65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
ASPECTOS DA PRESERVAÇÃO DE INSETOS EM RESINA PARA COLEÇÕES DIDÁTICAS
Patxi Xabier do Amaral Alaña Capanaga - Depto. de Zoologia; LABtei - UFPE
Fernando Miguel da Silva - Depto. de Zoologia; LABtei - UFPE
Luciana Iannuzzi - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Zoologia; LABtei - UFPE
INTRODUÇÃO:
As coleções entomológicas didáticas são de grande importância para o aprendizado de alunos tanto do ensino superior quanto do ensino médio. Existem diversas técnicas de preservação de insetos, dependendo do tamanho, estágio de desenvolvimento e estrutura corporal do organismo. A falta de cuidado por parte dos estudantes em relação a materiais biológicos, particularmente material entomológico apresenta-se como um grande problema. Em coleções entomológicas convencionais, estruturas corpóreas mais frágeis como antenas, pernas e asas são facilmente danificadas, principalmente quando o manipulador do material não tem consciência de sua importância científica e por isso não toma os devidos cuidados para preservá-lo. A preservação de insetos há milhões de anos se deu de forma natural. Ao entrar em contato com artrópodes terrestres, a resina exudada de uma lesão causada na árvore forma um aglomerado de diversos materiais e organismos presentes no local. Após um processo de polimerização e fossilização, a resina se torna mais rígida, passando a ser um mineralóide, o âmbar. Dessa forma, o método de preservação de insetos em resina recria o âmbar e permite que os caracteres utilizados para diferenciar os principais grupos taxonômicos de insetos possam ser visualizados pelos estudantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar os benefícios da utilização da incrustação em resina como um método alternativo na preservação de material entomológico para coleções didáticas. Com esse método, pretende-se diminuir o esforço nas coletas para reposição de material e permitir que o estudante não sinta receio em analisar o material por medo de danificá-lo, tornando possível a observação do máximo de caracteres no espécime.
MÉTODOS:
Para a preservação de insetos em resina, as primeiras etapas da preparação do material são semelhantes à técnica usual de montagem de insetos para uma caixa entomológica. São utilizados alfinetes para prender o espécime na posição correta em uma placa de isopor que posteriormente é colocada em estufa para secagem, onde permanece durante 24 horas a uma temperatura de 45°C. Para a preparação da resina utilizam-se duas gotas de catalisador adicionadas a 25 ml de resina de laminação líquida. A primeira porção de resina preparada é utilizada para formar a camada basal no molde. Após a secagem da base, o espécime deve receber um banho de resina líquida e posteriormente ser colocado sobre ela. Dessa forma, o espécime fixa-se à base após a polimerização, impedindo que o mesmo flutue quando o molde for totalmente preenchido com a resina. Após três dias, o bloco é retirado do molde e segue-se a etapa de aplainamento do bloco com utilização de lixas e polimento com cera para polir pinturas em superfícies metálicas. Estas são as etapas que mais demandam tempo e também as mais importantes, pois tornam possível a visualização das estruturas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em insetos com exoesqueleto mais rígido, o método mostrou-se mais eficiente, ocorrendo diminuição ou ausência de bolhas na superfície corpórea. Superfícies mais rígidas estão menos sujeitas à contração, dessa forma, em geral os indivíduos pertencentes à ordem Coleoptera são facilmente emblocados e o resultado final torna-se melhor em comparação com indivíduos de corpo mais mole como dípteros e lepidopteros. Organismos de ordens como: Hemiptera, Hymenoptera, Mantodea, Neuroptera e Odonata também puderam ser emblocados sem grandes problemas. Um grande benefício dessa técnica é o fato de que ela permite que espécimes mortos em avançado estágio de decomposição, cuja massa interna já foi totalmente consumida, restando apenas o exoesqueleto sejam preservados e dessa forma o material não é perdido. Exúvias são de grande importância, pois possibilitam distinguir ordens e algumas famílias de insetos de maneira fácil, sendo assim a conservação delas se faz necessária e esse método de preservação mostrou-se bastante eficiente na conservação desse tipo de material. A preservação da cor é mais um ponto positivo para esta técnica. A cor se manteve mais aparente em insetos de cores vistosas como zigópteros e coccinelídeos emblocados em resina do que nos espécimes preservados da forma usual.
CONCLUSÕES:
Em relação às estruturas a serem analisadas, tanto as maiores, possíveis de visualizar à olho nu, quanto estruturas menores, que necessitam do auxílio de estereomicroscópio para serem observadas, continuaram visíveis mesmo após o emblocamento dos espécimes em resina. Além de aumentar o tempo útil do material biológico por torná-lo mais resistente à manipulação por parte dos estudantes, este método permite que a coleção possa ser transportada para a sala ou laboratório de aulas práticas de forma mais prática, além de reduzir o espaço necessário para armazenamento do material. Dessa forma, o método de preservação de insetos em resina mostrou-se adequado para a utilização em coleções didáticas. O uso deste método apresenta algumas desvantagens como: custo relativamente elevado do material (resina e catalisador) e tempo gasto para realizar todas as etapas. Essas desvantagens não representam grandes problemas, já que a maior durabilidade dos exemplares emblocados permite que não seja necessária a constante reposição de material e dessa forma o custo e tempo dispendido não se apresentam como problemas de grande significância.
Palavras-chave: Entomologia, Conservação, Métodos.