, diversidade.