65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
Estudo do impacto de inovações em uma comunidade rural do agreste pernambucano
Eduardo Pierre da Silva - UAG/UFRPE
Alberto Einstein Pereira de Araujo - UAG/UFRPE
INTRODUÇÃO:
O homem do campo enfrenta diariamente diversos obstáculos durante a execução de suas atividades, deparando-se constantemente com adversidades bastante peculiares, que exigem maestria em sua resolução. Para superar tais adversidades é necessário a busca por inovações, que possam viabilizar o aumento da produtividade e a qualidade de vida dos envolvidos. Isso pôde ser bem observado depois da implantação da “revolução verde”, onde o país iniciou uma profunda modernização em seu setor agrícola, conglomerando diversas medidas técnicas (utilização de sementes melhoradas, fertilizantes químicos, defensivos e mecanização agrícola), que apresentaram resultados rápidos, na medida em que aumentaram sua produção, melhorando dessa maneira, os saldos de suas colheitas (Fleischfresser, 1988). Partindo de uma comunidade uma tradicional, buscaremos observar as inovações presentes nas tarefas campesinas de seu cotidiano, apontando mediante níveis de modernização sua relação com o desenvolvimento local, com a qualidade de vida e com a produtividade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar parâmetros que definissem uma comunidade rural tradicional e estudar como inovações podem ter reflexo sobre a melhoria da produtividade dessa comunidade.
MÉTODOS:
Através de uma prévia seleção, tentou-se escolher uma comunidade onde a agricultura tradicional fosse mais evidente, considerando o desemprego de inovações. Isso sobreveio na comunidade Tabocas no município de Brejo da Madre de Deus, localizado no Planalto da Borborema do Semiárido Pernambucano. Entrevistaram-se três agricultores, agricultor 1 com cultivo de milho, agricultor 2 com cultivo de mamão, e agricultor 3 com cultivo de feijão, estes escolhidos caracterizavam-se tradicionais mediante os parâmetros utilizados na pesquisa. Para identificar a tradicionalidade do manejo utilizamos o desuso de implementos, defensivos, sementes melhoradas e técnicas específicas de manejo. Foram examinados suas técnicas, implementos e insumos utilizados em suas atividades, bem como, a distribuição de suas lavouras. A partir dessas observações foram instituídos parâmetros que possibilitaram a caracterização dessa comunidade quanto o grau de modernização, para então criarmos conexões tendenciais com os resultados das ações dos membros avaliados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O desuso de técnicas, insumos e implementos que corriqueiramente são utilizados na agricultura convencional foi comum aos agricultores 1 e 2 sendo o agricultor 3 levemente á frente dos demais no emprego de “inovações”. Observou-se a ocorrência de perdas significativas ao longo dos tempos, podendo destacar as causadas pela ausência de quaisquer sistemas de irrigação, preparo prévio do solo, e defensivos. Razões financeiras e predominantemente culturais foram as explicitadas pelos agricultores para justificar a falta de modernização, estes se mostraram avessos a implantação de um novo modelo de agricultura, por razões bastante intrínsecas (inexistência do custo benefício, agressão ao ecossistema agrícola). Contudo, admitiram resoluções pontuais com a utilização eventual de algum tipo de inovação. Todos os agricultores avaliados e suas respectivas culturas apresentaram produtividade abaixo da média brasileira, sendo relatados os seguintes números: Mamão 21 t/ha/ano, sendo a média nacional 60 t/ha/ano GIACOMETTI & FERREIRA (1988) milho 1800 kg/ha, sendo a média nacional 3.255 kg/ha CRUZ et al. (2008) e o feijão 300 kg/ha, quando a média nacional é de 600 Kg/ha BULISANI et al. (1990), salientando a satisfação de todos, apesar dos seus referentes dados de produtividade.
CONCLUSÕES:
Efetivamente houve um impacto quantitativo na produtividade, onde a agricultura tradicional foi executada, podendo ser observado que falta de subsídios não foi a única causa dos saldos relativamente negativos, concomitantemente explicitou-se que o manejo inadequado, reflexo do desuso de inovações (implementos, defensivos etc.) contribui significadamente para a discrepância dos resultados comumente obtidos na comunidade. O uso esporádico de algum tipo de inovação mostrou-se eficiente quando empregado, contornando ocasionalmente o empecilho preterido. Entretanto, a modernização esbarra na cultura conservadora dos atingidos, revelando-se estes satisfeitos com os resultados enumerados.
Palavras-chave: Inovação, Produtividade, Manejo.