65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

ENSINO DE QUÍMICA EM LABORATÓRIO: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE REAÇÕES QUÍMICAS

Cleonice Puggian - Profa.Dra./Orientadora – Mestrado em Ensino, UNIGRANRIO / Educação, UERJ Zenildo Buarque de Morais Filho - Profo.Dr./Co-orientador – Química, FAETEC Cristiane Vieira Nunes Barbosa Lopes - Profa./Mestranda em Ensino de Ciências na Educação Básica, UNIGRANRIO e FAETEC

INTRODUÇÃO:

Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação sobre o ensino de química em laboratório, relatando as potencialidades de uma proposta metodológica que orienta a elaboração e execução de um conjunto de atividades práticas sobre o tema reações químicas organizados em dois roteiros. A pesquisa justifica-se pela necessidade de integrar teoria e prática em laboratório e pela escassez de propostas práticas que apresentem uma visão mais ampla sobre o tema reações químicas. O referencial teórico apoia-se nos trabalhos de Borges (2002), Maldaner (2006), Galliazzi (2001) e Zanon (2010), que apontam o potencial das atividades experimentais e suas relações com o planejamento e os objetivos do ensino das ciências. Alinha-se aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que destacam a importância das atividades experimentais na educação básica, alertando para a necessidade de dinamizá-las, evitando abordagens superficiais, mecânicas e repetitivas. Segundo os PCN é essencial que tais atividades não fiquem restritas a procedimentos experimentais descritos na forma de receituário, mas permitam momentos de estudo, reflexão e discussão teórica e prática (BRASIL, 2006).

OBJETIVO DO TRABALHO:

Os objetivos deste trabalho foram: 1) desenvolver uma proposta para o ensino de reações químicas em laboratório; e 2) investigar as concepções de um grupo de professores sobre esta proposta, construindo colaborativamente uma abordagem capaz de articular teoria e prática em laboratório e oferecer possibilidades de execução e planejamento mais adequadas à educação básica.

MÉTODOS:

A metodologia da pesquisa foi qualitativa, de caráter exploratório. Elegemos como participantes oito professores de química e cerca de setecentos alunos da segunda série do ensino médio de uma escola técnica da cidade do Rio de Janeiro, que atende cerca de três mil alunos. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas com professores, que foram gravadas e tiveram duração de cerca de uma hora e meia. Posteriormente, as gravações foram transcritas, categorizadas e os dados analisados e discutidos. O eixo norteador desta coleta de dados foi a implementação e análise de uma proposta metodológica que orienta a elaboração e execução de um conjunto de práticas de laboratório sobre o tema reações químicas, organizado em dois roteiros. O primeiro envolvendo reações na ausência de água e o segundo, reações em meio aquoso. Os roteiros e a proposta metodológica foram apresentados aos professores e executados no primeiro trimestre de 2011.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A partir das entrevistas com os professores que utilizaram os roteiros referentes à proposta metodológica, foi feita a análise dos resultados de acordo com a categorização dos dados, explorando aspectos tais como expectativas iniciais, conteúdos abordados nas aulas, considerações sobre a proposta metodológica, aspectos positivos e dificuldades na execução. Os professores declararam que o receio inicial quanto à quantidade de experimentos, perguntas e informações, em relação ao tempo da aula e o desconforto em função do tipo de abordagem do tema reações químicas, foram dissipadas logo nas primeiras aulas com os alunos. Também relataram que, em função do planejamento que foi feito e do formato do relatório (com as perguntas direcionadas, inseridas e distribuídas ao longo da prática), a proposta teve êxito e o tempo destinado foi adequado. Sendo assim, foi possível abordar além dos conceitos envolvidos em reações de combustão e oxirredução, por exemplo, outros assuntos subjacentes a esse tema, tais como soluções, termoquímica e cinética , além de resgatar conteúdos como funções químicas e ensaio de chamas na mesma aula em laboratório, possibilitando uma visão mais global e menos fragmentada do assunto, o que para eles, foi uma novidade, um diferencial na proposta metodológica. Alguns relataram que sentiram falta de um manual contendo os procedimentos da prática, além disso, a ausência de um técnico de laboratório na escola causou dificuldades na preparação da prática.

CONCLUSÕES:

Os resultados deste trabalho indicam que este tipo de abordagem configura-se como uma alternativa à condução de atividades experimentais em laboratório, contribuindo com uma prática mais adequada aos objetivos do ensino da química na educação básica e para uma visão mais formativa e menos fragmentada dessa ciência. Esperamos que os resultados dessa pesquisa propiciem reflexões sobre a necessidade de reformulação na condução de aulas práticas na educação básica, além de proporcionar uma mudança das concepções dos professores em relação à execução de aulas práticas. Também esperamos que seja possível auxiliar os mesmos na elaboração e planejamento dessas atividades e que esta metodologia contribua tanto para a formação inicial quanto para a formação continuada de professores.

Palavras-chave: Experimentação, Educação básica, Formação de professores.