65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
TRABALHADORES AGRÍCOLAS EXPOSTOS AOS AGROTÓXICOS: VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL EM UMA REGIÃO DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÃO PAULO, BRASIL
Elizabeth Regina de Melo Cabral - Doutoranda em Saúde Coletiva, DSC - FCM/UNICAMP
Herling Gregorio Aguilar Alonzo - Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Saúde Coletiva - FCM/ UNICAMP
INTRODUÇÃO:
A temática ambiental, um dos pilares da Vigilância em Saúde, possibilita construir indicadores que identificam grupos populacionais em situação de vulnerabilidade, dentre eles os trabalhadores agrícolas. O Brasil é considerado o líder mundial de consumo de agrotóxicos e na agricultura, a utilização destes produtos é intensiva e multiquímica, e os problemas gerados pelo uso indiscriminado são relatados em escassas literaturas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever o processo de vigilância em saúde ambiental local aos trabalhadores agrícolas, com exposição aos agrotóxicos.
MÉTODOS:
Realizado, no ano de 2011, um estudo descritivo transversal, em uma região do município de Campinas, São Paulo, Brasil. Adotou-se uma estratégia que, para cada atividade da pesquisa, a equipe de saúde local trabalharia em conjunto a pesquisadora, atuando como multiplicadores e promovendo a sensibilização, dentro dos pressupostos da saúde ambiental, gerenciando as ações de vigilância por meio de avaliações dos resultados desta pesquisa. A proposta foi intimamente vinculada à percepção do trabalho integrado e articulado entre a equipe de saúde e a compreensão da questão “exposição aos agrotóxicos”, que está presente nas ações de vigilância em saúde a nível nacional.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Proporcionou-se uma conversa com o distrito e o centro de saúde da região estudada, onde foi abordado o tema saúde ambiental e populações com exposição aos agrotóxicos. A unidade de saúde rural não possuía o número de propriedades e de trabalhadores agrícolas. Como não existe uma cooperativa ou sindicato rural atuante para o território, foi criada uma ficha de cadastro para os estabelecimentos agrícolas e outra para os trabalhadores. Foi realizado um arrolamento no território, para cadastrar os estabelecimentos. Contabilizou-se um total de 36 estabelecimentos e 243 trabalhadores agrícolas distribuídos nas propriedades. Participaram das entrevistas 205 trabalhadores. Percebeu-se que houve dificuldade para reconhecer e manejar casos de intoxicações por agrotóxicos e também de difundir orientações, visando prevenir ou reduzir os efeitos a exposição aos agrotóxicos. Além dos resultados descritivos sobre o perfil de saúde desta população, foi pactuada uma parceria entre o Centro de Saúde e a Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral, para estimular a discussão de uma mudança no modelo de produção agrícola, em uma abordagem integrada com a área de saúde do trabalhador e com profissionais de extensão rural.
CONCLUSÕES:
Para criar redes de comunicação, é necessária a participação pró-ativa da equipe de saúde, para evitar resistências de proprietários e/ou trabalhadores. O tema população com exposição aos agrotóxicos deve entrar na pauta de reunião da equipe. É necessário que haja uma agenda e interlocução de pesquisas e políticas de saúde, que visem um desenvolvimento mais sustentável, buscando uma integração transversal entre diversos setores da saúde coletiva, educação e do setor agrícola, para as ações de vigilância em saúde e para a proteção da saúde dos trabalhadores e da população.
Palavras-chave: Vigilância de população específica, Trabalhadores Rurais, Agrotóxicos.