65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional
O CONTROLE ORGANIZACIONAL EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Anelise Schaurich dos Santos - Mestranda do PPGP - UFSM
Cláudia Maria Perrone - Profª. Drª/Orientadora - Depto. de Psicologia - UFSM
Diana Soldera - Acadêmica do curso de Psicologia - UFSM
Débora Caiaffo Ambros - Acadêmica do curso de Psicologia - UFSM
Gabriela Barbosa de Lima - Acadêmica do curso de Psicologia - UFSM
INTRODUÇÃO:
Deleuze propôs chamar de sociedade de controle a nova modulação do tecido social relacionada com a nova forma do capital e a sua mudança tecnológica. O poder perde o seu caráter hierárquico e torna-se disperso em uma rede planetária. Ele é ilocalizável porque está disseminado entre os nós da rede. Sua ação não é mais vertical, mas horizontal e impessoal. A verticalidade sempre foi associada à imagem de alguém: é o ícone que preenche o lugar do poder. A sociedade de controle é axiomatizada, as instâncias de poder estão dissolvidas entre os indivíduos, o poder não tem mais uma face.
O surgimento da sociedade de controle está relacionado com o surgimento do capitalismo pós-industrial, caracterizado pela predominância da economia do conhecimento em que o trabalho imaterial (ou seja, conhecimentos, tecnologias e serviços), de comunicação e informação predominam. A ênfase mudou da fábrica como local de produção para a emergência de formas imateriais ou baseadas em informações de produção e distribuição e com ela novas maneiras de lidar com dinheiro, lucros e seres humanos. Mais do que com lugares disciplinares, a sociedade de controle deu lugar à corporação, a “um espírito” que, sem forma específica, volume ou localização permanente, permeia toda a paisagem social.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Conhecer como o controle é experienciado atualmente nas organizações empresariais pelos sujeitos.
MÉTODOS:
Foram entrevistados três funcionários de instituições financeiras brasileiras. O instrumento de coleta de dados utilizado foi uma entrevista semi-estruturada, na qual se buscava investigar como o funcionário havia ingressado na instituição financeira, como era sua rotina de trabalho e o seu dia-a-dia fora da organização. Todas as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra. Além disso, foram realizadas análises de documentos e observações nos locais de trabalho dos participantes.
Utilizou-se o método do estudo de casos, uma vez que segundo Yin (2010), esse método permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real. De acordo com o autor, quanto mais as questões de um estudo procuram explicar alguma circunstância presente, mais o método do estudo de caso é relevante.
Esta pesquisa é caracterizada pela abordagem qualitativa, uma vez que para Sabadini, Sampaio e Koller (2009, p. 133) “nessa abordagem, os investigadores observam as pessoas e as interações, participam das atividades, entrevistam pessoas, conduzem histórias de vida ou estudos de casos e analisam documentos já existentes”. As entrevistas foram analisadas através na análise de conteúdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados aqui apresentados são parciais, pois a pesquisa ainda encontra-se em andamento. Entretanto, eles já indicam a passagem dos sujeitos por diferentes dispositivos de controle dentro das instituições financeiras, como aprovações em testes institucionais que auxiliam na conquista de promoções na organização, fato revelado por um dos participantes.
Todos os sujeitos entrevistados revelaram que trabalham mais horas do que está estipulado em seus contratos de trabalho. Eles também afirmaram que, muitas vezes, auxiliam na realização de atividades que não são de sua responsabilidade. Um deles relatou que, mesmo sem ser obrigado, ajuda no alcance de metas, as quais não soube dizer com confiança quem determina. Além disso, foi falado por todos o fato deles utilizarem a internet como forma de aperfeiçoar os conhecimentos bancários, devendo, muitas vezes, cumprir a carga horária de aulas, o que, por vezes, é feito na instituição e, por vezes, em casa.
Por fim, é importante destacar que os sujeitos revelaram estarem mais exigentes consigo mesmos. Isso pode ser explicado pelo fato de que a incerteza e a indeterminação produzidas a partir da erosão do controle externo são resolvidas através dos esforços de autoformação e autoafirmação.
CONCLUSÕES:
Diante do que foi exposto, pode-se notar que a descentralização do poder não fez com que a humanidade se sentisse menos controlada. Ao contrário, as pessoas estão constantemente em busca de algo que lhes falta, pois nesta sociedade nunca está bom o suficiente. Observa-se que o novo poder possui um caráter de opacidade para os sujeitos, que acabam por realizar uma gestão da vida a partir do universo organizacional, indicando que este novo poder legitima sua influencia em esferas da vida para além do trabalho.
Palavras-chave: Sociedade de Controle, Controle Organizacional, Comportamento Organizacional.