65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional
ESTUDO DA CONCORRÊNCIA ENTRE OS PRODUTOS BRASILEIROS E OS PRODUTOS CHINESES NO MERCADO INTERNO BRASILEIRO
Heitor Caixeta Mesquita - Estudante do curso Técnico em Administração do IF Goiano campus Urutaí
Pedro Luiz Costa Carvalho - Prof.: IF Goiano campus Urutaí
INTRODUÇÃO:
Trilhando o caminho para se tornar uma superpotência mundial, a China anda a passos largos como nenhuma outra nação neste planeta. De acordo com Giovanni Arrighi no livro Adam Smith em Pequim, há nas configurações geopolíticas atuais um declínio do poder hegemônico dos Estados Unidos e simultaneamente uma ascensão da China nesse quesito.
Porém, apesar de tanta grandiosidade e dinamismo econômico, ainda perduram queixas sobre as políticas econômicas adotadas pelo governo chinês. Dente as reclamações estão acusações de entidades de direitos humanos, que afirmam que os trabalhadores chineses enfrentam várias horas de trabalho pesado e recebem baixos salários, além do próprio governo chinês, que é acusado de subsidiar os seus produtores, além de fazer a chamada manipulação cambial, desvalorizando sua moeda para fazer o preço final de seu produto cair, ou seja, cometendo dumping.
E o dumping chinês é o objeto de estudo do presente trabalho. Analisando a influência do yuan no preço final do produto chinês dentro do mercado brasileiro, de forma a alcançar uma conclusão sobre a influência do governo chinês sobre o seu câmbio para que seus produtos fiquem com preços reduzidos no mercado internacional, dando enfoque, claro, aos produtos chineses que penetram no mercado brasileiro.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo analisar a concorrência entre os produtos chineses e os produtos brasileiros no mercado interno brasileiro.
MÉTODOS:
O presente trabalho adotará como concepção metodológica a pesquisa qualitativa através da realização de um estudo exploratório. Conforme relata Malhotra (1993) a pesquisa com dados qualitativos é a principal metodologia utilizada nos estudos exploratórios e consiste em um método de coleta de dados não-estruturado, baseado em pequenas amostras e cuja finalidade é promover uma compreensão inicial do conjunto do problema de pesquisa.
Com relação a coleta dos dados, estes serão coletados a partir, inicialmente, de fontes secundárias tais como: livros, dissertações, teses, informações jornalísticas, informações de órgãos governamentais, artigos científicos, revistas e sites de órgãos públicos, privados e secretarias. Os dados a serem pesquisados englobam informações sobre concorrência entre os produtos chineses e brasileiros no mercado interno brasileiro. Caso os meios secundários não sejam suficientes serão feitas entrevistas nos setores que trabalham diretamente com essas informações tais como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP –, o Conselho Nacional da Indústria e o Setor de Política Cambial do Ministério da Fazenda.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pelo menos metade das empresas brasileiras já registrou forte concorrência com importados chineses. A concorrência desleal seria conseqüência da manipulação cambial sobre o Yuan, que seria tanto verdade, que o ex-chefe do FMI Strauss-Kahn afirmou que a moeda chinesa precisa de uma valorização para equilibrar a economia mundial, e o Brasil já registrou queixas contra a China na OMC por subsídios. Além disso, Brasil lançou investigações antidumping contra produtos da China, que mostram que 6/17 processos em curso, e 7/12 encerrados, envolvem exportadores do país asiático, que resultaram em medidas antidumping por parte do Brasil.
Na balança comercial dos últimos anos, notamos que 76% dos produtos importados da China são manufaturados e que houve aumento no volume importado de cereais. A agropecuária registrou os melhores saldos, e a indústria de transformação, os piores.
No 18° Congresso do Partido Comunista Chinês, a abertura da economia chinesa ficou em segundo plano, sendo frisada apenas por Hu Jin Tao que afirmou que a China deve resolver suas relações com o mercado, e defendeu a abertura econômica chinesa, o que para nós, significa uma maior flutuação do yuan. Porém, segundo Michael Pettis, isso não ocorreria devido a um lobby do setor exportador chinês.
CONCLUSÕES:
Como podemos observar nos resultados, pelo menos metade das empresas brasileiras já sentiram os efeitos da concorrência chinesa no mercado brasileiro. Dados extras da Confederação Nacional da Indústria ainda indicam que empresas nacionais estão buscando meios de produzir em solo chinês. Dessa forma, com todas as acusações sobre a China e sua política cambial é razoável imaginar que a desvalorização artificial do Yuan seja um dos principais responsáveis pela concorrência desleal dos produtos asiáticos no Brasil.
Apesar de a balança comercial sino-brasileira apresentar números favoráveis para o Brasil, a maior vantagem brasileira é na venda de commodities para o país asiático. Na indústria de transformação, a China provoca um enorme déficit nas contas brasileiras, justamente os produtos que cometem dumping no nosso mercado interno.
Palavras-chave: Brasil, China, Competição.