65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
CÂNCER ESOFÁGICO: PREVALÊNCIA DOS PRINCIPAIS TIPOS HISTOLÓGICOS NUM CENTRO DE REFERÊNCIA DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
Rodolfo Vagner Xaubet - Curso de Medicina - UFSM
Carolina Spat Javorsky - Curso de Medicina - UFSM
Augusto da Silva Lang - Curso de Medicina - UFSM
Renato Borges Fagundes - Prof. Dr. / Orientador – Depto.de Clinica Médica - UFSM
INTRODUÇÃO:
Os principais tipos histológicos de câncer esofágico (CE) são o carcinoma de células escamosas (CCE) e o adenocarcinoma (AC), que apresentam diferenças epidemiológicas extremamente acentuadas. Nos Estados Unidos, Europa, China e Cingapura têm sido relatados aumento do adenocarcinoma nas últimas décadas, principalmente nos EUA (onde é o tipo mais prevalente desde aproximadamente 1990). O CE tem uma incidência mais alta no Rio Grande do Sul (RS), quando comparado com outras regiões do Brasil e os dados referentes aos tipos histológicos são escassos e se desconhece se a mudança do padrão observado nas populações norte-americanas, européias e asiáticas ocorre também no Rio Grande do Sul.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar a prevalência dos dois principais tipos histológicos de CE e identificar alterações no padrão epidemiológico desta neoplasia em Centro Universitário de referencia para a região central do estado do Rio Grande do Sul, nos últimos 20 anos.
MÉTODOS:
Realizado estudo retrospectivo no período compreendido entre Janeiro de 1993 e Dezembro de 2012, tendo como base o banco de dados do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Santa Maria. Os casos foram identificados utilizando as palavras chave: câncer do esôfago, carcinoma epidermóide do esôfago, adenocarcinoma do esôfago e neoplasia esofágica. Foram excluídos os pacientes que apresentavam registro duplo no banco de dados, devido ao estudo da biópsia endoscópica e da peça cirúrgica, assim como laudos inconclusivos e casos de adenocarcinomas, onde a lesão pudesse ter se originado na cárdia ou no estômago. À partir dos laudos dos exames anatomopatológicos foi realizada revisão dos prontuários e laudos endoscópicos, registrando-se os dados demográficos dos pacientes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No período de 20 anos identificamos 686 pacientes com diagnostico confirmado de CE. Em 640 (93,6%) o diagnóstico histológico foi CCE e em 46 (6,7%) AC. O diagnóstico de CE ocorreu em 522 homens: 489 (93,6%) com CCE e 33 (6,3%) com AC. Dentre 164 mulheres, 151 (92%) apresentaram CCE e 13 (7,9%) AC. O maior número de casos de CCE ocorreu entre 45-74 anos. A freqüência de AC aumentou a partir dos 45 anos, com maior número de casos entre os 60 - 74 anos,
Neste estudo encontramos uma alta prevalência de CEE, semelhante a estudo anterior conduzido no RS. No RS a taxa de mortalidade por CE é 14.3/100000 habitantes para os homens, mas pode chegar até 30,0/100000 habitantes em algumas micro-regiões. Estes números são muito mais elevados do que os observados nos outros estados brasileiros. O uso abusivo de álcool, tabagismo e consumo de chimarrão são fatores de risco para CCE. Outras áreas do mundo (USA e Europa) apresentam aumento exponencial de AC. Atribui-se esta tendência ao aumento da incidência da obesidade e ao aumento da prevalência da doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE). No RS, as taxas de obesidade são desconhecidas e estima-se em 30% a prevalência de DRGE, porém a comparação das freqüências anuais de AC esofágico, neste estudo, não sugere evidências que indiquem aumento mesmo.
CONCLUSÕES:
A prevalência de carcinoma de células escamosas do esôfago na região central do RS nos últimos 20 anos foi de 93,6 % e de adenocarcinoma esofágico de 6,7%. Não foi observada tendência ao aumento de adenocarcinoma como em outras regiões no mundo. A freqüência de CEE foi maior no sexo masculino, mas esta diferença não SAE observou diferença entre os sexos na frequência do adenocarcinoma. Neste estudo não foi observada tendência de aumento na freqüência anula do adenocarcinoma. Porém, como os fatores de risco, como obesidade e DRGE, vêm aumentando no Brasil, podemos especular que, no futuro, possa haver aumento nos casos de adenocarcinoma de esôfago.
Palavras-chave: Câncer de Esôfago, Adenocarcinoma, Carcinoma de Células Escamosas.