65ª Reunião Anual da SBPC

B. Engenharias - 1. Engenharia - 8. Engenharia Elétrica

UTILIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO COMO FERRAMENTA PARA GERAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ESTADUAIS

Letícia Cristina da Silva Barata - Faculdade de Engenharia Elétrica – UFPA Rogério de Diogne de Souza e Silva - Orientador – Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica – UFPA Maria Emília de Lima Tostes - Profa. Dra/Orientadora - Faculdade de Engenharia Elétrica – UFPA

INTRODUÇÃO:

O planejamento energético consiste na identificação das fontes primárias de energia mais adequadas em relação aos aspectos econômico, social e ambiental, além de identificar as tecnologias de uso final mais eficientes quanto ao consumo de energia. O planejamento energético é de grande relevância como ferramenta no auxílio à tomada de decisão no âmbito público e privado. No setor público é utilizado para a previsão da capacidade de oferta e demanda de energia no país, além da identificação da diversidade da matriz energética deste país, e a partir destas informações planejar a execução de obras de infraestrutura para o atendimento da demanda prevista. Quanto ao setor privado, sua relevância é mais evidente no setor industrial, onde a utilização da energia nas formas elétrica e térmica são mais intensas, e representam grande parte do custo final de produção. O estado do Pará, não possui uma base de dados consolidada sobre oferta e consumo de energia, ou seja, um balaço energético estadual, e os dados nacionais (Balanço Energético Nacional) não apresentam informações regionais relevantes. Neste contexto, este trabalho apresenta resultados de pesquisa realizada com intuito de evidenciar o quanto o planejamento energético pode ser útil nas ações de desenvolvimento econômico regional.

OBJETIVO DO TRABALHO:

O objetivo deste trabalho é apresentar propostas de políticas públicas para o setor de energia, através do planejamento energético de arranjos produtivos locais. Especificamente, objetiva-se apresentar um modelo de balanço energético estadual, com informações de produção e uso final de energia correlacionadas com dados ambientais e socioeconômicos, como instrumento de desenvolvimento sustentável.

MÉTODOS:

A metodologia consistiu na pesquisa de dados em campo e na coleta em bases de dados consolidadas, para a geração de indicadores, através da correlação dos dados coletados. Optou-se como objeto de estudo um arranjo produtivo local de produção de Cerâmica Vermelha, localizado no município de São Miguel do Guamá, no estado do Pará, onde se realizou a coleta de dados de produção e uso final de energia em onze indústrias produtoras de cerâmica vermelha (tijolos e telhas). Coletou-se também, informações de produção e consumo de energia e indicadores socioeconômicos em bases de dados consolidadas nacionais e estaduais, tais como: Balanço Energético Nacional 2011 e 2012 (anos base 2010 e 2011 respectivamente) disponibilizado pelo Ministério de Minas e Energia, base de dados socioeconômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico (SIGEL) da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Estatística Municipal – Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará – IDESP, utilizou-se também relatórios da Confederação Nacional das Indústrias-CNI, Federação das Indústrias do Pará – FIEPA, Associação Brasileira de Cerâmica – ABCERAM e a Associação Nacional da Indústria Cerâmica – ANICER.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A cerâmica vermelha é um setor relevante no estado do Pará, sendo contabilizado em 2006 pela RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), 202 indústrias com 3.387 empregos diretos. Destaca-se o município de São Miguel do Guamá, sobretudo por atender a demanda da região metropolitana de Belém, pois se localiza a 150 km desta. O processo industrial é caracterizado pela utilização da energia nas formas térmica e elétrica. Com a pesquisa realizada, constatou-se que no município de São Miguel do Guamá, 52,23 % da eletricidade é consumida pelo setor industrial, composto apenas por indústrias do setor cerâmico. Realizou-se a análise do uso final de energia das etapas do processo que utilizam eletricidade, resultando na identificação da relevância dos motores elétricos, com 99,07 % de participação no consumo de eletricidade. A energia térmica é utilizada nas etapas de secagem e queima. Atualmente a biomassa é o principal combustível utilizado para a produção de calor nas indústrias do município. Os tipos de biomassa utilizados são: serragem, caroço de açaí, ouriço da castanha-do-pará e fibra de dendê; sendo a serragem e o caroço de açaí as mais utilizadas. Constatou-se a possibilidade de aproveitamento do calor do forno na etapa de secagem, reduzindo o tempo desta etapa em 12 horas.

CONCLUSÕES:

A energia é um insumo fundamental para muitos processos, a redução do consumo de energia nas formas elétrica e térmica resultará em redução de custo de produção e consequente aumento da competitividade e desenvolvimento regional, e redução de custos sociais. A participação do estado e demais organizações do setor industrial, deve priorizar a realização anual de um Balanço Energético Estadual. Sugere-se, a elaboração de políticas públicas para o incentivo sobretudo da cogeração de energia, consumo eficiente de eletricidade e utilização de biomassa oriunda de resíduos de processos agro industriais regionais, como o caroço de açaí, bagaço de dendê, serragem, entre outros, pois reduzirão significativamente o custo de produção, bem como o aumento da utilização de uma matriz energética renovável. As políticas públicas de incentivo devem-se basear na redução de impostos municipais e estaduais para as indústrias que atenderem a regulamentação de uso eficiente de energia proposta, estabelecendo-se um indicador base de consumo específico, ou de eficiência energética. A redução do consumo de energia térmica ou elétrica, bem como a utilização de resíduos de processo para a geração de energia, reduzem a emissão de gases estufa, contribuindo com a sustentabilidade ambiental dos processos.

Palavras-chave: Planejamento Energético, Cerâmica Vermelha, Eficiência Energética.