65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
FATORES ABIÓTICOS INFLUENCIANDO O DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO DE Podisus nigrispinus (HETEROPTERA: PENTATOMIDAE): UM PREDADOR DO CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO, Alabama argillacea (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE).
Elaine Martins Barbosa - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Hafez Kallout - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Adeniara Moane Felipe - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
Débora Macedo Paronetto - Instituto Federal Goiano – Câmpus Urutaí
INTRODUÇÃO:
Os insetos são influenciados por vários fatores ecológicos, entre eles o fotoperíodo, levando-os a mudanças comportamentais e caracterizando os diferentes padrões relativos as suas atividades. Dentre essas, de acordo com BECK (1968), incluí-se a locomoção, alimentação, emergência, acasalamento e oviposicão. O fotoperíodo é um fator geofísico de considerável atenção, pois é um dos fatores ecológicos que pode interferir na evolução dos insetos sob os pontos de vista ecológicos, fisiológicos, morfológicos e de adaptação comportamental. O conhecimento sobre a influência de fotoperíodos na fisiologia dos insetos predadores, atuando como fator isolado, pode fornecer dados importantes para o desenvolvimento de técnicas de criação de predadores em laboratório (ARGOLO et al. 2002).
Condições de dias curtos proporcionam reduções nas taxas de crescimento de algumas espécies de insetos e quando atuando conjuntamente com temperaturas baixas ocasionam a hibernação (SHIMIZU e KAWASAKI, 2001; HE et al., 2004). Informações sobre a influência de fotoperíodos nas respostas funcionais de percevejos predadores do gênero Podisus são consideradas incipientes, principalmente, provenientes de regiões tropicais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Por este motivo, realizou-se a pesquisa a fim de avaliar o efeito de fotoperíodos no período de desenvolvimento e taxa de crescimento de P. nigrispinus, tendo como presa lagartas de A. argillacea.
MÉTODOS:
O predador e a presa utilizados foram obtidos da criação de manutenção da Unidade de Controle Biológico da Embrapa Algodão, Campina Grande, Paraíba, Brasil, de acordo com a metodologia descrita por MEDEIROS et al. (2004). Essa criação é mantida em sala climatizada a 26±1°C, umidade relativa do ar de 70 ± 10% e sob 12 h de luz.
O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, sendo os tratamentos constituídos dos fotoperíodos: 10L:14E; 11L:13E; 12L:12E; 13L:11E; 14L:10E; 15L:9E e 16L:8E horas, a 28±1°C, umidade relativa do ar de 70±10%. Os tratamentos foram distribuídos em 10 repetições, sendo cada unidade experimental composta por 10 ninfas.
Após a emergência dos adultos, os percevejos foram sexados pela morfologia externa da genitália e tamanho do corpo. Posteriormente, utilizando-se um paquímetro, mediu-se o diâmetro do pronotum de cada percevejo adulto. Diariamente, foram quantificados a duração de cada estádio. Para se avaliar a taxa de crescimento de ninfas foi utilizada a seguinte fórmula: Tc= (largura do pronotum da ninfa)/(período de desenvolvimento ninfal em cada fotoperíodo) (NAKAMURA, 2003).
Os dados foram submetidos a análises de variância (procedimento GLM, SAS INSTITUTE INC., 2006) e as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls (P= 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados obtidos evidenciaram que a influência do fotoperíodo no desenvolvimento de P. nigrispinus depende do seu estádio de desenvolvimento (F= 3,54; P> 0,001). O período de desenvolvimento de toda a fase jovem de P. nigrispinus variou entre 16,23 dias (14 horas) a 19,69 dias (16 horas). Independente do fotoperíodo, o quinto estádio foi aquele que apresentou maior tempo de duração, exceto para o fotoperíodo de 15 horas, onde constatou-se que o segundo estádio também foi prolongado (4,13 ± 0,28 dias).
A respeito do período de desenvolvimento em cada estádio, não houve um padrão direcional entre as taxas de desenvolvimento dos predadores e o comprimento do dia. De acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa, não foi constatada uma relação linear entre o fotoperíodo, o período de duração dos estádios de desenvolvimento e de toda fase ninfal de P. nigrispinus. Respostas não direcionais entre tempo de desenvolvimento e fotoperíodo também foram constatadas nos percevejos predadores Geocoris lubra (Heteroptera: Geocoridae) (MANSFIELD et al., 2006) e G. punctipes (RUBERSON et al., 2001).
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, verificou-se que as durações de desenvolvimento deste inseto variaram em cada estádio, de acordo com o fotoperíodo submetido ao predador. Fotofases intermediárias proporcionaram superiores taxas de desenvolvimento e crescimento para ninfas de P. nigrispinus.
Palavras-chave: Controle biológico, Presa, Peso corpóreo.